Tragédia em Santa Maria
O que aconteceu em Santa Maria (RS) no dia 27 de janeiro deste ano não foi fatalidade. É fato que muitas bandas/grupos usam de artifícios para chamar a atenção do público e proporcionar interatividade à sua apresentação. Contudo, fazem isso de maneira planejada. E não foi o que ocorreu naquele dia.
A prisão de dois integrantes da banda (Gurizada Fandangueira) e de dois sócios da “Boate Kiss”, reascendeu discussões sobre os principais responsáveis pelo incêndio. Recentemente os quatro foram libertos sob o pretexto de que são réis primários, não oferecem risco à sociedade e não atrapalhariam as investigações. Magistrados dizem que uma vez enquadrado o crime como doloso e hediondo, os acusados não poderiam responder em liberdade.
Reflita que aquele incêndio apagou a chama da esperança em muita gente. Não que a morte seja o fim da vida, mas um morte jovem e prematura, causada por um motivo torpe, indigna qualquer pai e mãe que cria seu filho com o intuito de que ele cresça e se torne motivo de orgulho para toda família.
Imagine 242 médicos, professores, advogados... Agora reflita quantos talentos desperdiçados, quanto sonhos desfeitos, quantos profissionais a menos no mercado. Tudo isso devido a imprudência de pessoas, que embora não tenham tido intenção, poderiam ter evitado tamanha destruição e dor.
A tragédia mostra o descaso na vida noturna – a incapacidade dos estabelecimentos em lidar com situações de emergência e a ineficácia da gestão pública em fiscalizar casas de entretenimento. A sociedade clama por justiça. Num país onde se devia trabalhar com a prevenção, conserva-se um modelo reativo, onde vidas tem que serem ceifadas, para só depois tomarem as devidas medidas cabíveis.