Introdução À Análise Do Texto Oral Primitivo “UGA-UGA” Do Hominídeo da Espécie Homo Sapiens/Demens À Partir Dos Postulados Teórico-Metodológicos Da Linguística Sistêmico Funcional (LSF).
RESUMO
A análise linguística de um texto pressupõe o conhecimento do contexto em que o mesmo aconteceu. Seu cenário e efeitos cênicos, sua produção dramática: seu contexto grupal e social. Os significados do “UGA-UGA” se decodificam nesta análise do texto mencionado: “UGA-UGA”. Com que múltiplas finalidades sua asserção manifesta realizou-se, ocorreu? Quais eram os atores participantes do evento cultural no qual estão inseridos a textualidade oral primitiva do “UGA-UGA”? Quais informações deseja evidenciar? Quais intencionalidades fática e emocional estavam envolvidas nessa comunicação original? Quais os estímulos aliciados nesse processo comunicativo?
O contexto revela o texto e vice-versa. Este trabalho sugere a leitura de um texto no qual está envolvida a oralidade primal. Primitiva. Primeira. Sugere a compreensão dos primeiros textos orais paleolíticos e neolíticos da espécie Homo sapiens/demens. A intencionalidade social dos mesmos nas comunidades de origem. A complexidade significativa do determinante e do determinado que formaram o primeiro sintagma da espécie humana: “UGA-UGA”.
Este artigo busca associar a Linguística Sistêmico Funcional reportando-a à visão orgânica originária da fala e da comunicação entre os primeiros hominídeos sapiens/demens. Seu sistema de linguagem e comunicação primeva que forjou, muito tempo depois, as diversas gramáticas e o léxico das línguas. Atuais.
A multiplicidade de significados deste texto original, assim como o estudo de sua história e as soluções dos problemas práticos de comunicação que continuam existindo até a data de hoje. O “UGA-UGA” era originalmente multifuncional porque multiutilitário. Este texto objetiva mostrar que este primeiro sintagma da espécie humana (“UGA-UGA”) representava a linguagem primitiva em sua função representacional (IDEACIONAL). E codificava toda a experiência do mundo em todas as linguagens existentes em todos os lugares. Primitivos.
Este trabalho privilegia a decodificação inerente ao sintagma primeiro e original que serviu de modelo, antigo e esquecido, a todas as linguagens que hoje são vigentes em todos os países do mundo globalizado. Todos os enunciados estavam presentes e codificados numa única emissão de sons que continha os sentidos, as emoções e os sentimentos originais da espécie e comunicavam atitudes, relações sociais e permitiam a interação interpessoal entre nossos ancestrais (função INTERPESSOAL).
A função TEXTUAL (oral) que organizava os significados ideacionais e interpessoais pré-históricos num conjunto representativo de todas as unidades do sentir e do agir primitivas, permitiu a nossos antepassados a decodificação simbólica de todas as suas realidades pertinentes à comunicação entre membros de tribos e a sobrevivência da espécie em condições altamente adversas.
A síntese retórica de todos os desenvolvimentos de organização textual (oral: ”UGA-UGA”) representativa de toda a comunicação humana então vigente nos trabalhos de sobrevivência das sociedades primevas de caçadores, coletores e seus rituais cerimoniais enquanto habitantes dos apartamentos mais remotos da espécie Homo sapiens/demens: as cavernas.
“UGA-UGA” representava a decodificação da gramática e do léxico primitivos dos múltiplos significados de desenvolvimento “TEXTUAL” (oralidade) e organização de uso funcional da língua pelos hominídeos sapiens/demens. Gramática e linguagem de significados persuasivos pertinentes à síntese de todos os sentires e saberes de conteúdo concreto apreendido pelos sentidos, pela imaginação primeva, pela memória e pelo ruído mental ou “pensamento” original da espécie em sua função oral representativa da sociedade e de seus significados vigentes. Pré-históricos.
Todas as gramáticas e linguagens significativas atuais tiveram origem no sintagma síntese de todo o conhecimento internalizado dos princípios e regras que suscitaram a origem da morfologia e da sintaxe da língua padrão de todas as línguas: a gramática e o léxico primitivos representados pelo sintagma “UGA-UGA”.
A LINGUÍSTICA SISTÊMICO
FUNCIONAL E O SINTAGMA
“UGA-UGA”
“A mente que se abre a uma nova ideia
jamais voltará ao tamanho original.”
