Manifestantes ou marginais?
Eu tinha um vizinho engraçado que sempre falava para as pessoas, quando algum assunto era objeto de dúbia interpretação: - Não confundir melancolia profunda com melancia na bunda. Acho que ele tinha inteira razão em alertar para certas confusões que geram polêmicas, já que em muitos casos uma questão mal interpretada pode gerar entreveros indesejáveis.
Por conta das manifestações que este Brasil vem fazendo em todos os setores de nossa sociedade tem surgindo um perigo iminente em meio a esses movimentos que tem me deixado atônito, pois sou uma pessoa que também gosta de questionar as coisas quando merecem certo puxão de orelha, entretanto, sou avesso à arruaça e distúrbios sociais que possam atingir a estabilidade e a paz das ruas.
A depredação é algo ignóbil e criminoso que não merece nossa atenção a não ser quando estamos interessados nas páginas policiais, visto que se trata de vandalismo e como tal exige ação imediata para coibir esse tipo de confronto, já que o histórico desses estragos tem levado muitas pessoas honestas a arcarem com prejuízos inestimáveis.
As máscaras no rosto desses meliantes são símbolos inquestionáveis de suas maléficas intenções. Creio eu que a guarnição militar deveria ser chamada pelos próprios manifestantes quando esses mascarados se infiltrarem em suas fileiras de luta. A máscara não encerra nenhuma vinculação com o movimento. É só um subterfúgio que também tem sido utilizado pelos bandidos motoqueiros quando utilizam do capacete para encobrir seus rostos na hora do crime.
Esses mascarados parecem bichos transloucados que conspiram contra o patrimônio alheio e coletivo. Parece que eles pensam que tais bens são apêndice das diferenças sociais que cada um sofre num sistema capitalista. Como ninguém é culpado de uma pessoa ser pobre, ninguém, também, pode ser culpado por outrem ter um bem de valor.
Os bens que estão sendo depredados são propriedades de particulares e também pertencentes ao patrimônio público. Logo, além desses mascados atingirem o cidadão comum eles também atingem a própria sociedade, visto que os bens públicos são patrimônio coletivo.
A impunidade é um ingrediente bem propício para que esses vandalismos continuem acontecendo. Não temos presídio para colocar nem mesmo os marginais de ‘carteirinha’ (PCC) imagina se o teremos para colocar muitos arruaceiros em um só momento. A questão passa a ser estrutural. Aliás, o problema carcerário é uma coisa antiga, mas não se vê ações contundentes no sentido de resolvê-lo. O dinheiro é destinado a prover premências que se interligam com o compromisso dos votos. Como construir presídio não se constitui num meio propício para esse fim então é relegado a terceiro plano.
Se for para, a cada movimento popular, ficar um sinal de ‘boiada disparada’ que sai quebrando tudo à frente então é melhor que se obscureça o ímpeto das reivindicações, pois está sendo pesaroso para os brasileiros vislumbrar que a cada manifestação há um rastro de barbaridade. Ou os líderes dos movimentos se previnem de tais absurdos ou tudo o que eles estão querendo ‘plantar’ estará escorrendo pelo esgoto.
Esses movimentos, a cada baderna, tendem a ser desvalorizados no que concerne à sua legitimidade. Os objetivos primários estão sendo mascarados pela ira de um grupo enfurecido. Não há movimento que resita a esse tipo de conduta.