UM BREVE ESTUDO SOBRE A MORFOLOGIA E ORGANIZAÇÃO INTERNA DO ESPAÇO URBANO - CRESCIMENTO HORIZONTAL, VERTICAL E A EXPANSÃO DA PERIFERIA EM ÁGUAS BELAS – PE

UM BREVE ESTUDO SOBRE A MORFOLOGIA E ORGANIZAÇÃO INTERNA DO ESPAÇO URBANO - CRESCIMENTO HORIZONTAL, VERTICAL E A EXPANSÃO DA PERIFERIA EM ÁGUAS BELAS – PE.

Ildebrando Gutemberg dos Santos

Renato de Menezes Pereira

RESUMO

O presente trabalho visa tratar de uma breve reflexão sobre a cidade de Águas Belas acerca da morfologia na sua variedade de formas durante diferentes períodos na História recente da urbe em questão, mais especificamente no Século XX, tomando como ponto de partida o sentido de cidade na concepção capitalista. Tratar-se deste termo sem considerar a organização da própria cidade em seu espaço interno, poderia decorrer em um erro, logo, este trabalho procurou versar com observações referentes ao interior da mesma e às dinâmicas ocorridas para tal fim.

ABSTRACT

The present work seeks to treat of an abbreviation reflection on the city of Beautiful Waters concerning the morphology in your variety in ways during different periods in the recent History of the urbe in subject, but specifically in the Century XX, taking as starting point the city sense in the capitalist conception. To treat of this term without considering the organization of the own city in your internal space, it could elapse in a mistake, therefore, this work tried to turn with referring observations to the interior of the same and the dynamics happened for such end.

Palavras-chave: Águas Belas, Cidade Capitalista, Formas Urbanas.

INTRODUÇÃO

O termo morfologia urbana, segundo Barbosa (2012), se refere às formas da própria Cidade, que por sua vez está ligada de maneira intrínseca com os fatores históricos, geográficos e sociais que se sucederam para sua formação. Lembrando que esta palavra vem do grego morfé (forma) e logos (estudo, conhecimento). Neste contexto a morfologia urbana capitalista seria as formas que determinado tecido ou malha urbana será construída e/ou ditada pelas características capitalistas, que visa o valor capital em detrimento dos fatores históricos e culturais, bem como os de ordem natural de determinada urbe, como estará explícito nas diversas imagens, observações e levantamento de algumas características da cidade de Águas Belas no Século XX, campo de estudo do presente trabalho. Portanto, neste artigo prevalecerá uma argumentação baseada nas características anteriormente citadas, apoiando-se no material obtido pelos autores e em fontes bibliográficas que venham a enriquecer o conteúdo.

MORFOLOGIA URBANA DE ÁGUAS BELAS - PE

A cidade de Águas Belas, situada no agreste meridional de Pernambuco, hoje contando com 40.235 habitantes segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE - em censo realizado no ano de 2010, se caracteriza como uma cidade de pequeno porte. Conforme relatos e a história oficial da cidade, no território da mesma era (e ainda prevalece) o aldeamento indígena Fulni-ô, iniciando o povoamento de brancos e negros nesta região por volta do final do Século XVIII. As construções de casas e casebres de maneira mais complexa se deu com a chegada dos imigrantes, tendo em vista que estes dominavam técnicas de construções bem mais avançadas que os nativos locais.

Como as demais cidades interioranas do Nordeste do Brasil, nesta se caracterizou inicialmente por prevalecer uma arquitetura de origem europeia nas residências e casas comerciais, além da serventia natural para a qual as mesmas foram construídas, serviriam também para uma demonstração de status social. Neste caso fica evidente a influência do capital de caráter ideológico direto e indireto; de maneira direta só habitava o centro onde era estabelecida toda a máquina administrativa da cidade, a elite detentora de bens e, portanto, de serviços. De forma indireta seria enfatizada esta diferenciação estampada nas suas construções, onde os estilos por si só demonstrariam o poder aquisitivo de cada proprietário. Na figura a seguir tem-se uma fotografia do centro da cidade de Águas Belas – PE em 1936, onde é perceptível o estilo particular das construções, obedecendo um estilo geralmente semelhante, mas não generalizado, tendo cada edificação uma característica própria, tomando também as edificações um caráter sociocultural e ideológico.

