QUANTO CUSTA TER UMA FURRECA?

Nem digo carro, falo de furreca mesmo.

Desesperado em busca de dinheiro, os governos Estadual e Municipal, exploram o único tipo de conforto que, nem todos, mas, boa parte da população dispõe: uma furreca para ir trabalhar, levar os filhos à escola, a um passeio, ir ao supermercado uma vez por mês, ir a um posto médico sofrer na fila e coisas parecidas.

Esse é o ponto de exploração. Esses governos, ou melhor, desgovernos, atacam a furreca do povo: taxa para licenciamento, taxa para circulação, taxa para vistoria, taxa para renovação de licenciamento, taxa para ter furreca, taxa para estacionar a furreca, taxa para andar em via pública, taxa para cobrar a taxa, taxa de seguro obrigatório, taxa para instalar gás, taxa para continuar com o gás, taxa para o INMETRO olhar o gás, taxa para a gasolina, taxa para o álcool, taxa para o gás etc. Agora vêm as multas e as múltiplas máquinas de multar: multa porque foi multado, porque o Estado não tem dinheiro, multa porque o político é corrupto, multa porque as ruas têm buracos; multa porque o amigo do político precisa de emprego, multa porque saiu de casa, multa porque a Polícia Militar não tem viatura, multa porque as cadeias estão superlotadas, multa porque é feriado, porque é natal, porque é dias das crianças etc etc etc.

Estamos cansados! O Governo vai matar o povo. Se o povo morrer, quem vai pagar a conta da pizza?

Assim, vem de lá os órgãos municipais de trânsito e suas respectivas guardas municipais; mais empresas de arrecadação do que de gerenciamento de trânsito; e tiram do pobre povo a sua furreca, muitas vezes patrimônio único, alienado ao banco, com a prestação atrasada. Multam a furreca, prendem a furreca, deixam a família na rua, rebocam a furreca, e ainda cobram uma taxa gatuna pelo serviço de reboque e permanência no pátio.

A furreca do povo virou mina de dinheiro para bancar políticos inescrupulosos.

Gostaria de falar coisas agradáveis, mas pra não dizer que não falei das flores, quando chegamos à primavera, os ipês ficam lindos.

(Extraído do meu livro: O Cronista)