A INVEJA ENTRE AS MULHERES
Durval Carvalhal
A inveja é antiquíssima, vem de longe, começou com Caim matando Abel, pelo fato de a oferenda de Abel ter sido mais agradável aos olhos divinos. Depois desse primeiro assassinato da Humanidade, o vírus da inveja inoculou definitivamente o organismo humano, para gáudio, prazer e orgulho do satanás, como quis São Tomaz de Aquino.
A inveja é uma mistura de ódio, de inconformismo e de desgosto em face do sucesso, das virtudes e das posses de outra pessoa. Acredita-se que ela é generalizada, atingindo homens e mulheres e passa por um processo de evolução. Só que o homem não é explícito, porque o invejoso é muito sutil, sutilíssimo. Utiliza-se de falsos elogios e sarcasmos para cobrir seu mal estar. Diz a psicologia que o invejoso não quer ter o que você tem; na verdade, ele não quer que você tenha o que tem.
Por outro lado, a mulher é um ser mais competitivo por natureza, e começa cedo, em casa, quando a garotinha ensaia usar os calçados e a maquiagem da sua mamãe. A inveja feminina é explícita, escrachada, conhecida, mais comentada, mais espantosa, além de perigosa, exatamente porque o fenômeno da inveja anda de mãos dadas com a maldade, formando uma dupla infernal, podendo chegar a casos extremos, cuja pessoa invejosa vive a tramar a infelicidade da pessoa invejada. Invejar é tido como pecar mortalmente, porque a invejosa despe-se de todas as roupas da ética e da sensatez para satisfazer seu instinto de vingança.
Costuma-se dizer que mulher não gosta de outra mulher. Uma é ameaça para a outra. Mulher bonita e inteligente terá inapelavelmente um leque de rivais em todos os campos da vida, do amoroso ao profissional. Tem-se a invejosa como um diabo disfarçado de saia para devorar e destruir sua vitima. É um sentimento tão torpe e vergonhoso que ninguém tem coragem de confessá-lo e nem exibir seu troféu. Esse sentimento de ódio é um atormentador da existência humana; um vírus que estraçalha a mente e terrifica a alma.
As próprias mulheres confessam que se embelezam primeiramente para atrair olhos femininos; depois, para si mesmas e, por final, para encantar os homens. Elas gostam de ser assim. Sentem inveja de tudo: do vestido, do cabelo, do perfume, do companheiro, das posses, da cultura, da inteligência, de tudo que a outra tem e ela não tem, ou o tem em pouca dose.
Assim, o brilho que ofuscar poderá ser a causa mortis, como aconteceu com o vaga-lume, que de tanto brilhar, foi abocanhado pela inveja da serpente venenosa.