“A realidade inclui a ideologia e a ideologia é também real. A ideologia, outrora considerada como falsa, portanto não-real, de fato não é algo estranho à realidade, nem é aparência apenas. Ela é mais do que aparência, porque é real.

Quando, num lugar, a essência se transforma em existência, o todo em partes e, assim, a totalidade se dá de forma específica, nesse lugar a história real chega também com os símbolos. Desse modo, há objetos que já nascem como ideologia e como realidade ao mesmo tempo. É assim que eles se dão como indivíduos e que eles participam da realidade social. Nessas condições, a totalidade social é formada por mistos de "realidade" e "ideologia". É assim que a história se faz.” (SANTOS, 2006 p. 82).

Figura 1 - Centro de Águas Belas em 1936.

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Figura 1- Fonte: Acervo particular do Pe. José Fernando Ferreira Dias - Centro de Águas Belas 1936.

Desse modo a cidade tem como princípio refletir características e ideologias próprias da sociedade que a constrói, a mesma também executa mudanças, que no caso do capitalismo ocorrem norteadas por sua influência centrada em produzir ou atender a determinada demanda. Na figura 02 já se tornam notáveis as influências diretas do capitalismo. Desta vez algumas edificações deixaram de existir para dar lugar a outras que viesse a atender a necessidade do capital naquele momento, deixando a margem o valor histórico-cultural, que segundo SORJ e MARTUCCELLI (2008, p. 60): “As novas modalidades do capitalismo vivem afetando, e em geral debilitando, os atributos das cidades (...). Essas transformações reestruturam não apenas os modos de produzir, mas também os de consumo e de reprodução social, com enormes impactos sociais...”.

Figura 2 – Centro de Águas Belas, 25/12/1970.

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Figura 2 - Fonte: Acervo textual, fotográfico e iconográfico - Arquivo Público Municipal de Águas Belas – APMAB. Centro, 25/12/1970.

A ideologia capitalista em Águas Belas se faz de forma extremada e influente, sendo assim “... as referências comuns que davam forma à sociedade, quer dizer, a seus marcos simbólicos de referência e de compreensão, sem terem sido dissolvidos por completo, deixaram, sim, de ser estáveis, e isso é especialmente visível nos meios urbanos (...).” (SORJ E MARTUCCELLI, 2008 p. 57). Nesta cidade pernambucana as características simbólicas culturais expressadas em suas edificações históricas sofreram tal mudança que beiram sua extinção, ficando expostas, paradoxalmente, as marcas capitalistas, onde o centro sofreu incisiva transformação, tornando-se quase exclusivamente comercial, com poucas residências particulares, sendo estas pertencentes a mais alta elite econômica do município. Agora representando uma ideologia neocapitalista que fica bem expressiva na figura 03, símbolo marcante de uma modernidade da sociedade, norteada pelo capital e que deixa a margem seu patrimônio histórico-cultural.

Figura 3 - Centro de Águas Belas, 11/09/2013 -

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Figura 3 - Fonte: Santos, Ildebrando Gutemberg. Centro de Águas Belas, 11/09/2013.

ORGANIZAÇÃO INTERNA

A urbe como foi colocado anteriormente está ligada aos fatores histórico-culturais, sociais e econômicos isto tão logo se remete aos fatores de localização na qual determinada cidade é formada, inserindo-se desta maneira os fatores fundantes de sua organização. Neste contexto a sua organização interna representa também sua estrutura socioeconômica capitalista. Estas feições se apresentam nas modificações impostas pela própria sociedade que edita e reedita as formas urbanas. Nas cidades de pequeno porte, no caso Águas Belas, ficam evidentes alguns aspectos como um centro bem definido com uma rua ou avenida com uma largura considerável sem o estabelecimento de um logradouro (figura 01), que com o passar do tempo foi transformado este mesmo espaço que antes era vazio limitando-se apenas em suas margens com calçadas ou jardins de algumas residências ou repartições públicas em uma praça pública (figura 02).

