Um viver acuado.

Quem me abordou naquela rua quase deserta tinha na mente quase certa uma única intenção, pois apesar da pouca idade, talvez dez anos ou um pouco mais não vinha só, já que o seu “comparsa” que se encontrava em sua mão, e que no caso fazia toda a diferença da minha vontade de querer viver ou não, e apesar de eu pouco entender de armas arrisco a dizer que era nada mais nada menos do que um baita trezoitão.

E ai ficamos nós ali parados, ele querendo os meus pertences e eu tentando argumentar, que além do pouco dinheiro, um velho relógio e um antigo celular nada mais tinha pra dar, e os minutos foram passando, mas pra mim pareciam ser horas e eu já ficando meio como que apavorado já que o seu “amigo” bem diante do meu rosto me encarando com aquele único olho a qualquer momento podia disparar, e eu pensando com os meus botões a que ponto que chegamos! Um merdinha desse me encostando na parede e não foi pra pedir informação, e quem estivesse de longe olhando aquela cena jamais iria suspeitar, pois o quadro que visualizavam parecia ser apenas um velho com o seu neto a conversar.

E de repente, assim como começou terminou, ele se foi, correu, entrou num beco e sumiu, eu ainda gastei alguns minutos tentando descobrir onde estava, se estava indo, ou se estava voltando, esperando que minhas pernas parassem de tremer e que minha mente voltasse ao seu lugar. O que ele levou de mim não tinha assim grande valor, foram apenas objetos que consigo de novo comprar, mas o que ele me roubou é o que vai fazer a grande diferença do meu querer ou não acreditar que este mundo ainda têm esperança de um dia vir a mudar, enquanto isto não acontece o cerco vai fechando a minha volta e aos poucos vou marcando na minha agenda os lugares que ainda posso ir, e aquela rua ficará grifada como tantas outras ruas, parques e avenidas por onde não posso mais passar. Mas por fim acabei entendendo o recado, já que eu quero continuar vivendo terá que ser assim, um viver acuado.