(Albert Einstein)
A Linguística Sistêmico Funcional define-se enquanto atitude de resistência face à suposta supremacia política e ideológica dos padrões e modelos de conhecimento científico advindos do aprendizado e da análise do estudo da linguagem e funções dos sistemas linguísticos. Ela, LSF, estabelece a comunicação de uma teoria geral do exercício ou atividade da linguagem humana. Como essa linguagem começou? Onde e por que surgiu a primeira palavra articulada que permitiu a comunicação de sentimentos, emoções e intenções entre pessoas, indivíduos e grupos sociais?
Nossos ancestrais habitantes dos apartamentos primitivos incrustados nas rochas e cavernas não possuíam o conhecimento do alfabeto. A cartilha do ABC ainda não havia sido inventada. E muito menos impressa em papel.
As datações de conjuntos pictóricos desenhados em cavernas com datação em urânio datam de 35.600 anos no começo do Aurignaciano. Consideremos que as evidências arqueológicas afirmam essas descobertas apenas, por conveniência da política e da ciência oficial, na arqueologia solutreanas e magdaleneanas no Paleolítico superior.
Os hominídeos por não poderem soletrar a cartilha do ABC, tinham de, algum modo, estabelecer comunicação entre si. O alfabeto primeiro certamente se confirmava pelo abecedário de urros, grunhidos, sussurros. Sussurros, grunhidos e urros que originaram a primeira unidade linguística composta de um núcleo de significados que a eles foram unidos ao formar a locução mais primitiva de que se tem notícia: “UGA-UGA”.
“Do ponto de vista histórico a Análise Crítica do Discurso (ACD) é tributária da Linguística Crítica, que nasceu do encontro de teorias linguísticas voltadas para a dimensão social da linguagem com teorias sociológicas voltadas para questões de representação e de ideologia. A perspectiva crítica em relação à linguagem e ao discurso pressupõe desvendarem-se as relações entre representações que construímos, do mundo em que vivemos, de quem somos e de como funcionamos em nosso grupo social, e os sistemas de poder que autorizam determinadas representações e suprimem outras” (MEURER E BALOCCO, Uberlândia, 2009).
Todos sabemos que a imaginação é mais importante que o conhecimento, Einstein dizia isto. E quem um dia ousou usar a imaginação sabe o quanto essa afirmação possui de verdade operacional: atividade, movimento, trabalho. Imaginação e transpiração.
Quando um dos nossos ancestrais queria comunicar a outro que havia visto um animal de caça, possivelmente apontava o tacape numa direção e pronunciava a berrar, plenos pulmões, a palavra mágica que permitia a compreensão de advertência entre eles: “UGA-UGA”. A cartilha do ABC ainda não havia sido inventada. Gutenberg estava a milhares de anos de seu nascimento, mas o primeiro enunciado da espécie se afirmava: “UGA-UGA”.
A primeira palavra dos alfabetos todos. O primeiro léxico. O dicionário de uma palavra que originou todas as outras: “UGA-UGA”. A arte de falar e escrever uma língua. Exemplar primeiro, único e esquecido da linguagem, da morfologia e da sintaxe. Milhares e milhares de anos mais tarde a cartilha do ABC seria inventada para, didaticamente, ensinar os analfabetos a balbuciar o abecedário léxico demagógico nos palanques discursivos.
A função primeira da linguagem: promover comunicação entre atores de um cenário, primitivo ou atual, onde a necessidade de transmitir mensagens, qualquer que seja o método, se estabelece e viabiliza por meio de gestos, textos e/ou palavras.
Nosso ancestral primário, em outros cenários pré-históricos de comunicação e informação, pronunciava enfaticamente “UGA-UGA”, enquanto fenômeno comunicativo vital à sobrevivência de seus companheiros de espécie. A sentinela da tribo prevenia a aproximação do inimigo: “UGA-UGA!!!” — “UGA-UGA!!!”. E os demais membros da comunidade de companheiros tribais preparavam-se para o exercício do embate em defesa de seu habitat. Primitivo. Justificativa da ideologia primitiva.
Esses nossos ancestrais hominídeos não tinham necessidade de uma Gramática Sistêmico Funcional (GSF), mas usavam “UGA-UGA” como sistema de descrição e técnica original de metalinguagem utilizada para descrever a outra linguagem de tradução significativa da emoção de alerta da aproximação do inimigo. Fossem eles elementos de outra tribo, ou mamutes, leões e tigres dos dentes de sabre.
