O ENORME VALOR DE UMA GRANDE AMIZADE
Durval Carvalhal
ANA PAIM, terna e dileta amiga! Só pessoas de altíssima sensibilidade literária escrevem preciosidades desse naipe com riqueza de imagens: “Talvez pensassem que estaríamos fáceis para um pisoteio”. [... lembra-se das pedras? Eles não colheram os nossos frutos! Eles não conseguiriam atirar uma pedra, tão alto assim; embora estivéssemos sentados no chão...]”. Quão deslumbrantes e belas imagens!
Creio que era no Hotel Novo Leste, situado no centro da simpática cidade de Senhor do Bonfim, distante 384 km de Salvador, com marcantes características coloniais, hóspede de executivos e gestores de empresa, onde nossas reflexões e conversas afiadas fluíam e alçavam voo.
Há momentos em que pessoas sentem-se sozinhas, desamparadas, perdidas, fragilizadas no contexto do dia a dia, afinal de contas, a vida é, ao mesmo tempo, traiçoeira, imprevisível, gostosa, bela, mas frágil como o cristal, que, a qualquer momento, pode quebrar-se. Nada é eterno. E é desse mar tenebroso que emerge a figura majestosa do AMIGO; amigo que acolhe o outro com ardor, simplesmente porque tem o doce dom de acolher, como a compreender profundamente a sentença de J. Cristo de que “Não é bom que o homem esteja só”.
É nessas horas terríveis, amiga, que quem se sente bagaço sugado e atirado ao chão, volta a enxergar as estrelas no céu; volta a sentir seus pés tocando o chão; volta a ver compensação na dor de viver; volta a evocar Raul Pompeia, logo na abertura da sua obra prima: “Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta”.
O mundo, Aninha, é um ateneu real bifurcado; ora chistoso, agradável e generoso, ora simplesmente cruel, crudelíssimo, sopesado pela existência do AMIGO; e o grande amigo tangencia a irmandade, confundindo-se com um verdadeiro irmão; irmão confidente que emite palavras de conforto e ânimo nos momentos dificultosos; que compartilha as nuances da vida, dos sonhos, dos medos e dos equívocos; que sabe ser eloquente mesmo no silêncio; que sabe ser o contraponto da venda da alma ao diabo.
O ser humano, por ser gregário, sente-se feliz por ter amigos e poder saborear o sentimento de pertencimento a um grupo. Dessa forma, Ana Paim, minha enorme gratidão por você existir, porque “Amigo é coisa para se guardar, debaixo de sete chaves, dentro do coração”.
CANÇÃO DA AMÉRICA: http://www.youtube.com/watch?v=OlcQE4NeXow