Evitemos a escuridão
Mais escuridão, mais escravos
Se nosso modelo educacional fosse modificado para se tornar lógico (prático, inteligente e barato), não existiria o vestibular, provão ENEM * (desculpe o trocadilho) outro tipo de exame massacrante, que se transformou em mero comércio para venda de apostilas (resumo de livros), criação de cursos preparatórios e arrecadação de taxas de milhares de desesperançados que não serão aprovados. Deste montante, apenas 20 % são usados para complementar os parcos salários de alguns professores. O resto já estamos carecas de saber que são desviados para as contas fora do país.
Existem centenas de medidas já sugeridas por quem atua na área educacional para transformar nosso modelo público em algo realmente sério e útil para nossa juventude, objetivando a preparação destes jovens para a difícil tarefa de exercerem a cidadania e conduzirem suas vidas com alguma qualidade ao longo de suas existências. Até eu, que me formei como Professor de Matemática (com orgulho e muita vontade de ensinar) mas não cheguei a dar aulas em colégios (apenas a poucos funcionários na firma onde trabalhei), apesar da minha falta de vivência no ramo, tenho bom senso suficiente para propor meia dúzia de práticas evidentes no sentido de transformar a educação em atividade de respeito. Entre estes poucos itens (que milhares de pessoas certamente já citaram em suas conversas com amigos), podemos ilustrar:
- acompanhamento mensal da evolução de cada aluno, para que ele não seja reprovado no final do exercício por meio ponto ;
- remuneração respeitosa de cada professor e funcionários atrelados ao magistério ;
- turmas de no máximo 30 alunos, para que se possa efetuar o acompanhamento adequado de cada aluno ;
- Redução do extenso período de férias ;
- Programas de participação dos pais junto à escola – o professor precisa conhece-los e estar em contato regular com os mesmos, para que a educação do aluno se faça completa ;
- Uso do mesmo livro por no mínimo 5 anos ;
- Matérias atreladas aos objetivos de cada aluno – sistema de crédito já a partir de 8 ou 9 anos ;
- Ensinamento de assuntos relacionados ao nosso cotidiano (trânsito, política, segurança, higiene, natureza).
Mas esta adequação não interessa às elites, pois com certeza abrirá janelas aos que vivem eternamente na escuridão e acabarão descobrindo o quanto foram explorados por esta classe que não sabe viver de forma participativa.
Acabariam se revoltando por descobrirem que foram sugados por mais de 200 anos.
E uma última medida (a mais importante) deveria ser adotada:
Estabelecer que parentes menores de Governantes (executivo, legislativo, judiciário) fossem obrigados a estudar em escolas públicas enquanto seus pais estivessem em postos públicos decisórios! Bem como obriga-los a realizar consultas em hospitais públicos.
Em seis meses estas instalações seriam transformadas em entidades de qualidade equivalente ao segundo mundo.
* ENEM = Exame Nacional do Ensino Médio
Haroldo P. Barboza - Andarai – RJ - Professor de Matemática, Analista de Computador e poeta.