O sintagma “UGA-UGA” descrevia, suposta e perfeitamente, o modelo de adversário para o qual os outros companheiros da tribo deviam se preparar para combater. O mais clássico de todos os léxicos pré-históricos, “UGA-UGA”, servia de advertência, conforme a gramática de sons emitidos pelo companheiro tribal que ficava de vigia, agachado na guarita pré-histórica de pedra da qual espreitava a paisagem. Muito antiga. Magdaleniana.
“UGA-UGA” era a linguagem humana em função dos objetivos de sobrevivência dos hominídeos das cavernas que permitia a continuidade da permanência dos mesmos no local próximo a pastagens onde havia água, vegetação de sobrevivência, animais de caça e pesca e o aconchego do apartamento cavernoso incrustado na rocha da montanha de pedra.
“Do ponto de vista teórico, a visão da linguagem como um sistema semiótico organizado em diferentes estratos na LSF, provê o ponto de apoio necessário para a Análise Crítica do Discurso (Primitivo) para o exame das relações entre práticas sociais e discursivas, o objetivo mais caro desse último quadro teórico. É isto que Chouliaraki & Fairclough (1999, p. 139) buscam demonstrar, como é apresentado nos parágrafos a seguir. Na LSF abandona-se a visão convencional da linguagem organizada nos planos fonológicos, morfológico, gramatical e lexical e adota-se uma organização em dois níveis ou estratos: o semântico (plano do significado) e o fonológico” (plano da expressão) — (MEURER E BALOCCO, Uberlândia, 2009).
A abordagem de alerta “UGA-UGA” descrevia uma emissão léxica primal, uma construção sonora descritiva de narração primitiva do evento coerente com a função relacional entre os indivíduos de grupos falantes de um mesmo léxico plurivalente, plurissignificativo no contexto de uso entre o emissor do enunciado linguístico que ao mesmo tempo se afirmava enquanto o “corpus” de comunicação grupal, social, de seu tempo: “UGA-UGA” plugava todos os membros da tribo. Todos sempre “à espreita de ouvir a emissão gutural (textual oral) “UGA-UGA” no esquema Gramático Sistêmico Emocional Funcional Pré-Histórico da emissão oral, primal, de mais “blockbuster” das cavernas nas idades da pedra lascada e polida: “UGA-UGA”. Alerta!!! irmãos!!!
A natureza da “língua” intimamente relacionada com as necessidades e funções sociais do grupo de companheiros pré-históricos ao qual servia enquanto vigia e observador o companheiro insone, o irmão vigilante, sempre disposto a visualizar de longe a proximidade dos inimigos.
Era ele! Ele, o irmão vigilante quem primeiro os via e quem logo berrava “UGA-UGA” várias vezes para que todos ouvissem. E permitia que meninos, mulheres, idosos, adultos e adolescentes pudessem se armar e proteger a tribo em defesa contra o ataque adversário. “UGA-UGA” servia às funções específicas da cultura bélica uniformizada de tanga, alertando a todos para às necessidades impostas pelo padrão de sobrevivência do caráter cultural, pré-histórico, desse período cronológico, em pauta.
“A linguagem expressa em síntese sintagmática pela emissão sonora do léxico pré-histórico “UGA-UGA” servia para expressar não apenas a experiência de mundo real exterior aos sujeitos habitantes das cavernas. Reportava-se, presumo, também aos princípios de comunicação dos atores hominídeos com significados inerentes aos textos falados de comum acordo nas interações proximais na intimidade das cavernas:
— UGA-UGA (“as chamas precisam de lenha: BRR. Grrr”)! — Significado suposto.
— UGA-UGA (“do alto está caindo frio: Brr.Grwhi”)! — Significado suposto.
— UGA-UGA (“a dona Punk pariu e comeu o bacuri”)! — Significado suposto. Enfim, é possível que não houvesse nenhuma elaboração mental da linguagem, apenas ruídos mentais confusos. Confusos e de significação variegada. E suposta. Os significados potenciais estavam começando ser elaborados nos confins desconhecidos do inconsciente coletivo primal. Inconsciente coletivo ameaçado e ameaçador” (GOODNEWS, recorte do capítulo VIII do romance Neo-Pós-Moderno: Holocausto Nunca Mais).
Inconsciente coletivo alimentado por imagens de ameaças e medos. À natureza externa e seus malefícios somava-se à insegurança interna: a indecisão, incerteza, instabilidade, vicissitudes, hesitação, desamparo, vacilação: sentimentos inquietantes e emoções provenientes da natureza interna, através dos sonhos e pesadelos primais. Certamente atemorizantes.
