SERÍAMOS UM SONETO REMENDADO?
APENAS OPINIÃO:
Todas a vezes que me proponho a escrever um artigo sobre determinado assunto fico algo confusa e sei que, via de regra, acabo escrevendo uma crônica na qual me insiro, porque é humanamente impossível opinar sobre o cenário em que estamos inclusos sem que nos enxerguemos criticamente nele.
Política, economia ,sociedade, educação, saúde? Qual seria o remendo da hora?
Fato é que, como país, vivemos momentos incrivelmente difíceis e como cidadãos sentimos a cada dia do nosso mais trivial cotidiano que estamos num impasse de gestão nas várias áreas da administração pública, impasse que repercute de maneira impactante não só na pontual qualidade de vida cidadã bem como nos futuros e decisivos rumos do país.
Não se trata de não acreditar mas se trata de procurar desesperadamente meios para poder acreditar que possamos nos reconstruir rapidamente. Penso ser questão de pura fé.
Outro dia, pela rádio, ouvi uma notícia na qual não acreditava ouvi-la. Diziam lá que corre uma proposta de liberação DE UMA VERBA COMPLEMENTAR pelo Estado, quantia que será liberada urgentemente para que as crianças sejam alfabetizadas nas escolas o mais precocemente possível.
Claro, deduzi que ao menos alguém já percebeu que a educação está caótica... e cabe remendar o soneto antes que mais um poema acabe.
Agora vimos a aprovação complementar dum projeto que acolherá as crianças para que estejam nas escolas já aos quatro anos de idade.
Muito bem, achei bacana, mas ora, alfabetizar as crianças precocemente nas escolas...já não fazia parte do óbvio?
Eu achei que fizesse porque lá atrás (há cinquenta anos atrás!) aprendi a ler na escola pública aos cinco anos de idade e tal não foi nenhum espanto. Depois dizem que estamos em crescimento...pra frente...
Mas será que temos escolas suficientes para os novos projetos? Ou só temos projetos de estádios para agradar a FIFA?
E os professores, queridos mestres, quando serão valorizados não só nos discursos e/ou nos penduricalhos aos seus parcos e cronicos proventos que os premiam por pro- eficiência na aprovação dos alunos?
Não seria óbvio que ao professor coubesse ensinar, ao aluno coubesse aprender quanto antes, melhor, e ao poder público coubesse dar as reais condições para tal?
Será que alguém pensa, de fato, em dignificar a carreira dos professores...ou ao menos mapear quem são esses heróis profissionais que hoje remendam nosso soneto da forma que lhes é possível?
Saindo da educação e indo para a economia: Vixi, se alguém assistiu a recente entrevista com o nosso ministro Mantega, sem muita dificuldade entendeu que estamos num impasse econômico: se correr a inflação come, se ficar o PIB não pega, cai.
Então, para pensar mais um pouco o ministro cochilou uns segundinhos lá na reunião dos BRICS para resfriar os seus neurônios semi-fritos que procuram por uma solução urgente para nossa economia sobre quatro rodas, a que se aguentou nas curvas pilotando nas estradas esburacadas do país até que a marolinha de dois mil e oito fosse engolida pela tsunami econômica de dois mil e doze.
Então, para corrermos da alta incontida dos preços e do preocupante desemprego da indústria, largamos na frente pilotando um montão de novos incentivos automotivos sem IPI, na redução de impostos da cesta básica e na desoneração de alguns itens de infraestrutura também caótica. Mas cadê a infra pelo amor de Deus?
Enquanto isso os principais jornais da Europa orientam educadamente aos seus cidadãos para que tomem todo o cuidado com o transporte público no Rio de Janeiro. Mas é só para os Europeus no Rio? E nós...aqui em Sampa? Esqueceram de "nóis"?
E para os demais brasileiros que convivem com a violência incontida de cada esquina do país?
E se alguém ficar "doente dos nervos" com tantos remendos no nosso soneto social, atentem para o pequeno detalhe de que os equipamentos de saúde pública e mesmo muitos da saúde privada de ponta já estão superlotados nos grande centros, quando não, muitas vezes também impossibilitados de atendimento de qualidade. Falta tudo, mas falta principalmente gestão especializada e sensibilizada para a humanização do país.
E se alguém conseguir o milagre de não cair dengoso nesse mar de epidemia nacional de dengue...já considere-se merecedor de milagres e faça uma oração em ação de graças...ao Salve São Jorge-Santo Salvador porque ele vem aí.com com o milagre da hora: "vem. aí .com" tudo de novo que já veio com a mágica ação da varinha PLIM PLIM.
É bom lembrar que a Dengue, assim como a tuberculose cujos números são espantosos, também é um marcador sanitário mais moderno das condições sociais do povo. Não adianta dizerem que está tudo bem, porque as condições sanitárias são termômetros que denunciam o âmago do estado do social. E, por favor, parem de culpar os pobres vasinhos decorativos das nossas violetas por adubarem o "mosquitinho" dengoso.
E o pior: nós brasileiros que já estamos acostumados com tudo que termina em Pizza, nem a isso mais temos o pleno direito gastronômico: saibam que "pizzaram" até no tomate de todas as nosssas pizzas.
É inacreditável!
À hora da morte por mais de dez reais o quilo do fruto, (compensa comprar ouro!) até na Pizza tão cultural e "opsofagicamente" saboreada temos que remendar o soneto da receita desandada de povo.
Pizza agora é só no mensalão...uma vez por mes e olha lá! e sem direito a escorregar no molho do tomate...(molho com ou sem imposto?-já nem sei.)
Os políticos deveriam entender que uma hora a pizza desanda para todos os cidadãos, inclusive para eles que também fazem parte do todo. Não há Pizza desandada apenas setorialmente.
E hoje em dia não adianta sonhar com a pizza do vizinho via aeroportos do país porque, em pleno caos da infra e do prejuízo acumulado do transporte aéreo, sinto que o mundo todo viajou no tomate...
É só desfocar os olhos para os mísseis da Coreia Do Norte...que triste.
E a nós, por aqui, só nos resta degustarmos os remendos aos nossos tantos sonetos mais que re-remendados e torcer para que ao menos o futebol remende nosso mais antigo e tão belo soneto.
Ainda bem que a Presidenta garantiu que não quer matar o "soneto doente", um alívio, ao menos.