A culpa de amar

Ele não se desculpou de nada, não foi o único a falir.

As pessoas antes de acusar deveriam saber das coisas, porque do devaneio, das inconseqüências enfim.

Um dia abriu seu coração, confiando segredos, a alguém que pensava então poder confiar, achava que poderia ter uma cumplicidade que, outrora nunca houvera, mas cometeu um erro trágico e não foi muito bem compreendido.

O grande pecado era ele mesmo, porque foi ingênuo em ter confiado em quem não podia. Os seus grandes pecados foram se deixar subjugar, menosprezar, talvez for um covarde com medo da vida, deixar muitas vezes de falar algo para não criar atritos, com atitudes isoladas, solitárias. Nunca se procurou ter alianças para uma ajuda mutua, uma cumplicidade, sempre se carregando um enorme orgulho sobre os ombros, mas cobrando e agredindo.

Foi ingênuo, talvez tenha sido realmente, mas sempre foi movido à emoção, nunca conseguindo ter e exercer uma maldade explicitada.

Criativo e habilidoso sempre foi e tendo muito amor para dar “ ainda ”, hoje questiona as verdades vividas, quantos preconceitos que marcaram-no e se calou sofrido.

O sucesso de alguém é marcado pela objetividade a que se propõe. Qual o objetivo presente? Um emaranhado de dúvidas, de incertezas e inseguranças de todos os valores.

Muitas pessoas demoram mais que outras a tudo se resolverem na vida, a se encontrarem. Ama e é amado também, e por isso ainda guarda esperanças de sonhos de vida.

Não é unânime, mas seu pai quando se foi, deve ter levado com ele muitas angústias e amarguras, e uma sensação de abandono muito forte, representada por uma única lágrima que deixou, foi seu último gesto em vida.

Não poderia, de modo algum, condenar os gestos de alguém que fez parte da sua vida, mas espera que, quando em tal semelhança, deixe um sorriso.

Eduardo Gragnani 2003

Du Gragnani
Enviado por Du Gragnani em 24/08/2013
Código do texto: T4449659
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.