Neste aspecto é visível não só o contexto privado, mas também a inserção do Estado nas transformações destas formas com a construção de obras que vêm agregar valor para determinada localidade e, consecutivamente, proporcionar uma mudança de grande significado na paisagem e em todo o seu contexto. Dispor de instrumentos de lazer para a população, principalmente, aquela de maior poder aquisitivo é praxe na sociedade águas-belense, bem como, em todas as sociedades de orientação capitalista. Esta interferência do Estado e do patrimônio privado moldado pelo capitalismo fica ainda mais explícita fazendo-se uma comparação das imagens da década de 1930 e atual do centro da cidade (figuras 01 e 03), onde praticamente deixa de existir a maior parte das construções existentes na primeira imagem para dar lugar prioritariamente a imóveis para fins comerciais e algumas poucas residências de caráter moderno na imagem 03.

Outro ponto digno de observação na organização interna urbana em Águas Belas se dá na densidade de construções, principalmente, nas proximidades do centro, que pode ser entendido como outro termômetro de uma sociedade capitalista, onde Barbosa (2012) afirma que o solo ganha valor comercial cada vez maior. Na figura 04 é possível notar uma baixa densidade, onde a parte mais central da cidade mesmo com maior quantidade de construções, ainda apresenta uma quantidade superior de terrenos disponíveis com relação à figura 05, que está mesma densidade apresenta-se maior e já não há uma disponibilidade de terrenos aptos para construir. Também aumentou o número de construções mais complexas e verticalizadas, e apresenta maior área construída e maior número de prédios destinados a serviços, mesmo que de forma desigual e insuficiente.

Sendo que a feição de uma periferia onde predominam pessoas de classe menos privilegiadas economicamente e, portanto, abandonadas pela estrutura estatal, e com o predomínio de um subúrbio e uma área central reservada à classe economicamente mais elevada até a atualidade é uma realidade, sendo uma feição bem visível. Deste modo, gerando ainda a continuação de disparidades na urbe em questão, onde “Essa organização do território (...) tem como consequência uma diminuição das oportunidades de interação social entre os diferentes e os desiguais nas ruas e nas instituições que prestam serviços coletivos com base territorial, tais como: educação, saúde, transportes e lazer.” (SORJ E MARTUCCELLLI, 2008 P. 61). Nesta mesma perspectiva diferentes movimentos nesta cidade se dão em função do tempo e espaço. Os centros e áreas que predominam maior quantidade de serviços podem ser considerados como territórios flexíveis ou móveis de acordo com o grau de ocupação para determinados fins.

Em Águas Belas ainda coexiste uma constante especulação acerca do que vem a ser o patrimônio público em poder da prefeitura municipal e o particular fora de influência indígena, tendo em vista que a sede do município é encravada no meio da Reserva nativa do povo Fulni-ô, onde boa parte do território total do município se encontra em área da mesma reserva. Este impasse encarece bastante e também contribui para as feições e contornos da cidade, uma vez que os imóveis que ficam situados no que se considera “patrimônio” do município tem um valor bem mais elevado no mercado imobiliário municipal dos situados na terra indígena.

Figura 4 - Vista panorâmica aérea de Águas Belas – PE, 1971 – 1974.

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Fonte: Acervo textual, fotográfico e iconográfico - Arquivo Público Municipal de Águas Belas – APMAB.

Figura 5 - Vista panorâmica aérea de Águas Belas – PE, 2001 – 2004.