O certo é que, realmente, a emissão do léxico “UGA-UGA” original, permitiu a criação humana da linguagem atual, que nos dias de hoje e agora se fala, se escreve e mimetiza via expressão gramatical, lexical, representativa e interpretativa nos sistemas funcionais cênicos vigentes nas composições orais e escritas significativas dos processos de comunicação midiáticos no mundo globalizado via satélite de hoje e agora. Neste século XXI. Primitivo.
DESENVOLVENDO
A NOÇÃO DE CONTEXTO
NA LINGUÍSTICA
SISTÊMICO FUNCIONAL
Sabemos que as análises críticas dos discursos científicos são necessárias, mesmo tendo em conta que a ciência passa pelo processo de experimentação de seus postulados antes de publicá-los em artigos científicos. O que se considera fato reconhecido e ponto de partida, implícito ou explícito, de uma argumentação.
Os processos e métodos científicos, teóricos e práticos, revelam verdades e formatam certezas a partir da observação e mensuração dos fenômenos de qualquer natureza. Seus instrumentos de controle, teóricos e práticos, permitem a comprovação dos resultados afirmativos nas provas consideradas legítimas através da demonstração irrefutável a partir da garantia de suas evidências.
A ciência que estuda os fósseis é a Paleontologia. Através deles, fósseis, ela busca o conhecimento das relações entre os seres vivos, o meio ambiente e a ordenação dos eventos no tempo, por vezes geológico. Ela está associada à história da evolução da vida na Terra. Para isto compartilha suas descobertas e saberes com outras ciências, tipo a Biologia da Evolução, a Geologia, e tece vínculos de proximidade com conhecimentos advindos da Física, da Química e da Matemática.
Ou seja: com a Linguística Sistêmico Funcional processos de estudos interdisciplinares são considerados altamente pertinentes na organização de seus saberes linguísticos, sistêmicos e funcionais.
“Há oito milhões de anos surgiram os primeiros primatas que conseguiram correr em dois pés no trajeto de uma árvore para a outra. Correndo sobre dois pés eles economizavam energia. Não precisavam movimentar os membros superiores e ainda podiam carregar muito mais filhotes com eles. Foi um grande avanço! Esses novos primatas foram muito especiais. Foram os primeiros animais com características humanas a andar de dois pés chamados hominídeos. — Entre oito e três milhões de anos, surgiram vários hominídeos em várias regiões diferentes na África. Não mais viviam exclusivamente nos galhos das árvores. Viviam no chão, mas ainda usavam as árvores frequentemente para se sentirem em segurança, presas fáceis que eram de felinos. Várias espécies de hominídeos surgiram ao mesmo tempo no continente africano. Todos eles se alimentavam de vegetais. Cada espécie comia sua planta favorita. — O planeta Terra muda totalmente seu clima a cada 20 mil anos aproximadamente. A isso se chama de Era Glacial. As eras glaciais são mudanças tão bruscas no clima da Terra, que o gelo toma conta de quase todo o planeta, o nível dos oceanos diminui vários metros e a umidade do ar abaixa muito também” (ANTÔNIO, Evolução Humana).
As ciências não podem nem devem, presumo, ser trancafiadas em nichos estanques, impermeáveis a quaisquer outras influências advindas das disciplinas que lhes são complementares ao estudo de suas conclusões. Um estudo sistêmico está plugado ao conhecimento associado simultaneamente às descobertas de saberes que se renovam nos estudos multidisciplinares.
As pesquisas científicas datam o surgimento dos primeiros primatas entre oito e três milhões de anos. Alguns espécimes datados: 5,4 milhões de anos (Sahelanthropus tchadensis), Orrorin tugenensis (5 milhões); Ardipithecus kadabba (4,5 milhões), Kenyanthopus platyops, Australopithecus aferensis (3,5 e 4 milhões) Ardipithecus ramidus (4 milhões) Australopitecus anamensis (3 milhões) — esses hominídeos pertenciam ao gênero Australopithecus. Homo habilis e Paranthropus boisei, (2,4 milhões), Homo habilis, — Java, China, Etiópia, Tanzânia (1,8 milhões), Homo ergaster (1,5 milhões), o Homo erectus, Homo Tchadensis (1 milhão), Homo heidelbergensis (500 mil anos) Homo neanderthalensis (300 mil anos). Todos esses hominídeos precederam o surgimento do Homo sapiens/demens há aproximadamente 150 mil anos.
