Para quem diz...
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Que aprendeu que nem tudo na vida são flores... É uma pena descobrirmos que a pressa da vida nos faz caminhar ignorando a beleza e o perfume que das flores exorbitam.
Que nem todos os dias têm sol... Que tal entender que a luz que emana do Astro-Rei não machuca quem a recebe na dose certa. Viver exposto ao Sol não significa estar saudável nem doente – tudo depende do tempo e forma de se expor ou esconder-se.
Que não há tristeza que não passe... Asseguro que a dor do remorso, normalmente, persegue-nos a vida inteira. Quem carrega consigo a indagação ‘Como teria sido?’ não se despede serenamente da vida.
Que nenhuma felicidade dura para sempre... Escute a voz dos poetas quando profetizam: ‘que não seja imortal, posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure’... Ou quando nos brindam com o otimismo do instante, revelando que ‘o valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso, existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis’.
Que dias nublados vão vir... O que foi feito quando havia Sol? Protegia-se? Escondia-se?
Que as flores murcharão... O que foi feito quando eram lindas e frondosas flores? Colheu alguma? Alguém lhe ofertou algum ramalhete?
Que depois a primavera certamente vai chegar! O que importa a existência dos ciclos? Se houver novo descuido, a primavera passará sem que a percebamos, outra vez... É necessário esperar novas primaveras? Por que deixou que partissem as anteriores? Elas se foram e nunca mais retornarão...
Que descobriu que a vida vale a pena ser vivida e aproveitada, ao máximo, independente das circunstâncias... O que falar do medo que impede a concretização de toda retórica? ‘As palavras convencem, mas é o exemplo que arrebata!’ Entre a teoria e a prática não deveriam existir tantas contradições. O que é dito deve se harmonizar com o que é feito. Sem isso, o discurso se torna inócuo e as palavras se diluem no espaço, sem volta nem força.
Que sempre haverá novo dia, nova chance, novo amor, nova oportunidade… Para quem foge das flores e se esconde nos dias de Sol, restarão a incerteza de não ter tentado e a mágoa de ter vivido uma ‘vida resfriada’, sem brilho, lutas.
Que a vida, essa é única!... Diria que, mesmo assim, sendo única, há pessoas que passam pela vida sem sentirem o maravilhoso sabor da superação, simplesmente por se adequarem aos grilhões que o medo impõe. Não viveram, apenas foram prisioneiras da materialidade temporal tão efêmera e frágil.
Para quem diz e não faz, a vida tem cronologia com apenas duas datas que se comunicam diretamente: o nascimento e a morte.
Fortaleza-CE, 27 de outubro de 2013.
13h16min
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