Disponível em: https://www.facebook.com/ildebrando.gutembergdossantos/media_set?set=a.308284052647464&type=1

Fonte: Acervo textual, fotográfico e iconográfico - Arquivo Público Municipal de Águas Belas – APMAB.

CRESCIMENTO HORIZONTAL

O crescimento horizontal é a expansão da malha urbana com pouca ou até a inexistência de construções verticalizadas, exigindo desta maneira maior espaço territorial para desenvolver-se, espaço este que na cidade capitalista ocorre grande valorização, principalmente em regiões bem situadas dentro da cidade como no caso de Águas Belas - PE. No que se refere a crescimento horizontal desde a década de 1970 quando houve um leve melhoramento da cidade de Águas Belas, esta apresenta crescimento mais acentuado em sentido oeste e sentido sudeste, haja vista que a ordem de fatores topográficos e político-sociais contribui para o desenvolvimento de construções nestas direções, o que encarece ainda mais. Na ordem de fatores topográficos destacasse o conjunto de elevações da Serra do Comunaty ao norte e o curso d’água que forma uma lagoa no sentido sul chamada Lagoa da Ribeira, sendo que no sentido sul, destacam-se fatores de ordem político-sociais, neste caso o aldeamento indígena do povo Fulni-ô, que mesmo estando ligado diretamente ao perímetro urbano da cidade, por questões particulares e dos sentidos anteriormente citados, não é alvo de grande especulação imobiliária por tratar-se de área de reserva federal indígena, onde quase toda a totalidade de seus residentes é ou descende diretamente do povo indígena Fulni-ô.

CRESCIMENTO VERTICAL

O crescimento vertical, como o próprio nome já revela, diz respeito à expansão verticalizada da malha urbana, Segundo BARBOSA (2012):

“O crescimento vertical pode ser demonstrado pelo aumento do número de edifícios altos, muito comuns nas cidades (...), e ocorre nas áreas mais valorizadas, geralmente na área central e em alguns bairros da cidade. Dificilmente, a verticalização se distribui de forma homogênea no tecido urbano. A verticalização altera não apenas a forma da cidade, sua morfologia, mas também seu ritmo ...” (BARBOSA, 2012 p. 48).”

A partir desta premissa, tem-se na cidade de Águas Belas iniciado um processo de verticalização a partir do final da década de 1960, com a construção do prédio da prefeitura municipal da cidade. Apesar da urbe não ser considerada média, tampouco de grande porte, existe um diferencial relevante na mesma, pois seu comércio se faz muito forte, frente às demais cidades de seu entorno, sobretudo a Feira Livre desta, o que acaba por impulsionar o restante do comércio varejista. Nesta óptica todas as zonas rurais e cidades circunvizinhas, exemplo Iati - PE, Itaíba – PE, Ouro Branco – AL, Poço das Trincheiras – AL dentre outras, sendo aderentes do comércio local, se utilizando do mesmo para compra e consumo de diversos produtos e serviços. Esses fatores são bastante relevantes para a supervalorização de seus imóveis centrais, que acabam por se tornar mercadorias de alto valor, pois segundo BARBOSA (2012) “Nesse sentido, o lote urbano é uma fração do território da cidade que ex¬pressa, claramente, sua condição de mercadoria, pois é vendido e comprado no chamado mercado imobiliário.” (BARBOSA, 2012 p. 48).

Partindo das palavras de Barbosa, aliando às características apresentadas na cidade de Águas Belas, indica que os maiores indícios de verticalização se mostram no centro comercial da cidade, exatamente por apresentar maior valorização do ponto de vista capitalista desses imóveis. Além disso, a verticalização nessas localidades já está ultrapassando o número de 2 a 4 andares, o que é considerado razoavelmente elevando em consideração ao porte da urbe em estudo. Esses prédios - em quase toda totalidade - sempre estão destinados para fins comerciais, o que representa a potencialidade de polarização acima citada que a cidade de Águas Belas representa para a região. A segunda prioridade para uso desses imóveis vem sendo a construção de apartamentos para moradias e locação, como será visualizado nas imagens a seguir:

Figura 6 - Galeria Santa Rita de Cassia. Destinada para fins de locação comercial.

