COM A PAZ, EM DEFESA DA PAZ
Vivemos em um país de muitas riquezas naturais, de dimensões de um continente e de gente, deveras, hospitaleira. Entrementes, vivemos em um país que, desde a chegada dos europeus, ostenta a violência nas mais variadas formas. Os indígenas sofreram a violência dos brancos, os negros foram violentados e, agora, a violência urbana brasileira vive estampada nas páginas dos jornais e TVs do mundo inteiro. Os praticantes e vítimas da violência atual são formados por todas as classes brasileiras. Negros, brancos, índios, mulatos e mestiços sofrem e praticam violência no Brasil.
Muitos são violentos em nome de uma falsa liberdade de pensamento, expressão e manifestação. O fato de viverem em um país democrático, no entanto, não lhes permite desrespeitar o direito de outros não serem agredidos.
O Brasil vive constantemente em guerra. As agressões ao patrimônio público são perpetradas por políticos e grupos que se dizem defensores dos direitos humanos. Engraçado: hoje, eu vi, sutilmente, em um telejornal, numa reportagem sobre a violência em São Paulo, um político que, na última eleição presidencial, era um dos candidatos com quem eu simpatizava. Ele é um dos participantes do movimento que luta contra o aumento no preço das passagens no transporte público. Contudo, esse mesmo movimento está cometendo, por alguns de seus integrantes, agressões a pessoas e prédios. Esse grupo se esquece de que temos a obrigação de não agredir o outro.
É fundamental lutarmos pelos direitos humanos. Temos o direito de manifestar o nosso pensamento. O direito de expressão é garantido constitucionalmente. Podemos exercer a crítica sobre qualquer problema social, se tivermos a fundamentação necessária para tal atitude.
Sou a favor de todas as práticas em defesa da vida, da liberdade e de todos os direitos humanos, desde que essas práticas não se utilizem de métodos violentos. Eu, por exemplo, em determinados momentos, faço críticas ferrenhas no tocante a determinados assuntos. Apesar disso, jamais me utilizarei de métodos violentos. Não é com violência que se luta contra ela. Não é desrespeitando o direito do outro que se defende o direito próprio.
Concluo esta reflexão mencionando o grande pacifista do século XX: Mahatma Gandhi. Na tarde de 30 de janeiro de 1948, o indiano dirigia-se ao lugar da oração, com a companhia de dois de seus seguidores. Um chefe de polícia, com medo de um novo atentado contra Gandhi, levava uma pasta fechada. Gandhi perguntou o que o policial levava na pasta. Não obtendo a resposta, disse com tristeza: “Já sei... Uma arma de fogo para me defender... Enquanto uns ainda devem matar para defender os outros, eu não cumpri ainda a minha missão. Morram milhares como eu, mas triunfe a verdade!” (Mahatma Gandhi: O Apóstolo da Não-violência).
Posteriormente, o grande homem defensor da paz foi assassinado.
Ah... ahimsa!