Brasil; Entre a descoberta e a reprodução.

Atualmente vivemos em uma sociedade tecnocratizada, aonde as especificidades e as especialidades, ganham trono cativo no setor privado e sobretudo no, público em relação aos saberes plurais que poderiam manter, intercâmbio com a sociedade e conexão com as realidades complexas de nosso tecido social. A lógica da máquina artificial tomou conta de problemas não artificiais e sim humanos aonde nem sempre a lógica sobrevive. Desde as universidades que não formam mais, grandes profissionais das, humanidades dando ênfase paras as matérias especificas do universo corporativo de caráter quantificavel mas não humanitário até políticas públicas, elaboradas e gerenciadas por burocratas incompetentes no trato com o ser humano, promovendo assim nos, Estados Democráticos de Direito, a politização da técnica irracional e burra, adquirindo os cidadãos das abandonadas, polis o direito ao não sentir.

Existem estudos que mostram como os equipamentos tecnológicos, exportados pelos países desenvolvidos aos subdesenvolvidos, obedecem a uma lógica fria, comercial de caráter imperialista. Obviamente que tais equipamentos contêm dentro de si uma visão de mundo, portanto uma cultura sendo eles, além de tecnológicos produtos culturais elaborados por nações com visões e contextos diferentes do nosso. Digo, Brasil. A história comprova isso.

Durante as guerras mais importantes do século XX , os soldados norte-americanos foram para o front de batalha abandonando as fábricas. Suas esposas na época, foram trabalhar nas fábricas nos lugares dos maridos e nos campos de batalha como enfermeiras. Foi aí que começou o movimento das sufragettes, que com sua luta política lideraram manifestações pelo direito das mulheres votarem e inserirem-se definitivamente no mercado de trabalho.

Nesta época, a indústria capitalista criou produtos para esta nova mulher revolucionando todas as relações sociais de até então nos, Estados Unidos. Máquinas de lavar, enceradeiras foram criadas para atender as demandas das americanas que não mais tinham tempo para cuidarem efetivamente do lar e para facilitar a manutenção da vida prosaica, criando conforto e imediatismo.

A moda porta ponte surge assim como o jeans, Levis Strauss, para pessoas que não mais tinham tempo para se arrumar e que precisavam de agilidade. Assim uma divisão racional e mecânica do tempo é criada pela sociedade de consumo no início do século, vinte.

Trazendo este fenômeno cultural e sociológico para o, Brasil. É notadamente verificado nos confins da história que fomos influenciados pela cultura norte-americana. A questão é que a partir da construção real da nova mulher e do novo homem, talhadas pela revolução industrial capitalista, houve uma construção destes no imaginário tupiniquim . A questão é que a mulher brasileira assim como o homem que surgiram no inicio do século vinte, não se recriaram a partir de conquistas adquiridas pela luta de classes surgidas aqui mas sim importadas de outra nação geograficamente e culturalmente diferente da nossa.

A chegada do rádio que substituiu as inter-relações emocionais que anteriormente existiam entre as pessoas, acabou por ter uma transformação maior ainda com a vinda da televisão. As famílias, antes, células de sustentação do tecido orgânico social, deixaram de conversar antes e depois das refeições e começaram a se reunir ao redor de um aparelhinho construtor de sonhos lúdicos, uma máquina artificial. A quantificação e mecanicidade dos intercâmbios sociais começaram a adquirir fôrça no Brasil a partir deste momento. É importante lembrar que tanto um como outro veículo de comunicação chegaram tarde aqui.

O, Brasil era um país que até o governo Getulista, constituía-se em um estado cuja monocultura atrasada ainda era o principal ativo econômico, sem tratados trabalhistas e leis que configurassem uma estrutura industrial. Nem cadeia produtiva possuía até o inicio do século passado. Nossa sociedade nutria demandas completamente diferentes das nações capitalistas (norte-americana e as democracias europeias). Os inventos tecnológicos criados para dividir o tempo capitalista incorporaram-se ao nosso tempo cronológico, acelerando um processo psíquico para o consumo que não encontrava sentido no Brasil de então.

As invenções de bem-estar criadas pelas empresas norte-americanas e europeias, tinham sua origem na industria da guerra através das tecnologias criadas pelo militarismo Yanke. Como os materiais utilizados para a fabricação da caneta bique e a criação da internet. Portanto tinham um compromisso com a produtividade, disciplina e metodicidade devido a tais inventos terem origem belicista.

O problema vem da incorporação de tais valores oriundos de máquinas serem inseridos nos valores humanos e sociais do nosso país. Mulheres e homens construindo suas imagens e projeções através dos tempos de forma mecânica, lógica extirpando todas as contradições inerentes à formação da estrutura genética, antropo – biológica.

Somos uma nação sentimental, sinestésica e simples. Precisamos nos redescobrir ou melhor, nos descobrirmos como tal. O Brasil existe e está nas florestas e nas matas aonde índios e povos ribeirinhos resistem fortemente à foice do tempo, representado pelo capital financeiro e madeireiras. Nos campos e sertões aonde famílias resistem a industria da seca. No sincretismo religioso e na pluralidade religiosa, verdadeiro caldeirão aonde os tratados divinos de varias nações se misturam.

As variadas lutas impulsionadas pelas feministas no final dos anos 70 e pela nova classe de empreendedores com a abertura de mercado com a vitória do neoliberalismo no planeta, aspiraram e aspiram ao bem-estar material e gosto pela vida prosaica. Nossa nação se robotizou e consagrou um modelo totalmente paradoxal ao nosso desenvolvimento potencial. Nosso tempo não é o tempo norte-americano ou europeu. Temos com urgência que nos constituir como nação ou seremos eternamente xérox mau impressa dos bárbaros modernos.

amanhecer poetico
Enviado por amanhecer poetico em 09/07/2013
Reeditado em 23/07/2013
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