Esses Homo sapiens/demens modernos surgidos supostamente há 150 mil anos tiveram intensa capacidade de migrar, desenvolver a linguagem, transformar madeira, pedra e ossos em armas, dominar o fogo e construir instrumentos diversos, assim como foram os primeiros na criação de animais domesticados, plantar tendo como referência a observação das lunações, permitiu-lhes a transformação dos vagidos, urros, grunhidos e sussurros do “UGA-UGA” em linguagem oral mais elaborada.
Essas transformações primitivas terminaram há aproximadamente em 8000 a.C. no Período Paleolítico. De oito mil a cinco mil anos a. C. a Idade dos Metais teve início (Período Neolítico). Ela se desdobrou até o surgimento da escrita que concluiu a Pré-história da História que hoje construímos e desenvolvemos com o advento das tecnologias via satélite. As representações dialogais dos atos de fala atuais revelam uma incomunicabilidade talvez até mais intensa do que o “UGA-UGA” primitivo.
“Apesar de todos os avanços realizados por pesquisadores na Linguística Sistêmico-Funcional (LSF) e na Análise Crítica do Discurso (ACD) na descrição da estreita relação entre linguagem e o contexto social, verifica-se ainda a necessidade de teorizações mais amplas sobre essa questão. Nesse artigo exploro aspectos da teoria da estruturação de Giddens como ferramentas para a análise de contexto em estudos do discurso. Concentro-me em regras e recursos como propriedades estruturadoras da vida social, exemplifico como essas noções podem ser usadas para especificar elementos contextuais na LSF e na ACD. Para isto analiso aspectos de um texto de Chomsky “Sobre os Bombardeios” de 11 de setembro de 2001. Apresento também a noção de intercontextualidade para me referir a contextos que se entrecruzam com outros contextos. Minha preocupação central é tentar expandir os conhecimentos sobre a inter-relação entre linguagem e estruturação social” (MEURER, Artigo, 2004).
É evidente, imagino, que o berro, o vagido, o uivo produzido pelo sintagma primal “UGA-UGA” precisa ser tirado da memória primitiva de nossos ancestrais, incluído e intercontextualizado enquanto objeto de estudo da Linguística Sistêmico Funcional. Os problemas da linguagem pré-histórica associados à Linguística, à evolução sociocultural e à biologia precisam se tornar relevantes visando atingir o objetivo pertinente à compreensão do que somos, hoje, enquanto seres humanos, agora, nesses dias atuais onde pontifica a insegurança, a falta de comunicação (apesar da Internet), a carência de qualidade na educação, a baixa qualidade dos serviços sociais básicos na saúde, na habitação, na infraestrutura dos demais serviços prestados à sociedade pelos poderes constituídos. A menção ao atentado terrorista dos 11 de setembro de 2001 é uma advertência terrorista tipo aquelas advertências primais no contexto Pré-histórico do sintagma “UGA-UGA”.
A evolução em ritmo (a)celerado da economia está a produzir uma comunicação de envolvimento social cada dia mais intensamente regressiva nos processos de interação entre os grupos sociais que se odeiam e excluem mutuamente em vista da amplitude da violência social que ora se observa em ritmo de instigação e estímulos institucionais a roubos, assassinatos, sequestros, assaltos, corrupção, má qualidade de mobilização urbana, má qualidade na comunicação midiática, nos baixos padrões de comportamento institucional entre os poderes constituídos e a população social cada dia mais insatisfeita e agressiva.
O sintagma primal “UGA-UGA” parece continuar sendo usado nos discursos dos políticos que não perfazem na realidade de seus atos (pragmáticos) de fala, a conclusão adequada das promessas neles verbalizadas. A oralidade “UGA-UGA” e a realidade dos fatos não se complementam em favor da sociedade. Muito pelo contrário. A corrupção grassa em meio aos interesses dos poderes e contamina toda a sociedade como se fosse uma neoplasma biológica maligna de fácil metástase social. Irreversível.
As três funções básicas da Linguística Sistêmico Funcional são apenas códigos de estudos? Não servem minimamente para melhorar os padrões práticos de significado qualitativo em nossa experiência humana? Não realizam os significados ideacionais? A função representativa da interação entre os enunciados e as relações e atitudes interpessoais são tão somente de funcionalidade aparente, teórica?
