A ERA DO VAZIO E AS CRISES PÓS-MODERNAS UMA CRÍTICA A STUART HALL.

Não é um dado aleatório ou tendêncialista o resultado de algumas pesquisas na sanidade mundial dizendo que nós seres humanos dos tempos pós-modernos estamos imersos a uma tão contagiosa crise de identidade, e que esta crise está pautada nas emoções e nos questionamentos subjetivos da mente (psique). Isto não é uma histeria coletiva e sim uma doença dos processos pós-modernos.

A ansiedade, o pânico social, a sensação de solidão, insônia, pânico noturno e abandono que tantas pessoas modernas se queixam, vem de uma lacuna, ou melhor, de um vazio no amago do intelecto do ser humano. Tal vazio que já foi questionado por muitos pensadores, poetas melodramáticos e até pelo dramaturgo inglês William Shakespeare em uma das suas melhores crises abstracionistas, não se compara ao que pessoas inseridas nesta pós-modernidade de avanços tecno-cientificos estão defrontando. Para alguns sociólogos e psicólogos esta crise de moldes peculiar é o resultante de várias aculturações do modo de vida pós-moderno.

Segundo Gilles Lipovetsky em uma das suas principais obras “A Era do Vazio” que enfatiza sociedade pós-moderna marcada, segundo ele, pelo desinvestimento público, pela perda de sentido das grandes instituições morais( religiosidade e ensino cívico), sociais e políticas, e por uma cultura aberta que caracteriza a regulação "cool" das relações humanas, em que predominam tolerância, hedonismo, personalização dos processos de socialização e coexistência pacífico-lúdica dos antagonismos - violência e convívio, modernismo e "retrô", ambientalismo e consumo desregrado - , etc. É a questão “x” deste ser perdido em si e de grande carência social. Esta “Era do Vazio” na verdade está além das causas enunciadas por Lipovetsky, pois é um vazio intrínseco na alma humana, uma falta de objetividade de luta, ou de uma causa social a lutar.

A mente humana se sente em privilégio quando ela tem algo preponderantemente justificador a lutar, que são as chamadas “fugas sociais”. Então muitos se refugiam em partido políticos; na defesa um time de futebol fanaticamente; mergulham nos estudos científicos; se refugiam em movimentos sociais; causas ambientais; e até mesmo nas drogas e na violência, etc. Entretanto, tais atitudes são remédios paliativos que só fazem enaltecer essa dependência angustiosa de um vazio.

Nesta busca esfomeada por um preenchimento interior e de uma justificativa pra viver começam a pior das dependências psicológicas, comparadas e só superadas pelas drogas mais encarcerantes: os livros de autoajuda. Segundo dados internacionais em revistas e artigos de psicologia, o mundo pós-moderno tem consumido uma quantidade estupenda de livros do gênero autoajuda, o que evidencia cada vez mais esse vazio, essa “Era do vazio”.

Diante desta compreensão “holofótica” básica é mais fácil compreender os últimos acontecimentos, os protestos de reivindicações diversas que o Brasil tem noticiado para o mundo, pois diferente de tempos passados em que o mundo tinha como requisito básico de sobrevivência social o contestamento e a rebeldia sistemática, essa “geração do rebelde sem causa” grita por algo a lutar, se engajando em uma bandeira que na verdade é seu próprio grito interior em desespero de objetivos sem-objetivos, pois não se sentiam em uma época especial até então.

Esta “Era do Vazio” é algo quase paradoxalmente incompreensivo, pois, os chamados tempos modernos nos tem inseridos em uma sociedade de várias ocupações e entretenimentos, pois veja bem, tendo por base comparativa os tempos antigos, a idade média em que o ser humano “não tinha Passa-Tempo e distrações” e, no entanto, tais sociedade viviam relativamente satisfeita em suas vidas, não havendo tanta depressão e doenças psicossomáticas da alma como nos chamados tempos pós-modernos tecno-cientificos, em que a humanidade tem experimentado.Estamos na era da indústria do entretenimento e, paradoxalmente, na era do tédio como falou Augusto Cury. O curioso de tudo isso é que essa desvinculação social, esse afastamento individualista ocorrer em um tempo que a informação viaja em redes sociais globais da internet, sendo que esta deveria unir e suprimir ao menos em parte essa solidão individualista deste ser informatizado.

Então como contornar essa crise de identidade psicológica da pós-modernidade que nos traz tantos males. Na verdade, os moldes modernos de criação pedagógicas, a desvinculação da autoridade paternal em substituição para as leis pautadas em ondas pós-modernistas de uma nova pedagogia familiar, é um experimento novíssimo e de resultado a longo prazo.

Tal coisa nenhum psicólogo pode afirmar que a criação e a educação de uma criança deve passar por regras pré-determinadas por uma política social do “remendar” e “remediar”, claro, não se deve pregar a violência contra a criança, mas, há quem defenda que um tapinha não deixou a geração de nossos avós traumatizados, pelo contrário, moldaram os reais limites da libertinagem humana. Sabemos que tais afirmações são polêmicas, entretanto, na comparativa de uma geração que apanhou e de uma que é proibida de apanhar, qual delas se saíram melhores cidadãos, mas isso tem muitas questões inseridas que torna tais argumentativas depreciativas.

Os resultados desta nova pedagogia é o desastre atual da violência e da rebeldia juvenil enaltecido pela onda de informações do que é visto como nova juventude. Tal pedagogia não funciona, pois se funcionasse nossa sociedade pós-moderna seria modelo evolutivo para as demais passadas, e esse vazio crescente não acabaria nesta busca incessante de afirmação social.

A verdade é que, a sociedade que conhecemos agora está longe da perfeição e até longe daquela que estava em processo de reajuste, por que perdeu suas referências ideológicas mais profundas, “a Espiritualidade”, e nesta bola de neve não há como retornar, pois se os padrões sociais antigos funcionavam e esses novos não funcionam cabe a nós escolher como direcionar nossa conduta social e a da nossa família.

OPINIÃO: EVERILSON SANTOS

Lililson
Enviado por Lililson em 24/06/2013
Reeditado em 29/10/2014
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