Experiências Traumáticas
Somente vivemos a intensidade de um sentimento quando também passamos por ele. Talvez, seja por isto que Deus permite que vivêssemos tais situações. Não que ela tenha o objetivo de nos punir, de nos fazer sofrer, mas é muito mais que isto, é para sentirmos em nós esta realidade e assim, olharmos para o outro que passa pela mesma circunstancia com um olhar de amor, de atenção, de respeito e de misericórdia.
São das circunstâncias tristes que surgem movimentos em defesas de direitos. Que surgem associações. Que correm mudanças de atitudes e união entre as pessoas. São das circunstâncias tristes e traumáticas que podemos ver a manifestação do amor fraterno e também o despertar para um olhar especifico para determinados temas que às vezes, não damos tanto valor ou nos passa por despercebidos.
Cito dois exemplos, um deles é a questão das drogas. Quantas e quantas vezes pessoas agem preconceituosamente em relação aos dependentes químicos e alcoólatras, porém, ao passar por esta experiência na família passam a ter uma nova concepção sobre o assunto. Passam, inclusive trabalhar nesta área ajudando outras famílias ou mesmo dependentes químicos? Também, quantas vezes são por meio das drogas que as pessoas derrubam os preconceitos religiosos deixando de falar mal das religiões, porque seus entes acabam buscando ajuda e conseguem vencer as drogas em determinadas religiões as quais falavam mal delas e excluíam pessoas por esta ignorância?
Outro exemplo que gostaria de citar é a perda de filhos. Esta é outra experiência traumática para os pais, porém, infelizmente, ainda falta um olhar para este assunto, pois, esta é uma dor sem nome e que leva os pais perderem a qualidade de vida na maioria dos casos se não tiverem uma estrutura psicológica e espiritual sólidas.
A perda de filhos é uma experiência que somente pode sentir aquele que passou por ela. Ainda que muitos através de gestos de solidariedade procurem consolar os pais, ao invés de ajudarem acabam criando certas situações constrangedoras, muitas delas, provocando os isolamentos dos pais em se abrirem para procurar ajuda.
Acredito que falta tanto por parte das religiões, como também através dos serviços públicos de saúde uma maior atenção aos pais que perdem filhos, pois, esta é uma doença depressiva e emocional muito comum que atinge toda uma estrutura familiar.
Em suma, embora, seja triste vivermos situações de sofrimentos como estes mencionados acima, cujo perdemos o teto e o chão, são a partir delas que passamos a ter novos conceitos de vida. Passamos a ser mais solidários uns com os outros. Tornamo-nos mais humanos, tolerantes e deixando de agir preconceituosamente em relação às pessoas e porque não dizer, através delas atingimos um despertar espiritual mais consistente e menos emocional.