A linguagem em sua função textual de organização retórica não possui nenhuma coerência de desempenho e realização dos projetos governamentais de realização sempre futura? De um futuro que nunca chega! Em um presente do indicativo marcado pela carência social de qualidade de vida em todas as suas instâncias. Sociais.
A deterioração da comunicação entre os agentes e atores sociais está em nítida evidência com o aumento da indisposição, cada dia mais intensa, entre os membros hominídeos da sociedade sapiens/demens atual. A violência, a ultraviolência, tanto na intimidade dos lares quanto nas ruas, praças e avenidas das cidades cresce a olhos vistos.
Todos parecem estar se comunicando a partir do sintagma primal “UGA-UGA”. Com a diferença que a incomunicabilidade entre os atores sociais da atualidade aumentou. Com a diferença que, na Pré-história ele funcionava melhor na comunicação interna e externa, entre os membros daquelas sociedades primitivas.
“UGA-UGA”!!! Por que este sintagma primal possui semelhante funcionalidade pré-histórica na disseminação da falta de qualidade de vida e carência de ética na política atual? Por que “UGA-UGA” continua sendo um sintagma não mais tão efetivo na caracterização de traços nas relações entre poderes constituídos e sociedade?
Por que “UGA-UGA” continua em plena vigência do século XXI a ditar os paradigmas de uma sociedade que deveria ter um caráter e uma índole de acordo com os avanços da tecnologia globalizada? A tecnologia avançou mas o caráter homo/sapiens regrediu a olhos vistos. Quem tem olhos, veja! Ouvidos, escute!
Em Mateus treze, lê-se: “Porque àquele que tem se dará e terá em abundância. Mas àquele que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado. Por isso lhes falo por parábolas. Porque eles vendo, não veem. E ouvindo, não ouvem nem compreendem. E neles se cumprem a profecia de Isaías que diz: — Ouvindo ouvireis mas não compreendereis. E vendo vereis, mas não percebereis. Porque o coração desse povo está endurecido. E ouviram de mau grado com seus ouvidos. E fecharam seus olhos, para que não vejam com os olhos. E ouçam com os ouvidos. E fecharam seus olhos para que não vejam com eles, e ouçam com os ouvidos e compreendam com o coração e se convertam e Eu os possa curar”.
Por que este sintagma primitivo UGA-UGA, ainda hoje, após milhões de anos de suposta evolução biológica, condiz com uma atitude de liderança político-social igualmente adequada às tensões sociais cada vez mais intensas e ameaçadoras? Como se tivéssemos convivendo numa comunidade pré-histórica do Paleolítico?
Será por que a sociedade globalizada atual obteve progresso apenas na aparência das produções tecnológicas via satélite? Mas, emocionalmente, está mais primitiva, violenta e tensionada mais que nos tempos dos irmãos vigilantes pré-históricos? Em seus berros de alerta à comunidade primal “UGA-UGA”! Naquele tempo eles viam, ouviam. Compreendiam melhor os berros primais de advertência.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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MEURER, José Luiz (UFSC) e BALOCCO, Elizabeth Anna (UERJ), A Linguística Sistêmico-Funcional No Brasil: Interfaces, Agenda E Desafios, Anais do SILEL, volume 1. Uberlândia, EDUFU, 2009.
MEURER, José Luiz, Artigo: Ampliando a noção de contexto na Linguística Sistêmico-Funcional e na Análise do discurso. Universidade Federal de Santa Catarina, 2004.
CHOMSKY, Noam, Artigo: Sobre os Bombardeios. (http://www.zmag.org). Artigo consultado por MEURER em 23/09/2011.
RIBEIRO, B. T. & GARCEZ, P. M. (Orgs.), Sociolinguística Interacional: Antropologia, Linguística e Sociologia em Análise do Discurso. Porto Alegre, 1998. Documentação de Estudos em Linguística Teórica e Prática. Ed. Delta, São Paulo, 1999. (http://dx.doi.org/10.1590/S0102-44501999000200009. Resenha por OSTERMANN, Ana Cristina —Universidade de Michigan).
