Crise e Equilíbrio Social
Parece que atualmente vivemos o mais longo período e a mais aguda crise de todos os tempos, isto por que perdemos o referencial de valores. Concretamente nada mais tem valor real. Em política ainda temos o sistema representativo, mas já não responde mais às demandas sociais. A sociedade vive a era da informática, enquanto os políticos fazem discursos vazios, para si mesmos e nem eles mesmos escutam ou levam a sério. Em religião as crenças tornaram-se um self-service que cada um escolhe o que lhe agradar mais. E em economia estamos diante de valores virtuais. São tantos bilhões, mas a moeda não existe, pois é somente um número imaginário. Vivemos um mundo virtual com a globalização da informação. Tudo é uma imagem virtual produzida a partir de números. A imagem se sobrepõe ao real. É como um brinquedo de criança: faz de conta. “Faz de conta que eu sou a mamãe, que você é papai, que a fulana é a tia...” Os valores deram lugar aos números. E não são números sagrados, como queria Pitágoras, mas criadores de imagens, geradas por números.
O Eu não existe mais, tornou-se um número ou senha. A família, um número de indivíduos convivendo no mesmo teto. A sociedade, um número x de habitantes. Querem um exemplo? Para provar que existimos não basta nossa presença, temos que apresentar o número de identidade. O próprio amor é uma imagem formada por números.
Diante de tal crise, onde buscar o equilíbrio? Todos estamos sedentos de humanidade. Penso que seja através de um novo Renascimento, isto é, voltarmos até onde nos desviamos - nos trocamos por números - encontrar nossa identidade e a partir daí seguir. Só, então, encontraremos novamente o equilíbrio.