O CONTEXTO E VALOR DO SOLO NO ESPAÇO URBANO
O solo no contexto urbano tem uma valorização extremamente alta, bem como as benfeitorias realizadas nele, tendo em vista segundo David Harvey (1980 apud BARBOSA, 2012) que são mercadorias não circuláveis, ou seja, que não podem se deslocar livremente como também (o solo) não pode ser fabricado. Esta valorização e importância do solo aumenta principalmente quando o desenvolvimento de uma dada sociedade se dar de forma horizontal, chegando a tal ponto que se torna imprescindível a verticalização da mesma. O uso do solo também é determinada por as características físicas do relevo, podendo aumentar ainda mais o seu valor.
O uso do solo urbano vai além de atividades de construção civil como benfeitorias, este ainda apresenta papel fundamental na vida dos indivíduos que ali passa a residir, pois o solo deve além de apresentar características próprias para produção de bens, precisa suprir outras necessidades do indivíduo como a moradia, trabalho, diversão entre outros, funcionando desta maneira como base para a reprodução social. No contexto urbanista, é sobre o solo que se dá a construção do espaço urbano, este que por sua vez, na natureza capitalista, tende apresentar processos contraditórios em sua formação, como efeito disto há a grande predominância de profundas diferenças entre classes (burguesia e proletariado), resultando em diferentes aspectos na morfologia e estrutura da cidade como organização espacial, ou seja, no espaço urbano. Neste espaço (urbano) é onde se dá as diferentes relações de poder, sabendo que por sua vez, este poder é constituído exatamente pela classe dominante que usa deste artifício poderoso, que no caso é o Estado, para fazer dele mais um instrumento de exclusão, descriminação e legitimação de ideais inversas aos propósitos antigos de liberdade, igualdade e fraternidade entre os homens.
Este espaço urbano ainda apresenta outras particularidades, como Corrêa coloca, ele ao passo que é desfragmentado, por sua vez também é articulado, ou seja, o espaço tem diferentes usos, como áreas específicas em determinado fim: bairros industriais, comerciais e habitacionais, mas que formam um corpo, que não é homogêneo, mais que precisa desta interação entre os diferentes setores para subsistir. O espaço urbano se torna articulado quando um setor necessita do outro, como exemplo disto é possível notar um bairro industrial que produz os mais variados tipos de objetos em suas industrias como sacolas plásticas, eletrodomésticos, pneus entre outros itens, que por sua vez, serão necessários para o bom andamento dos seus consumidores que moram no local reservado para habitação, e que serão vendidos ou repassados a estes pelo setor comercial que já seria outra parte de um determinado espaço urbano. Mas também é este sistema que acarreta as diferenças entre classes, já que no sistema capitalista a oferta x procura são elevadas a extremos que negligenciam as necessidades dos diferentes grupos sociais que se fixam no espaço urbano. Este fluxo gera um grande capital neste sistema, que são uma parte do fluxo de natureza imaterial, podendo ainda ser adicionado a isto decisões de gestão empresarial e governamental (Barbosa, 2012).
O espaço urbano é ainda um reflexo e condicionante da sua sociedade. Como reflexo é possível visualizar neste as formas diferentes em sua morfologia, como condição ele se faz como abertura ou barreira para as diferentes relações e produções antrópicas. Caracterizando-se também por ser um campo de lutas e símbolos que representa uma dada sociedade, tendo em conta que é no espaço urbano que se concentra o poder do Estado e a maior parte da memória social.
Referências:
BARBOSA, Adauto Gomes. Geografia Urbana. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco - IFPE e Universidade Aberta do Brasil – UAB. Recife: IFPE – UAB, 2012. Págs. 65 – 82.