Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte os separe. Durante os 66 anos em que viveram juntos, Ari Pires Uberti e Eva Degliomini Uberti prometeram um para o outro que cumpririam para sempre a promessa feita diante de Deus. E foi o que fizeram.
O casal morreu em 16 de dezembro, quatro dias após completar as bodas de Ébano, que marcam 66 anos de casamento.
— Sempre ouvíamos eles falarem que um não viveria sem o outro, e pediam que, quando chegasse a hora, Deus os levasse juntos — conta a neta Priscila.
Natural de Jaguari, Ari casou-se com Eva, nascida em Rosário do Sul, em 1947. Na época, ela tinha 15 anos e ele, 17 anos. Jovens para o casamento, houve quem acreditasse que a união não duraria muito tempo. Segundo familiares, o casal enfrentou algumas barreiras e ouviu muitas críticas, mas decidiu enfrentar as dificuldades.
Viveram em Santa Maria por cerca de 17 anos. Mudaram-se para Viamão, onde estabeleceram-se com a família no bairro São Tomé. Faziam questão de reuni-los aos domingos e em datas comemorativas. Ari era pintor e Eva doméstica e costureira. Ele tinha como hobbies jogos de tabuleiro e de cartas com os filhos e amigos, enquanto ela se dedicava a fazer artesanatos.
Em 2009, Ari sofreu um acidente vascular cerebral e estava de cama há quatro anos. Percebendo que seu marido precisava de ajuda para se movimentar e se alimentar, Eva não se conformou em vê-lo doente. Ajudava-o como podia, mas, por conta da idade, ficou dependente de cadeira de rodas havia um ano. Para auxiliar o casal na residência, a filha Marisa e o genro Valdoir passaram a se dedicar a cuidar deles.
Ari e Eva foram internados respectivamente em 7 e 10 de dezembro. Morreram no mesmo dia, com 2h15min de diferença, devido a problemas de saúde. Foram velados e sepultados juntos, como desejavam. Segundo a família, a união era tão forte que nem a morte conseguiu separá-los. Ari, 85 anos, e Eva, 82 anos, deixam seis filhos, 21 netos, 30 bisnetos e seis trinetos.