Protestar por protestar não leva a lugar algum!
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Protestar por protestar não leva a lugar algum. Pode ser algo chocante para alguns, incômodo para outros, mas é a verdade. As manifestações que o Brasil vem presenciando são, realmente, incríveis. Números gigantescos mostram indignação geral. No entanto, falta substância, uma base firme, para essas manifestações.
Contudo, inicialmente as coisas não eram assim. As manifestações começaram como mais do mesmo, o Movimento Passe Livre - com supostas ligações com o PSTU – junto com outros grupos principalmente estudantis reivindicando a diminuição do preço da passagem. Era sim, um grupo esquerdista, buscando claramente medidas progressistas – maior controle estatal e intervenção no preço da passagem, muitas vezes pedindo o passe livre.
No entanto, algo nessa vez ocorreu de forma diferente. A usual repressão da polícia foi noticiada, parecendo aos olhos de boa parte do público mais forte e exagerada. O medo da inflação que parece prestes a retornar, os aumentos consecutivos do desemprego desde dezembro de 2012, os gastos com a Copa do Mundo e o caos que é viver nas grandes cidades, onde nada parece funcionar deram um impulso para transformar 20 centavos em algo de proporções muito maiores. A partir desse momento, o grande número de pessoas fez com que ainda mais pessoas participassem, criando uma corrente que fez com que 300 000 pessoas se juntassem para protestar no Rio.
Todavia, no meio de toda essa euforia que fez com que mais e mais pessoas – principalmente estudantes – se juntassem aos revoltados, algo se perdeu. E o que se perdeu foi o propósito. Isso porque na medida em que mais brasileiros se juntaram ao protesto, as passeatas deixaram de serem socialistas, passando a mostrar apenas uma indignação geral quanto ao governo, à copa, aos serviços públicos e privados e, principalmente, quanto à corrupção e aos partidos políticos, que todo ano custam ao povo do Brasil dezenas de bilhões de reais.
Nesse ponto, há uma questão muito interessante, o apartidarismo que o movimento desenvolveu. Essas passeatas, como já dito, não eram assim no princípio, mas se tornaram. E por mais que eu próprio tenha críticas a todos os partidos oficializados no Brasil, não só em relação à corrupção geral, mas também quanto às ideologias de todos esses grupos, eles são necessários. Esse é outro ponto que muitas vezes é incômodo: por mais que você ou eu não gostemos dos políticos, por inúmeros motivos, não há como mudar algo em uma sociedade em que vige a democracia representativa sem os representantes. É como mudar algo em uma monarquia absoluta sem o rei: o único jeito é subvertendo o regime.
Visto que a maioria da população brasileira é democrata, crê-se que não é do interesse dessa subverter o atual regime democrático que, por mais que possua falhas, é uma ordem à qual a grande maioria prefere se comparada com a Ditadura Militar – ou um possível novo sistema, como a monarquia ou o anarquismo. Dito isso, fica claro que partidos são importantes. No entanto, isso não quer dizer que se deve escolher um desses grupos atualmente existentes e votar, militar, por ele. Isso porque existem diversos partidos em formação que trazem, ao menos, um detalhe diferente daquilo que estamos acostumados na atual política, além de que sempre se pode tentar criar mais um. Logo, opções não faltam.
Além disso, por mais que pareça um pouco radical falar, protestar contra a corrupção, por mais bonito que possa parecer, é algo sem sentido. Isso é como protestar contra a fome, pode até
ser bonitinho, mas não combate a mazela. Não estou dizendo que furtar dinheiro público não é um problema, nem mesmo que é algo impossível de resolver, mas sim que passeatas contra esse crime não farão nada mudar. São necessárias medidas reais, criticar não o crime, mas o criminoso, mostrar quem é o alvo, e o que se quer dele – a renúncia, por exemplo -, e propor mudanças estruturais que visem reduzir ao longo do tempo essa situação.
O Brasil pode sim mudar, ser um país diferente, um exemplo para a América do Sul – e quem sabe para o mundo. Contudo, não irá chegar a essa condição com um apartidarismo besta e uma ideologia confusa. É preciso haver mobilização popular, mas uma mobilização inteligente, que tenha objetivo definidos, não uma indignação geral que não tem um propósito claro. Entretanto, é preciso notar que nem todos os manifestantes apresentavam essa característica, muitos deles apresentavam propostas claras, e é disso que precisamos, porque protestar por protestar não leva a lugar algum!