ANEXO I:
Sobre os Bombardeios
Os ataques de hoje foram grandes atrocidades. Em termos de número de vítimas, o ataque não chega ao nível de outras tragédias como, por exemplo, o bombardeio do Sudão pelo governo Clinton, que aconteceu sem nenhum pretexto aparente, destruindo metade dos suprimentos farmacêuticos do país e matando um número desconhecido de pessoas (ninguém sabe ao certo quantas – os Estados Unidos bloquearam um pedido para abrir inquérito nas Nações Unidas e ninguém fez muito esforço para continuar).Isso sem falar em casos muito piores que vêm à mente. Mas, seja como for, esse crime foi horrendo, não há dúvida. As principais vítimas, como sempre, foram os trabalhadores: faxineiros, secretárias, bombeiros, etc. Isso repercutirá sem dúvida na vida de gente pobre e oprimida como os palestinos. Levará provavelmente também a medidas de segurança mais duras com perda de direitos civis e liberdades internas.Os eventos de ontem revelam, dramaticamente, a bobagem de ideias sobre “defesa de mísseis”. Como era óbvio desde sempre e mostrado repetidamente por analistas estratégicos, se alguém quiser fazer grandes estragos nos Estados Unidos, inclusive com o uso de armas de destruição de massa, dificilmente vai recorrer a um ataque de mísseis. Há inúmeras formas mais fáceis de causar destruição e que são basicamente impossíveis de serem impedidas. Mas os eventos de hoje irão, mesmo assim, ser usados para aumentar a pressão para se desenvolver esse tipo de sistema e pô-lo em prática. A “defesa” é um pretexto fraco para planos de militarização do espaço. Mas, com um bom programa de relações públicas, mesmo os argumentos mais fracos ganham peso frente a uma opinião pública assustada. Em resumo, o crime é um presente para a direita mais reacionária, aqueles que esperam usar a força para controlar seus domínios. Isso sem contar as prováveis ações americanas e o que elas causarão – provavelmente outros ataques como esse ou coisa ainda pior. As perspectivas futuras são ainda piores do que elas eram antes das últimas atrocidades. Quanto a saber de que forma devemos reagir, temos uma escolha. Podemos expressar um horror justificado ou podemos tentar entender o que pode ter levado aos crimes, ou seja, fazer um esforço para entrar na cabeça de quem cometeu aqueles atos. Se escolhermos a última opção, não podemos fazer nada melhor, creio eu, do que prestar atenção nas palavras de Robert Fisk, cujo conhecimento direto dos assuntos da região, após anos de coberturas jornalísticas, não tem concorrente. Descrevendo “a crueldade perversa e impressionante de um povo esmagado e humilhado”, ele diz que “não se trata de uma guerra da democracia contra o terror, mas é o que vão tentar fazer o mundo acreditar nos próximos dias. Trata-se também de mísseis americanos esmagando lares palestinos e helicópteros americanos atirando em uma ambulância no Líbano em 1996 e bombas americanas destruindo uma pequena vila chamada Qana e uma milícia libanesa paga e uniformizada por Israel, um aliado dos Estados Unidos espancando, estuprando e assassinando tudo o que passava pela frente até em campos de refugiados”. E há mais, muito mais. De novo, temos uma escolha a fazer: podemos tentar entender o que se passou, ou nos recusara fazê-lo, contribuindo assim para a possibilidade de que coisas ainda piores aconteçam no futuro. [Noam Chomsky (http://www.zmag.org, consultado em 23/09/2001)].
ANEXO II
Giddens E A Teoria Da Estruturação
A teoria da estruturação nasce na mudança do eixo da teoria social dos EUA (com Parsons) de volta para a Europa. Os três conjuntos básicos de questões nesse momento, dos quais a teoria de Giddens se ocupa são:
— Ênfase no caráter ativo, reflexivo da conduta humana. Rejeição da tendência do consenso ortodoxo de ver o comportamento humano como resultado de forças que os atores não controlam nem compreendem.
— Atribuição de um papel fundamental à linguagem e às faculdades cognitivas na explicação da vida social.
— Declínio da importância das filosofias empiristas da ciência natural tem implicações profundas nas ciências sociais.
O enfoque do autor é nas sociedades modernas, com grande inclinação sociológica, embora considere sua teoria social e não apenas sociológica.
A principal preocupação da teoria social é idêntica à das ciências sociais: a elucidação de processos concretos da vida social.O autor considera duas proposições no estuda das ciências sociais:
— A explicação contextual.
— A descoberta de generalizações não é a totalidade nem a finalidade suprema da teoria social.
Ou seja: aliando-se às premissas acima, o objeto de estudo pode ser alterado pela própria pesquisa (ou pela ciência social).A tradição de Parsons, estrutural-funcionalista, traz consigo o objetivismo e o naturalismo. Em contraposição àqueles que adotam uma postura subjetivista, influenciados pela hermenêutica e pela fenomenologia. Na teoria da estruturação Giddens permite a existência de um sujeito descentrado, mas sem que isso implique a eliminação da subjetividade. A contribuição da linguagem, entretanto, é encarada pelo autor com ressalvas.
