IPODES, IPHONES, IPADS... CONSTRUÍDOS POR ESCRAVOS CHINESES
Péssimas condições de trabalho, má remuneração e exploração da mão de obra infantil levam milhares de trabalhadores à escravidão nas fábricas da Foxconn, na China.
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Vivemos a era digital surpreendente em seus múltiplos produtos tecnológicos, a cada passo mais sofisticados e atrativos. A era dos iPods, iPhones, iPads e diversos outros gadgets.
Quando, ao adquirir um destes produtos, raramente o consumidor questiona a legitimidade de suas origens: quem são os trabalhadores que os constroem até chegar ao mercado de venda, e quais as condições de trabalho que estes são submetidos.
O monologuista Mike Daisey, em seu monólogo "A Agonia e o Êxtase de Steve Jobs" (2012), descreve, numa suposta visita as fábricas da Foxconn, que, se passando por um cliente potencial, usando de técnicas investigativas, consegue adentrar no interior das fábricas e certificar as condições de trabalho, fora do comum, que são submetidos aqueles trabalhadores.
Daisey, ao entrevistar uma adolescente de apenas 13 anos, funcionária de uma fábrica em Shenzhen, consegue informações preciosas sobre o funcionamento da Foxconn. A menina conta que quando a inspeção chega à fábrica, a Foxconn já é avisada muito antes, e então os adolescente são substituídos por adultos, para se livrar de qualquer penalidade.
Em sua conversação com os trabalhadores, fora dos portões das fábricas, Daisey estima que 5% dos entrevistados eram menores de idade, adolescentes de 14, 13 e até 12 anos, os quais, juntamente com os adultos, são submetidos ao trabalho escravo por até 16 horas diárias, o quê, por lei, não deveria ultrapassar 8 horas. O valor pago aos funcionários pela Foxconn, naquela ocasião, era de 70 centavos dólar por hora.
Através de suas observações investigativas, Daisey visualiza que a maioria dos pisos das fábricas da Foxconn funciona como enormes quartos, nos quais existem inúmeros cubos feitos de cimento, com gavetas, empilhados até o teto, que servem como dormitórios. Nestas fábricas, a maioria das pessoas tralha de pé e são vigiados por câmeras.
Como os sindicatos são ilegais na China, os trabalhadores não tem a quem recorrer, e quem tentar sindicalizar é levado à prisão. O funcionário que reivindicar seus diretos por horas extras, além de ser demitido, seu nome é colocado em uma lista negra como “perturbadores”, o que o faz não ser aceito em outra empresa.
Por conta das péssimas condições de trabalho, com a má remuneração e as jornadas extensas, o índice de suicídio e tentativas nas fábricas da Foxconn é alarmante, chamando a atenção dos ativistas em protestos em defesa da vida daqueles trabalhadores.
Apesar dos protestos, a Foxconn continua a crescer economicamente e se expandir para outras partes do mundo, inclusive no Brasil, onde há uma fábrica em Jundiaí (SP) e a proposta de outra em Itu (SP). Para o ano de 2014, O presidente da Foxconn, Terry Gou, espera um crescimento da empresa de 15%, o que garante mais investimentos nos Estados Unidos, chegando a 10 vezes ao ano.
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O sistema de escravidão que é submetido milhares de trabalhadores, sobretudo na China, é de interesse, não só dos governos daquele país, mas do mundo. A escravidão, seja de qualquer forma, é desumana e inaceitável, e não há conivência a este tipo de exploração de um povo, tudo para a comercialização de produtos tecnológicos atraentes, com baixo custo no mercado para satisfazer a ostentação de outros povos, e, com efeito, o lucro exorbitante dessas grandes empresas tecnológicas.
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Pesquisa: http://www.businessinsider.com/apple-child-labor-2012-1
http://oglobo.globo.com/tecnologia/foxconn-ve-aumento-de-15-em-vendas-mais-investimentos-nos-eua-11122009