E aconteceu que...

E aconteceu que entrando no metrô em uma tarde não convencional, nada de segunda ou terça-feira, era já a sexta-feira, não muito cheio e com algumas cadeiras vagas; Ao passar duas estações entra um jovem vitimado pela vida por uso de drogas e recuperando em uma casa de recuperação o mesmo tentava vender seus objetos para arrecadar algum fundo visando manter a obra para continuar o tratamento e ajudar

seus companheiros.

Não lembro seu nome, pois ouvia músicas no fone de ouvidos, só lembro que ele fazia um discurso no qual falava de Jesus, da casa de recuperação e de seus produtos, ao mesmo tempo entregava para quase todas as pessoas do vagão seus objetos, com muito carisma e confiança o rapaz continuava seu discurso de agradecimento a obra que fazia, pois foi onde encontrou apoio para seu problema.

Passando três estações ainda discursando o jovem foi impedido de continuar dentro do trem por um segurança da estação que grosseiramente tirou o moço e o trem partiu, deixando assim os seus produtos nas mãos das pessoas no qual fazia sua propaganda. Fiquei irritado com aquela situação, naquele momento pensei em fazer alguma coisa, quando olhava para as pessoas sentia um tom de:"o que vou fazer com isso?", alguns pareciam gostar da situação, já que tinha a oportunidade de não precisar pagar por um marca-texto, um folheto com telefone, endereço e uma mensagem cristã;

Ao chegar na próxima estação, era a que eu desceria, vi ali alguns seguranças da estação, pensei em falar com eles do ocorrido ou com algum responsável pelo setor, mas vi que era em vão, mesmo assim levei o objeto e fiquei pensando no que faria com aquilo, se usava ou ligava no telefone que tinha no cartão para devolvê-lo. Mas o que mais me preocupava não era isso e sim a falta de educação do segurança, fiquei imaginando se esta realmente era a função dele, de impedir que as pessoas sigam em frente.

Fiquei imaginando que este fato deve ocorrer todos os dias em vários lugares e com muitas pessoas, inclusive tentei lembrar se já teria ocorrido algo parecido comigo antes, mesmo em outra situação. Parando pra refletir lembrei das formigas, poderia lembrar de algo mais interessante, mas porque as formigas não seria uma comparação útil? Então lembrei de uma vez que ainda criança uma formiguinha tentava levar um pedaço de folha até a sua casinha que era um buraco no chão, só que eu a impedia diversas vezes dela chegar ao lugar que ela queria e pegava o pedacinho de folha e colocava lá atrás, mas a formiga era insistente, ela não desistiu do seu pedacinho de folha e sempre voltava atrás para pegá-lo. Então depois de tanto brincar com o pobre animal eu deixei ela entrar e não conseguir mais identificar no meio de tantas formiguinhas lutando na construção e manutenção do seu lar.

Foi aí que percebi que as pessoas não podem parar, que os fortes são aqueles que voltam várias vezes no mesmo lugar da frustração para realizar seus objetivos e que as crianças um dia enjoam da imaturidade e quando olham para trás percebe que não deveria ter feito tantas coisas, mas eram crianças e verás que terá que passar pelas mesmas coisas para crescer, pois a vida é um aprendizado, quem já está na prova está um passo ou mais a frente e quem tenta provar pode nem ter começado o ciclo ainda.

Há muitas crianças mais velhas do que eu.

Baseados em fatos reais

Darlan Leal

Darlan Leal
Enviado por Darlan Leal em 26/02/2014
Código do texto: T4707589
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