Estamos Somente a Perder Tempo
Houve um tempo, aqui no Brasil, em que o destino do futuro da nação era outorgado a uns poucos caras fardados que sempre andavam armados.
Estes só entendiam de matar e torturar e nada sabiam sobre política, não gostavam de conversar e éramos obrigados a nos calar.
Passado algum tempo, o povo (?) fez valer o seu direito e a democracia novamente se fez presente e ficamos muito contentes.
E, levados pela euforia, o nosso coração encheu-se de cores, tornou-se multicolorido. Se bem que, logo estas cores perderam a sua tonalidade. E, nem recomeçamos, já houve a primeira decepção.
Mas, eis que uma mão surgiu no horizonte. Ela e os seus cincos dedos apontavam um novo caminho e uma nova direção.
Em oposição à mão se apresentou uma estrela, que se dizia ser como o povo, igual ao povo, do povo e, assim, se postava como a solução para os nossos tantos infortúnios.
Somente que, uma grande dúvida pairava em nossa mente. Desde criança aprendemos que as estrelas são amarelas, porque aquela era vermelha? E ficamos com medo e optamos pela mão e os seus cincos dedos.
Após um pequeno interlúdio de tempo, houve outro embate entre a mão e a estrela. Não obstante, a estrela continuava a ser vermelha, enquanto que ao redor da mão, víamos agora um tucano a voar.
Continuamos com medo e quase que nada mudou. De novo, mais um interlúdio de tempo e novamente outro embate.
A mão havia desaparecido, restando apenas o tucano. Já a estrela, se apresentou de maneira muito diferente, com uma fala consistente e com uma cor diferente.
E aos milhares! Invadiram nossas cidades com um monte de publicidade e com muita sutileza, fizeram a nossa cabeça.
E deixamos de lado o medo.
Oxalá continuássemos covardes!
Pois, como uma outra droga qualquer, o efeito provocado pela estrela não perdurou e logo se acabou.
Ao voltarmos da “viajem” e olharmos em volta, percebemos que aqueles em quem a estrela, outrora, jogava pedras, eram agora os seus melhores amigos. As práticas, dantes criticadas, agora faziam parte de suas cartilhas.
Julgavam-se melhores e são bem mais que piores. Sequer tinham um plano de governo e somente se importavam com o poder.
Quanta perca de tempo!
E este é o preço que pagamos. Por acreditarmos e buscarmos ainda salvadores da pátria e termos um sistema eleitoral onde impera a ausência de ideologias político-partidárias.
Nossos partidos são meras legendas e troca-se de partido como se troca de gravata e ainda nos engambelam com um monte de bravatas.
De fato, estamos a perder tempo.
O dólar sobe, o Risco Brasil sobe e os títulos do governo despencam, enquanto que, o respeito dos cidadãos brasileiros para com o seu fútil sistema democrático, já não mais existe. Há muito tempo.
Há muito tempo que estamos somente a perder tempo!