Receita do Inferno Soteropolitano
Receita do Inferno Soteropolitano
Há muito tempo escrevemos sobre a dificuldade de dirigir em meio ao caos urbano que se tornou a cidade de Salvador, as pessoas não têm o mínimo de respeito ao próximo, principalmente quando estão “disputando” o trânsito caótico e desestruturado que é o soteropolitano.
Essa semana o que mais se comentou foi sobre o acidente entre dois irmãos em uma moto e uma médica oftalmologista.
O trágico acidente aconteceu na Barra, em meio a um atrito de trânsito, o condutor da motocicleta entrou em discussão com a motorista do carro, no calor da questão o rapaz retirou o capacete e desferiu o objeto no capô do veículo.
Depois disso a médica saiu atrás da motocicleta, desesperada, uns dizem que ela tentou tirar uma fotografia da placa da moto, perdendo o controle, atropelando os dois ocupantes do veículo de duas rodas; outros amparados com a comoção do acidente, gritam que a médica saiu sedenta de vingança, tentando saciar o baixo instinto, atropelando friamente os dois desafortunados irmãos.
Não acreditamos nessa versão, até porque uma médica sempre zela para salvar vidas e não tirá-las, as pessoas aproveitaram o clamor da sociedade para crucificá-la, certamente se fosse Semana Santa a médica seria a maior candidata a Judas.
Esse é o reflexo de onde moramos, a maioria das pessoas não respeita mais as leis de trânsito, não têm mais educação, nem civilidade; a nossa cidade sobrevive em meio ao caos, onde grande parte dos motoqueiros não sabe o que é “freiar”, eles dirigem igual a alucinados, parecendo que a moto não tem freios, eles vão e não param mais... A não ser em seus destinos, o que estiver na frente, eles passam por cima, retrovisor de carro não fica mais inteiro e se um carro for um obstáculo, o veículo tem que sair da frente, senão os camicases destroem-se.
Os taxistas, motoristas de ônibus e motoboys, enfim, os que trabalham com o trânsito, são os principais responsáveis pelo caos, gerando um circulo perverso, trabalhando nele e sofrendo com ele; nesse imbróglio todo ainda acrescenta-se uma grande quantidade de carros por dia em uma malha rodoviária saturada e maltratada, resultando um verdadeiro inferno soteropolitano.
Marcelo de Oliveira Souza