Para o autor, agentes ou atores humanos são similares. Possuem como aspecto inerente do que fazem, a capacidade para entender o que fazem enquanto fazem. As capacidades reflexivas do ator humano estão caracteristicamente envolvidas, de um modo contínuo, no fluxo da conduta cotidiana, nos contextos da atividade social.
A reflexibilidade, entretanto, opera apenas parcialmente num nível discursivo. O que os agentes sabem acerca do que fazem e do que por que fazem — sua cognoscitividade como agentes — está largamente contido na consciência prática que está contida em todas as coisas que os atores conhecem tacitamente sobre como “continuar” nos contextos da vida social sem serem capazes de lhes dar uma expressão discursiva direta.
Consciência prática é um dos principais temas do livro e deve ser distinta de consciência (discursiva) e do inconsciente. O autor adota uma versão modificada da psicologia do ego associada ao eu, relacionando-a diretamente com o conceito de rotinização (rotinas).O cotidiano é o caratê rotinizado que a vida social adquire à medida em que se estende entre o tempo e o espaço.
O autor diferencia consciência prática, consciência (discursiva) e inconsciência em seu modelo. O que os agentes sabem acerca do que fazem e de por que fazem — sua cogniscividade enquanto agentes — está largamente contido na consciência prática.
Rotinização: vital para os mecanismo psicológicos por meios dos quais um senso de confiança ou de segurança ontológica é sustentado nas atividades cotidianas da vida social. A natureza repetitiva de atividades empreendidas de maneira idêntica dia após dia, é a base material do que o autor chama de “caráter recursivo da vida social”.
O caráter recursivo é, portanto, a natureza repetitiva e idêntica das atividades do dia a dia — recriação constante das propriedades estruturadas da atividade social — via dualidade de estrutura — a partir dos próprios recursos que a constituem.
A rotina introduz uma cunha entre o conteúdo potencialmente explosivo do inconsciente e a monitoração reflexiva da ação que os agentes se exigem.
Uma análise goffmaniana, de acordo com Giddens poderia ser a articulação de fenômenos que fazem a discussão do inconsciente: caráter situado da ação no tempo-espaço, rotinização da atividade e a natureza repetitiva da vida cotidiana.
Os indivíduos estão posicionados no fluxo da vida cotidiana, no tempo de vida que é a duração de sua existência e de um tempo institucional, a estruturação supra individual de instituições sociais (aspecto durkheimiano do pensamento do autor).Cada pessoa está posicionada em um modo múltiplo, dentro de relações sociais conferidas por identidades sociais específicas, essa é a principal esfera de aplicação do conceito de papel social.E não são apenas os indivíduos que estão posicionados com relação ao outro e com relação à serialidade de encontros no tempo-espaço: os contextos de interação social também são posicionados.
Os locais não são apenas locais, mas cenários de interação: interacionismo simbólico de Erwin Goffmann. Regionalização com forte ressonância psicológica — ponto de conexão entre Foucault e Goffman. Ambos atribuem grande importância às linhas social e historicamente flutuantes entre ocultamento e revelação, confinamento e exposição.
As mudanças sociais são vistas através de duas perspectivas: sistemas inter-sociais e extremidades do tempo-espaço que o autor considera duas componentes do conceito de “sociedade”.
Sistema social: conceito semelhante ao de ecossistema. Isto é: é de difícil mensuração e pode ser avaliado por sua “sistematicidade”, que acho que pode ser visto como um aspecto de integração dos atores.
Outros conceitos importantes: coerção, estrutura, princípios estruturais. As referências de análise são as sociedades tribais, as sociedades divididas em classes, os Estados e Nações modernos e sua associação com o capitalismo industrial.
A busca de uma teoria de mudança social é algo condenado.
Conceitos de episódio e tempo mundial em busca de uma hermenêutica para a mudança social mais adequada aos evolucionismos adaptados (incluindo-se o materialismo histórico).
A teoria da estruturação se ocupa de mudanças relevantes, tais como a formação de cidades em sociedades agrárias ou a dos primeiros estados.
A principal hipótese do projeto é que a mudança do eixo da discussão política para o meio ambiente é uma alteração relevante na teoria social contemporânea.