Motociclismo - um jeito divertido de fugir da mediocridade

É de se pensar no que faz de alguém uma pessoa com perfil de motociclista. Aparentemente não é só ter uma “máquina” e gostar de estar na estrada vencendo ventos e chuvas. Na tentativa de entender o que se passa na cabeça e no coração de alguém que se lança, desconfortavelmente, aos perigos e infortúnios do asfalto, conversei com Osvaldo Francisco Junior (Lazer Piscinas), presidente do Cowboys do Chão Negro, que revelou detalhes interessantes.

Em Guaíra existem quatro equipes de motociclistas. A maior e mais antiga, Cowboys do Chão Negro, tem quarenta e seis filiados. Alguns de seus membros participaram de viagens nacionais e internacionais sobre duas rodas, incluindo o próprio Junior, que esteve em São Padro do Atacama, no Chile, com dois amigos, Wagner Andreolli (gauchinho) e Marcelo Cardoso (de Cascavel). Recentemente, quatro casais de empresários de Guaíra, viajaram de motocicletas até a cidade de Bonito (MS), para participar de evento programada para um tipo específico de público: motociclistas.

Entre motociclistas estão empresários de todas as áreas, agricultores e profissionais liberais, que têm em comum o gosto pela motocicleta e pela aventura, mais não é apenas disso, que é feito a categoria. Ser motociclista é meio que praticar uma religião, há regras, e estas implicam em determinados deveres de cidadania, em atitudes que superam convenções, e que vão além do prazer de se pilotar uma moto.

O motociclista é alguém preocupado com condutas que devem estar inseridas na competência de cuidar de si e dos outros, senão o “cara é apenas motoqueiro”. Ser um motociclista, então, é ter uma filosofia de vida, e trabalhar para que ela se manifeste nas melhores coisas, como por exemplo, em ações beneficentes, em meio ao lazer com a própria família, em reuniões entre amigos e associados, e, claro, em andar de motocicleta.

Junior diz que sem sombra de dúvida, o motociclista é alguém altamente comprometido com ações sociais, pois, “não teria sentido se reunir com amigos apenas para falar de si, ouvir o outro ou andar de motocicleta”. Com o tempo e os encontros que acontecem quinzenalmente, reunindo-se motociclistas e familiares, nasceu entre os Cowboys do Chão Negro, a predisposição para alavancar projetos de ordem social. A partir daí iniciou-se atividades filantrópicas com a participação de outras equipes de motociclistas, visando a arrecadação de produtos que são repassados para diversas entidades sociais do município.

Por essas e por outras é que aquele jeitão marrento, fechado, de alguém sobre uma motocicleta, dos lenços, das jaquetas de couro escura, barbas sem fazer e cabelos ao vento, não significa perigo, pelo contrário, o estigma de que motociclista é alguém irresponsável e barulhento há muito deixou de se aplicar à categoria. O que se vê são homens trabalhadores, pais de família, que não deixaram o romantismo de lado, e acreditam que estando mais próximo da natureza, com mais liberdade para visualizar tudo a sua volta, mais integrado estarão com a vida; um jeito divertido de fugir da mediocridade.

Irami Gonçalves Fernandes Martins

Irami_poeta@hotmail.com