Terra sem lei, cidadão sem vez
Há pelo menos três meses os telejornais só têm noticiado manifestações – estudantis, sindicalistas, progressistas e por aí vai. Estamos cansados de ouvir que tais reivindicações são legítimas na medida em que vivemos numa democracia e todos têm o direito de expressar seus anseios e lutar por causas justas. O problema começou quando os manifestos foram tomados por uma onda de violência, atribuída principalmente a grupos que fazem das ruas uma anarquia através do vandalismo.
Recentemente a categoria dos professores tem saído às ruas em busca de melhores salários, plano de carreira, melhores condições de trabalho e reconhecimento enquanto profissional responsável pela formação de cidadãos. Com isso a greve se estende e prejudica diversos alunos, que se tivessem condições, não precisariam da educação pública.
O descontrole e o caos já tomam conta das grandes cidades. De um lado os manifestantes exigindo reformas, do outro as vândalos, incitando a violência, destruindo patrimônio público e privado. O cenário de guerra esta armado. Autoridades se vêem impotentes diante da precisão e audácia dos marginais. No dia seguinte, contabilizam os prejuízos, os mortos e feridos. E a sensação é de haverá sempre um motim iminente.
O estado repudia todo ato violento e diz que vai punir cada um dos responsáveis, mas estes são “malandros” e escondem os rostos para não serem identificados. Instaura-se um clima de segurança e uma onda de incertezas num país que já detém altos índices de violência urbana. Com isso, aqueles cujo desejo é apenas reivindicar, acabam sendo prejudicados pela minoria empenhada num terrorismo barato e espontâneo.
Diante desse cenário é possível afirmar que o empenho das milícias é ineficaz na contenção de pequenas ondas de violência e não tem condições de evitar tamanha destruição. A impressão que se tem é de que estamos numa cadeira de cinema para assistir filmes de “bang-bang” – a única força que pode combater o inimigo são balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo, numa terra sem leis, onde os cowboys trocam as armas por pedras, paus e tudo que encontrar pela frente.