O POVO BRASILEIRO ACORDOU

As passeatas que paralisaram a maioria das cidades brasileiras começaram como um movimento contra o aumento das passagens dos transportes públicos, movimento esse organizado pela associação “Passe Livre” e em pouco tempo ganhou as redes sociais e, ao agregar os mais variados setores não organizados da sociedade e principalmente os jovens, agregou também novas reivindicações como melhorias na saúde e educação, fim da corrupção e transparência nos gastos públicos. É consenso que o reajuste dos transportes públicos foi apenas o estopim. Uma série de frustrações vinha se acumulando nos últimos anos com aumento da corrupção, com os descasos do poder público com a população em geral, com as promessas políticas não cumpridas e até mesmo com a má gestão do dinheiro público. Mas não há dúvida de que a melhora na renda da população ocorrida na última década fez com que as pessoas tivessem uma melhora significativa no estilo de vida, o que os levou a pagar mais impostos e consequentemente passassem a exigir melhores serviços públicos e melhor transparência, pois se pagam tantos impostos os serviços não deveriam ser tão ruins. Tudo isso fez o país parar. A primeira dessas reivindicações foi atendida pelos prefeitos das principais cidades do país, o que deve impulsionar os manifestantes aumentar os protestos a fim de obter novas conquistas. De repente, um país pacífico com um povo pacato que parecia indiferente aos problemas pelos quais o país está passando, o que inclusive chamava a atenção do mundo, pois em outros países a população sai às ruas por muito menos, despertou e, surfando na mesma onda que assolou a Europa e os Países Árabes nos últimos anos, ganhou as ruas a fim de serem ouvidos. Independentemente das vitórias que os manifestantes venham obter, uma coisa ficou bem clara: o povo descobriu que tem voz e dessa forma o país passa a ter uma nova realidade. Os políticos, os quais na mais das vezes tratavam a população com desdém, terão de ouvir seus eleitores e não mais fazê-los de idiotas. É inegável que uma reforma política e uma melhora nos servições públicos entrará na agenda de nossos governantes daqui para frente. E o Governo Federal terá de vir à publico e dar uma resposta, seja ela qual for. Só assim, a onda de protesto arrefecerá e o país voltará à normalidade.