Povo animal!

Tenho lido, visto e ouvido, aqui e acolá, comentários, desencontros, citações, estudos, canções, poesias, etc. e tal, acerca do povo em suas diversas aparições.

Ouvi (e li...) até declarações de um EX-PRESIDENTE da República do Brasil que, em sendo um grande admirador dos equinos, comparou-nos aos portentosos cavalos de seu Haras, declarando a alto e bom som que ‘preferia o cheiro dos cavalos ao cheiro dos humanos... ’.

Convenhamos que haja momentos nos quais meditamos e concluímos que temos muito mais lealdade, companheirismo, atenção dos ditos irracionais do que daqueles que são guindados como racionais, no entanto...

Mais comedidos, alguns de forma mais velada, intelectuais enveredam pelo tema, analisando a luz da razão procedimentos diversos acerca da nossa passagem por aqui.

O compositor/intérprete nordestino Zé Ramalho, por exemplo, poeticamente estabelece um ‘paliativo’ entre a vida humana e a vida de animais, soltando a voz nos versos da canção ADMIRÁVEL GADO NOVO, dentre os quais entoa: “eh, ô, ô, vida de gado, povo marcado, povo feliz!”.

Outro nordestino, o também compositor/cantor e EX-MINISTRO da Cultura, Gilberto Gil, também estabelece um paralelo entre um procedimento humano com procedimento animal, entoando em sua canção PROCISSÃO: “Olha lá vem passando a procissão, se arrastando que nem cobra pelo chão...”.

Já a intrépida compositora/cantora Maria Rita, filha de uma das maiores cantores da MPB nacional, a saudosa ‘pimentinha’ Elis Regina, exclama em seus versos: “... tem gente que vai, tem gente que vem, prá nunca mais... Todos os dias é um vai e vem, a vida se repete na estação, tem gente que chega prá ficar, tem gente que vai prá nunca mais...”.

E, não poderia deixar de citar por fim, sabendo que há vários, senão milhares de abordagens falando de ‘gente como a gente’, na obra-prima GENTE HUMILDE, composição de Chico Buarque de Holanda, que dentre os riquíssimos versos que a compõe, inicia propalando: “Tem certos dias, em que penso em minha gente, e sinto assim, todo o meu peito se apertar...”.

Povo que labuta, batalha, faz um país e que, por vezes é achincalhado, esbulhado, maltratado, humilhado, ridicularizado...

SALVE JORGE!