Você conhece algum puxa-saco?
Ninguém sabe ao certo como surgiu o puxa-saquismo, mas há uma corrente de estudiosos que põe a culpa de tudo nos chimpanzés. Organizados por hierarquia de comando desde que surgiram na Terra, até hoje os primatas mais fraquinhos passam dias e noites paparicando os mais fortes. Para esses primos dos humanos, o ritual inclui beijar os pés do chefão, levar oferendas meio bestas, como folhas e gravetos, e até entrar em fila para fazer cafuné nos nobres pelos do mandatário. Seja por gene, seja por observação direta, o fato é que a chegada desse comportamento bizarro ao universo dos homens foi só um pulo. O “processo adaptativo para garantir a sobrevivência”, como alguns cientistas sociais costumam rotular a bajulação aos poderosos, segue os mesmos princípios da era das cavernas, mais tarde repetidos na adoração aos faraós e na adulação aos reis absolutos dos séculos seguintes, até se disseminar hoje como uma praga no mundo corporativo.
O “puxa-saquismo” ou ainda mais popularmente chamado de "baba ovo" é uma das mais deploráveis facetas das condições humanas existenciais. Através dela, muitos negligenciam suas personalidades e dignidades em prol de alguém que acredita ser de uma estirpe superior à sua. Não por crer piamente nisso, mas por objetivar tirar alguma espécie de proveito.
Bajula-se o ego alheio por algum interesse. Serve-se de capacho por estratégia, seguindo a seguinte lógica: Pise em mim hoje que amanhã poderei pisar em alguém menos favorecido. Daí a nossa classificação de tal condição como genuinamente deplorável.
O “puxa-saquismo” faz com que aqueles que servem de capacho, fiquem cegos, e não enxerguem os erros e deslizes que os protagonistas desse tipo de relação por ventura cometam. É como aqueles tipos de relacionamento, onde um dos pares corneia escancaradamente o seu parceiro, mas o chifrado prefere não crer, ou simplesmente, vê e finge não ser com ele.