Amigos e Devotos Falam da Serva de Deus
 
    Eu me chamo Maria Cesarina Gonçalves Borges. Conheci imão Benigna em vida, no ano de 1976. Eu morava no Bairro Prado e fiquei sabendo que ela rezava e alcançava grças.
    Fui procurá-la no Colégio Nossa Senhora da Piedade. Ela me atendeu muito solicita, muito alegre e rezou comigo na Capela, de mãos dadas, e me pediu que levasse o Serginho, meu filho. Ele estava estudando para o vestibular. Serginho não fez cursinho e nunca foi de estudar, embora fosse muito capaz e inteligente. Marcamos um encontro e levei-o. Em uma salinha do Colégio Piedade, ela deu a mão a ele e rezamos a Salve Rainha. Irmã Benígna entregou o vestibular do meu filho nas mãos de Nossa Senhora e disse que ele iria passar no primeiro vestibular, e isso deu muita alegria a ele. Serginho tinha voltado dos Estados Unidos, onde fez 2 anos de um curso de aperfeiçoamento por ter ganhado uma bolsa de um curso de inglês. Com o encontro e a força da Irmã Benigna, ele ficou encantado com ela e de fato, passou na UFMG, em Economia, muito bem classificado. Eu fiquei muito agradecida a Irmão Benigna, e me tornei sua amiga. Tudo que ela precisava e pedia, eu a ajudava. 
    Eu tinha um carro fusca e ela falava assim: "Dona Cesarina, preciso ir em tal lugar", e eu morria de medo  de dirigir em Belo Horizonte. Irmã Benigna me encorajava e dizia: "Não precisa ter medo, Nossa Senhora guia todos os guardas para nós. Ela passa no nossa frente e eu te ensino". Assim nós iamos seguindo. Me divertia muit o com ela nessas ocasiões do carro. Ela era muito brincalhona e dizia: "Este carro não está mais me cabendo, vou rezar para compra um carro maior". Eu achava graça e empurrava o banco para trás, ela era muito grande. Éramos grandes amigas.Eu tinha por ela uma verdadeira devoção.
    Nosso médico era o mesmo, Dr. Múcio Magalhães, e de vez em quando eu a levava. Me lembro bem dela ficar assentada, aguardando naquelas filas de cadeira da sala de espera. Eu corria e assentava ao seu ladop e ficávamos de mãos dadas; não me esqueço de sua mão grande. Rezávamos o terço. Era uma grande alegria para mim.
    Eu possuia reliquias que ela me dava para a família toda, me dava orações diversas, que eu colocava na minha casa. Ainda hoje, possuo algumas reliquias feitas por ela, as quais guardo com muito carinho, dentro dos travesseiros. 
    Irmã Benigna dava as reliquias para todo mundo e pedia para colocar no carro, em casa, dentro dos travesseiros, no corpo. Uma vez, ela deu uma reliquia para a minha sobrinha Elizabeth colocar no carro.Quando ela vendeu o carro, ela esqueceu a reliquia dentro dele e ficou triste demais, pois desde que começou usar, nada de mau lhe aconteceu. Nessa época, Imã Benigna já tinha falecido. Ela então pediu para Irmã Benigna dar um jeito, que ela não queria ficar sem aquela reliquia. Passado um ano, ela parou no sinal e viu seu antigo carro parado ao seu lado. Ela então pediu que a moça encostasse e explicou que o carro tinha sido dela e que queria procurar algo valioso esquecido dentro do porta-luvas. Minha sobrinha encontrou a reliquia, escondida no cantinho do porta-luvas. Até hoje ela possui essa reliquia e não a larga para nada. 
    Irmão Benigna adorava flores e gostava muito de arrumar o altar. Às vezes, eu chegava no colégio da Piedade e me deparava com ela arrumando o altar da capela, sempre feliz e sorridente. 
    Jamais deixei de atendê-la; largava tudo que estava fazendo para ajudá-la. Nessa última vezque a vi, ela já estava muito doente, embora não reclamasse de nada.Todas as vezes que eu ia bucá-la, encontrava outras pessoas conversando com ela, combinando doações para levar a Lavras. Ela estava sempre fazendo caridade. 
    A última vez que ela me chamou para sair com ela, em seu último ano de vida, ela tinha me pedido para levá-la nos lugares necessários para comprar o materiasl das reliquias que ela fazia. Chegando na Associação São Vicente de Paulo, onde compramos o Escapulário Verde, logo na entrada, tinha um Imagem de Nossa Senhora bem grande.Irmão Benigna abraçou a imagem muito forte e disse-me: "Cesarina, eu amo tanto Nossa Senhora ! Quando será que eu poderei conhecê-la pessoalmente e abraçá-la assim, como estou fazendo agora?" Eu respondi, brincando: "Tomara que seja bem pra frente !". Esta foi a última vez que estive com Irmão Benigna. 
    Um dia, eu estava em casa cuidando de meus afazeres e recebi uma ligação avisando da morte de Irmão Benigna. Foi um susto muito grande. Corri para o Colégio da Piedade e já encontrei seu corpo sendo velado. Eu levei o meu terço e queria colocá-lo em suas mãos. Ao redor do caixão havia 4 guardas e não me deixaram beijá-la. Eu fiquei ali rezando e disse: "Irmão Benigna, vou beijar sua mão de qualquer jeito" ! Eu chamei um guarda num canto e pedi que ele me ajudasse, que despistasse os outros guardas, disse que ela era muito minha amiga e que eu precisava pular as cordas e beijar sua mão. Eu pulei o cordão de isolamento, beijei suas mãos e só depois senti os guardas me puxando. O terço, os próprios guardas um pouco em suas mãos. Sua morte foi motivo de enorme tristeza. O enterro estava muito cheio, todos chorando. Eu sentia que tinha arrancado um pedaço de mim.
    Depois de sua morte, começaram as novenas em seu túmulo no Cemitério do Bonfim, às segundas feiras, onde frequentei muitos anos. Parei um tempo, por sentir dificuldades de chegar ao Cemitério, e depois voltei a frequentar. Quando  voltei, fiquei encantada com a multidão de pessoas que participavam da Santa Missa e rezavam a novena. Neste dia alcancei uma grande graça.

    Sempre acompanhei a vida da Irmã Benigna, participavva das Missas em sua homenagem e ouvia os milagres que muitas pessoas alcançavam. Conservei a sua lembrança muito viva no meu coração e nunca perdi uma Missa em sua homenagem.
Maria Cesarina Gonçalves Borges.
Professora