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Foto: SANTOS, Ildebrando Gutemberg dos. 07/09/2013.

Figura 7 - Hotel Sertão. Destinado ao setor de serviços (hotelaria).

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Foto: SANTOS, Ildebrando Gutemberg dos. 07/09/2013.

Figura 8 - Loja Elektra- Fins comerciais (Obs: Multinacional instalada na cidade).

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Foto: SANTOS, Ildebrando Gutemberg dos. 07/09/2013.

A EXPANSÃO DA PERIFERIA

Na atualidade nas zonas urbanas, existem muitos mitos em relação à periferia, pois muitas vezes a mesma é confundida com o subúrbio. Mas tem-se que se atentar, pois se tratam de duas terminologias diferentes. Segundo BARBOSA (2012, p. 49):

“A periferia resulta da especulação imobiliária ocorrida na borda imediata da cidade, sendo contigua ao restante da cidade ou mesmo localizada no interior do tecido urbano. A periferia possui “[...] ruas estreitas, falta de praças, terrenos minúsculos, casas ocupando na precariedade de seus cômodos todo o reduzido espaço disponível para a construção, falta de plantas, muita sujeira e fedor.” (BARBOSA apud MARTINS, 2001, p. 78).”

Em relação a subúrbio, segundo BARBOSA (apud Martins 2001):

“Os primeiros subúrbios brasileiros formaram-se em áreas afastadas do centro de São Paulo e Rio de Janeiro, por volta do final do século XIX, integradas ao centro pelas vias férreas. Tratava-se de áreas de residência de operários, onde “[...] os lotes eram grandes, as casas tinham espaço para um grande quintal, configurando um remanescente rural que permanecia no urbano: fruteiras, galinheiros, muitas flores e certo suave perfume suburbano.” (BARBOSA p.49 apud MARTINS, 2001, p. 78).”

A partir das palavras de Barbosa fica clara a diferença entre subúrbio e periferia, pois na periferia os lotes urbanos se tornam mais baratos devido a localização em lugares desfavorecidos socialmente, com deficiência nos serviços públicos, tais como coleta de lixo, saneamento básico, serviços como água potável e energia elétrica. Esse barateamento torna a compra desses lotes mais acessível para as classes sociais menos favorecidas. No subúrbio atual, geralmente vivem os proprietários dos edifícios das áreas centrais, que servem para comércio e serviços; destes edifícios eles retiram o lucro, mas não residem nos mesmos pelo grande desconforto que as áreas centrais trazem em relação a logística, comodidade, poluição visual e auditiva, dentre outros fatores. Por esses motivos eles preferem habitar o subúrbio, onde possuem maior comodidade, serviços públicos bem prestados, além de áreas de lazer que são escassas na periferia. Nas imagens a seguir temos exemplos da diferenciação de subúrbio e periferia na cidade de Águas Belas:

Figura 9 - Periferia de Águas Belas, Rua do Sol.

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Fonte: PEREIRA, Renato de Menezes. 07/09/2013.

Figura 10 - Subúrbio de Águas Belas, Av. Cel. Alfredo Duarte.

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Fonte: PEREIRA, Renato de Menezes. 07/09/2013.

PROCESSO DE EXPANSÃO DA PERIFERIA

Existem vários fatores que causam a expansão da periferia nas cidades, existem alguns que são mais relevantes. Como exemplo pode-se citar o grande aumento da população de classes economicamente baixas, geralmente ocasionado por processos migratórios advindos de zonas rurais e pequenas cidades, devido a alta procura de melhor qualidade de vida o que muitas vezes não ocorre, e consequentemente ocasiona falta de espaço nos locais privilegiados e melhor localizados na zona urbana, resultando assim em um crescimento horizontal forçado da mesma, e a ocupação de áreas não adequadas para moradia humana, causando até riscos iminentes para essas pessoas.

