A PEDOFILIA NA IGREJA

Ultimamente têm me impressionado as barbaridades ditas em defesa do crime de pedofilia. Não há justificativa para o mal que sofre uma criança ao ser molestada. É uma vida que se transforma ou que, muitas vezes, se perde.

A frequência dos casos em que membros da igreja são os agressores me desestrutura, me dá raiva e certo nojo. Mas o que me agride ainda mais, de forma a sentir como se me rasgassem a carne, são as declarações de certos “líderes religiosos” tentando distorcer os fatos, atribuindo às vítimas a culpa pelo delito, em defesa dos padres criminosos.

Não digo que seja a igreja o único lugar em que a pedofilia aconteça, claro que não. Mas a minha indignação é fundamentada no que se apregoa dessa instituição que, em atitude hipócrita, tenta encobrir a sujeira cometida por muitos dos seus, que se dizem servir a Deus.

Em nome de uma imagem, as lideranças agem em defesa dos criminosos, temendo a queda do poder existente, para isso acusando as crianças. Falam da revolução sexual como tentativa de convencer aos “fiéis” de que os padres são, na verdade, vítimas da carência das crianças, que muitas vezes aceitam o abuso e às vezes até o estimulam. Faltava isso para completar meu medo dos “bonzinhos”.

Para ilustrar, devo mencionar aqui posicionamentos de nomes da igreja que embasam minha indignação. Foi amplamente divulgada na internet a fala do Arcebispo da Polônia que, embora trate o crime de pedofilia como algo inaceitável, atribui a culpa de certos casos aos pais, dando-nos a entender que, por falta do amor daqueles, a criança se aproxima dos mais velhos em busca do que lhes falta, fazendo uma abordagem sobre as crianças provenientes de pais divorciados. Em outras palavras: os pais se divorciam, a criança sofre, procura o padre e o seduz. Coitadinho!

Foram essas algumas das palavras do Polaco: “Muitas vezes ouvimos que esta atitude inapropriada (pedofilia), ou abuso, manifesta-se quando a criança está à procura de amor. Ela (a criança) apega-se, ela procura. Perde-se em si e arrasta outra pessoa”.

Malditas palavras! Desde quando um pedófilo tem amor pra dar? E que força tem essa criança para “arrastar” quem quer que seja? Mesmo que eu desse ouvidos a esse tipo de absurdo, nada mudaria, pois esse “homem” tentado, no que eu entendo de respeito ao outro, tem obrigação de agir de forma a ajudar e apoiar a quem o procura e não se aproveitar disso.

Anos atrás, já era público o interesse de religiosos nessa proposta de defesa. Noticiários internacionais (La Opinión de Tenerife, El Mundo, El Mexicano, para citar alguns) traziam o bispo Bernardo Álvarez justificando o abuso sexual cometido por padres, numa entrevista:

“... Há adolescentes de 13 anos que são menores e estão perfeitamente de acordo com o abuso e até o desejam. Inclusive, se você se descuida, te provocam”.

Já se sabe que o abuso sexual, em muitos dos casos, é praticado por pessoa considerada de confiança. E quem não confiaria num padre ou num pastor, por exemplo, “homens de Deus?” Pois eu digo, como mulher e como mãe, não confie neles! Não digo todos, mas não temos como classificá-los em “bons” ou “maus”. Por segurança e para o bem dos nossos filhos e filhas, é preciso que além de “fiéis”, sejamos atentos. Podemos ser fiéis espertos e inteligentes.

O problema é que muitos se prenderam tanto à religião que chegam a confundir padre e pastor com o próprio Jesus. O que eles dizem está dito. Não se pode desconfiar dessas “figuras sagradas”. Mas não sabem que por trás dos bastidores a igreja tem se desdobrado para se livrar de acusações, de escândalos de crimes de pedofilia por seus membros, além de milhões que tem perdido indenizando às famílias de crianças molestadas. Aí se vê a conveniência em esconder a sujeira debaixo do tapete.

No caso específico da pedofilia, diante de casos e mais casos sendo revelados a cada dia, a estratégia da igreja é confundir todo mundo. E eu temo que esse poder consiga manipular as mentes fracas e que a culpa pelos crimes cometidos por padres passem a ser tidas como das crianças.

Maria Celça
Enviado por Maria Celça em 20/11/2013
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