Amazônia, ocupá-la é preservar nossa historia.
Atualmente, alguns setores da sociedade, bem poucos, diga-se de passagem, discutem e refletem sobre a ocupação do Território Amazônico. Notadamente, uma área de conflitos muito antigos e complexos aonde interfere, os índios que restaram do genocídio perpetrado pela nossa historia, o capital financeiro internacional, através de suas "responsáveis", madeireiras, e o governo federal e seu projeto, Belo monte.
Muitos colocam a, Amazônia como terra de ninguém. Uma nação que conhecemos muito bem, a coloca como pertencente a território anexado nos livros de, geografia. E isto, quando eu ainda era garoto.
A questão da, Amazônia para nós, brasileiros, é uma questão que transcende o valor, natural e econômico. A, Amazônia tem valor simbólico fortíssimo para a construção de nossa identidade nacional. Quando da chegada dos portugueses ao Brasil (na época, Pindorama), a Amazônia já daria mostras da importância que ela teria no imaginário de como os portugueses nos enxergariam. Eles a viram como uma ilha riquíssima, linda, tendo de um lado, um suposto, ”oceano amazônico” e do outro, o rio da prata.
Portanto a, Amazônia a partir daí sempre nos representou no imaginário dos povos do mundo inteiro, sendo parte principal da construção de nossa identidade nacional. Seu valor simbólico desde então seria imprescindível para o crescimento de um país que marcaria seu nome no mundo com os símbolos do amor, beleza, fartura e liberdade. Só que a partir do golpe militar da década de sessenta, um processo alienador começa a ser articulado pelos militares tendo grande parte da mídia como aliada. Naqueles tempos, revistas como O Cruzeiro entre outras, estampavam manchetes que diziam que a Amazônia era uma terra de ninguém a espera de um povo sem terra, fazendo alusão às empresas Multinacionais. Uma comparação ao mito sionista criado após a segunda guerra mundial, quando da criação do Estado de Israel e posterior dominação do território da, Palestina, dizia-se; “Uma terra sem povo Para um povo sem terra”. Como se lá já não existisse povo, assim como se na Amazônia dos anos 70, não existisse população.
O estabelecimento de empreiteiras e multinacionais na Amazônia consagrou o capital financeiro internacional na região, com o apoio de fuzis dos militares. Um processo reacionário, antidemocrático então se desenvolveu no território amazônico trazendo consequências nefastas até hoje para nossa construção cultural e ideológica. Hoje em dia o capital financeiro se estabelece não mais precisando do apoio repressivo estatal pois conta com exércitos corporativos, eliminando todas as vozes dissonantes a seu projeto de extrativismo contemporâneo (Chico Mendes nos anos 80, Dorothy stengy mais recentemente.)
Atualmente noventa por cento da população brasileira não sabe o que realmente acontece lá e nem participa politicamente dos acontecimentos responsáveis pela entrega da maior floresta do mundo ao capital internacional. Muito bem, diga-se de passagem, blindado pelas ONGS internacionais lá existentes, responsáveis por desarticularem movimentos como o MST e enfraquecerem os índios que ainda perduram na região. Feridos duramente na alma, perdendo o que de mais rico possuíam que era sua cultura e seu chão, agora mais atraídos por roupas de dizeres americanos, embebidos de água ardente que estão.
A, historia da Amazônia, simbolicamente forma as nossas raízes e nossa historia antropológica. Este espaço, quando não mais é ocupado por nós, brasileiros e sim por Transnacionais, causa-nos uma vergonha que muitos comparam, ao pronunciamento do Imperador Japonês, após o Japão Perder a Guerra tendo Hiroshima e Nagasaki, destruídas. Nunca o povo japonês, ouviu a voz do Imperador. Pois os americanos para envergonhar e destruir o Japão simbolicamente, o fizeram proclamar a derrota japonesa. A ocupação indiscriminada da, Amazônia pelo capital, tem um dimensionamento não tão perceptível, como a destruição de Hiroshima e Nagasaki, mas culturalmente tem nos destruído enquanto, identidade com proporções ainda não dimensionadas.
Os, movimentos sociais e a sociedade brasileira, devem estar atentos a isso e lutar pela reconquista de toda a floresta Amazônica. Pois ocupar a antiga, Pindorama, é ocupar nossa historia.