Em Águas Belas, todos esses fatores são relevantes, mas temos de abordar uma problemática que está sendo o principal fator do crescimento desordenado da mesma. Trata-se do alto nível de processos migratórios vindo da zona rural do município. Isto se deve principalmente a fatores climáticos, pois a região do semiárido nordestino vem enfrentando uma de suas piores secas da história, onde desde a década de 1970 não se havia relatado uma situação precária de estiagem como o presente momento. O ano de 2012 foi o ápice dessa seca até o momento, e fica claro que o acentuado crescimento horizontal de forma desordenada da cidade, se deve a estes fatos, pois os retirantes ficam impossibilitados de viverem em lugar onde não existe água potável para consumo e também para desenvolvimento de culturas agrícolas, agropecuárias, tornando imprópria à vida nessas regiões. O processo ocorrido é a venda das propriedades a preços abaixo do mercado, ou até o abandono das mesmas, e a retirada para a zona urbana mais próxima a fim de se encontrar melhores condições de vida.

CONCLUSÃO

É bem notória, mesmo tomando como ponto de partida, uma cidade de pequeno porte como Águas Belas no interior pernambucano, a influência do sistema capitalista, bem como, as transformações ocorridas por influência do mesmo. Neste aspecto é bem válido ressaltar que também a sociedade em si toma contornos típicos do sistema em vigor (capitalismo). Logo, a cidade em todas as suas formas e características é o reflexo da organização antropológica em seu interior. Esta organização no caso da cidade de Águas Belas se reflete em um contraste da sociedade mesmo que em menor proporção, mas com a mesma intensidade e dicotomia social típica do capitalismo, principalmente em cidades interioranas do sertão nordestino. Em relação a urbe em questão, a ausência de organização por parte do Estado igualmente é outro fator que contribui para os contornos existentes no interior e nas cercanias da cidade. Como foi colocado não se repara intervenção por parte de algum órgão estatal referente à organização periférica ou mesmo das proximidades do centro, o que abre ainda mais espaço para uma interferência direta de investimentos particulares, que também se repara na especulação imobiliária existente na sede do município. Neste caso é lícito dizer que a segregação e diferenças existentes no que se refere a padrões morfológicos, organização social e urbana existentes neste caso, é fruto de dinâmicas regidas principalmente pelo sistema capitalista.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Adauto Gomes. Geografia Urbana. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco - IFPE e Universidade Aberta do Brasil – UAB. Recife: IFPE – UAB, 2012. Págs. 41 – 62.

Municípios em Números 2010: Águas Belas - PE. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censo Demográfico, 2010. www.ibge.gov.br.

SORJ, Bernardo; MARTUCCELLI, Danilo. O Desafio Latino-americano: coesão social e democracia. Tradução Renata Telles. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008. 307 p.

SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006.4. ed. 2. reimpr. Coleção Milton Santos, 1. 260 P.

Acervo textual, fotográfico e iconográfico - Arquivo Público Municipal de Águas Belas – APMAB.

Acervo Particular do Pe. José Fernando Ferreira Dias. Disponível: https://www.facebook.com/fernando.ferreira.10004694/media_set?set=a.148992691904463.32868.100003811980759&type=3 Acesso em: 10/09/2013

Disponível: http://pt.wikipedia.org/wiki/Geomorfologia Acessado em: 10/09/2013

Disponível: http://espaco-geografia.blogspot.com.br/2008/04/conceito-de-cidade.html Acessado em: 10/09/2013

Disponível em http://espacourbanotocolando.blogspot.com.br/2010/04/dinamica-das-cidades.html. Acessado em 13/09/2013.

Ildebrand Gutemberg e Renato Menezes Pereira
Enviado por Ildebrand Gutemberg em 14/10/2013
Reeditado em 30/11/2013
Código do texto: T4525556
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