UM OLHAR HISTÓRICO SOBRE A CIDADE
Segundo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira em sua obra Dicionário da língua portuguesa, faz uma descrição da cidade:
"Cidade sf. 1. Complexo demográfico formado por importante concentração populacional não agrícola e dada a atividades de caráter mercantil, industrial, financeiro e cultural; urbe. 2. O conjunto dos habitantes da cidade. 3. Restr. O centro comercial."
Antes de chegar a este conceito sobre o que é a cidade, o homem passou por diversos períodos de evolução que acorreram no que hoje se conhece sobre o tema. A cidade nasce a partir da necessidade humana de se estabelecer e de uma evolução natural que é própria deste, neste contexto, ainda pré-histórico, segundo Barbosa (2012) ocorrida por volta do período neolítico quando o homem desenvolve a técnica da agricultura e domesticação dos animais de maneira mais coesa facilitando assim a sua fixação nos diferentes territórios, era uma sociedade agrícola. Sendo assim o ser humano cada vez e mais com o passar do tempo procurou os lugares mais aptos para desenvolverem suas atividades, daí se explica inicialmente o surgimento de cidades sempre em regiões próximas a rios como ocorreu no Egito (rio Nilo) e na Mesopotâmia (rios Tigre e Eufrates), surgindo assim não só cidades poderosas como verdadeiros impérios, inicia-se também com estes povos uma visão um pouco mais avançada do que viria ser a cidade como centro político, cultural e militar.
Na antiguidade clássica o contexto de cidade já evolui de forma muito significativa, com advento de novas técnicas como o desenvolvimento da matemática e da filosofia aliadas a táticas militares mais elaboradas propiciaram a formação das grandes civilizações clássicas, Grécia com as cidades estado e Roma se destacam, e um maior contato entre os povos da Europa, África e a Ásia (Oriente Médio), pois a cidade agora se tornara centro político, religioso, administrativo e cultural por excelência, as cidades tornam-se também grandes centros de comércio. Neste mesmo período ainda se destaca o surgimento da democracia na Grécia, onde a cidade concretiza seu status de centro político.
No século V d.C. o mundo ocidental assim como as cidades, passam por uma transformação intrínseca no curso da história: a queda do Império Romano do Ocidente. Este fato marca uma passagem da antiguidade para a chamada Idade Média ou era Medieval. No primeiro momento as cidades são quase que evacuadas, por diversos fatores, como saques, dificuldades no abastecimento de provisões, instabilidade política. Onde surge um inverso do que até então ocorrera o oposto, a evasão demográfica das cidades para o campo. Este período é marcado quase que exclusivamente por os famosos feudos medievais, que seriam grandes latifúndios onde por falta de uma política centralizada, os donos ou senhores feudais gozavam de poderes absolutos em seus feudos.
A partir do século XII com o desenvolvimento, ou uma espécie de renascimento comercial com os habitantes das cidades chamados burgos ou burgueses, tem início uma nova fase na economia das cidades, desembocando também em um novo alvorecer político, pois as cidades começam a ganhar cada vez mais espaço novamente, voltando a estabelecer traços de outrora, como os feudos desenvolvera uma economia basicamente de subsistência, as cidades ao contrário mostravam maior variedade, também se destaca o desenvolvimento técnico ocorrido na cidade, onde enquanto nos feudos não existia instituições organizadas, na cidade marcada principalmente por apresentar órgãos da Igreja Católica, como educandários, dioceses e outros, desenvolveu-se importantes inovações como, a substituição dos algarismos romanos pelo indo-arábico e a numeração decimal e a introdução da álgebra, a invenção dos primeiros relógios mecânicos, os moinhos de vento, a criação de lentes ópticas rudimentares, na agricultura o arado e a tração de animais entre outros utensílios agrícolas, na construção naval a vela latina e o leme de proa, o início do uso da pólvora, descoberta pelos chineses com fins somente pirotécnicos, mas agora com fins militares entre outros. Mas o advento do capitalismo com os burgueses torna-se uma característica marcante e imprescindível.
No século XV e XVI, marcados pelo movimento do Renascimento e pelas grande navegações e descobrimentos, as cidades se tornam reais centros financeiros e administrativos, neste sentido ver-se as formações de metrópoles como centro do poder e da administração de grandes unidades do Estado (sede da corte). Já na segunda metade do século XVIII as cidades passam por uma revolução que marcaria o curso da história e que fixaria o capitalismo com modo de produção singular em todo o mundo: a Revolução Industrial. Esta marca uma nova perspectiva nas cidades, principalmente as capitais, ou metrópoles, onde há um crescimento demográfico nunca visto antes, Londres torna-se um símbolo deste período chegando a mais de 1 milhão de habitantes em 1810. Este crescimento também evidencia outro problema do capitalismo: a divisão de classes de maneira bastantes incisiva, a Burguesia (classe dominante) e o Proletariado (trabalhadores, principalmente fabris). Surgi neste mesmo contexto as periferias e os grandes problemas sociais.
O século XX, marca o ritmo acelerado com o qual se deu a revolução industrial, e maximizado pelos avanços tecnológicos, como a eletricidade, o telefone, o automóvel. As cidades também se caracterizam por serem centros filosóficos que muitas vezes contribuem para a libertação (lutas por direitos e igualdade), como também para grilhões do próprio homem (totalitarismo, intolerância, descriminação, abandono do ser humano, individualismo). Na cidade é o território que as relações humanas se desenvolvem de maneira mais intrínseca e intensa, onde contato e o desenvolvimento humano resulta em uma complexa mais perene evolução.
Referências:
BARBOSA, Adauto Gomes. Geografia Urbana. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco - IFPE e Universidade Aberta do Brasil – UAB. Recife: IFPE – UAB, 2012. Págs. 13 – 39.
FERREIRA, A. B. H. Aurélio século XXI: o minidicionário da Língua Portuguesa. Coordenação de edição, Margarida dos Anjos; Marina Baird Ferreira; lexicografia, Margarida dos Anjos [et al]. 4ª. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
AZEVEDO, Gislaine Campos; SERIACOPI, Reinaldo. História: volume único: livro do professor. São Paulo: Ática, 2005. 552 págs. 1ª ed.
FIGUEIRA, Divalte Garcia. História: volume único: livro do professor. São Paulo: Ática, 2007. 440 págs. 1ª ed.
Ecce Homo- A cidade. Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=iVrZtaQp0r4, acessado em 03/08/2013.