Aceitar ou não? Eis a questão!

Foi noticiado essa semana que a cantora Daniela Mercury, após o término do relacionamento com um ex-namorado/marido, assumiu um romance com a ex-namorada da sua produtora, ou seja, tornou-se homossexual. Segundo algumas matérias disponíveis nos sites de entretenimento vários artistas apoiaram a atitude de Daniela, defenderam que opção cada uma tem a sua e nada mais justo que tentar ser feliz com quem se ama, sem distinção de gênero sexual. Nos últimos anos muitos artistas têm assumido serem homossexuais, tanto homens, como mulheres, entretanto na mesma proporção aparecem mais e mais homofóbicos. Loucos e insanos que acreditam que gays, lésbicas e afins não podem ser considerados “gente”, mas e você, qual é sua opinião sobre isso?

Imagine que você tem uma filha ou filho e no auge nos seus 18 anos ele/ela resolve tornar-se homossexual, qual seria a sua reação, aprovaria ou o/a ignoraria totalmente, expulsaria de casa...? É algo tão polêmico e tão simples de ser resolvido ou até mesmo pensado. Algo que sempre me deixou curiosa foi o fato do por que da escolha, por que escolhem pessoas do mesmo sexo para se relacionarem? Segundo o que aprendemos nos ensinamentos religiosos, Deus fez o homem e a mulher, um feito para o outro, assim como um plug. Existe o plug e a tomada – se é que me entendem – eles só conseguem trabalhar se existir esse “encaixe”. Então, por que essa atração entre dois plugs ou duas tomadas? Já ouvi e observei de um tudo, tentei entender e compreender, mas nunca consegui chegar a nenhuma conclusão. Sempre ficava aquela incerteza do..., mas como? Entretanto, certa vez ouvi que “não importa o sexo, nem o porquê da opção sexual, o que importa é o coração. Essa história de que as pessoas tornam-se gays ou lésbicas pela moda é babaquice – não generalizando, já que como sabemos existem muitos que agem dessa forma – mas o que realmente conta é o sentimento. Se você apaixona-se por alguém do mesmo sexo não importa o que isso significa, não importa se a partir de então será rotulado com nomes supérfluos e “preconceituosos”, o que realmente importa é o sentimento que elas possuem e a vida que resolveram construir juntas, portanto, não existe explicação, só entende se você sente”. De tudo que já tinha ouvido essa foi à explicação mais convincente, notória e espetacular. Seria tão simples acabar com toda essa falta de respeito e o tal ‘pré-conceito’ que a maioria das pessoas criam perante a esse assunto se pensássemos todos dessa forma. Já não é mais um tabu, temos que ter a mente mais aberta, tentar compreender melhor o outro.

Se pararmos para pensar e racionar com atenção, sempre há algo errado em tudo, não apenas na questão do ser homossexual ou não. Se uma menina loira relaciona-se com um rapaz negro ou vice e versa o que acontece? Falam de forma repulsiva, agem como se fosse à coisa mais errada no mundo – e daí, café com leite é tão bom –. Se um alemão apaixona-se por uma judia ou o contrário, “excomungam” o casal. Uma moça elegante, bonita se casa com um rapaz não tão bonito ou vice-versa. Falam também! E por aí vai, há muitas “categorias” aqui não comentadas, mas que existem de monte por aí. Isso sim deve ser considerado anormal. Situações tão simples e bonitas presas num mundo tão cego e imoral. Não vai machucar ninguém respeitar o outro por sua escolha ou pela maneira como vive, afinal não sou eu, nem você quem paga as contas alheias. Nosso país é tão lindo, com tanta miscigenação de povos, porque tem que existir tanta covardia e repulsa com as mudanças, com o diferente?. Talvez o plug não queira “trabalhar” com aquela tomada, mas sim queira outra. Talvez aquela tomada não queira ser “hospedeira” de tal plug, mas sim de outros fios ou outros conectores. E daí, o que é que tem? Vamos mudar um pouco nossos conceitos, tentar aceitar um pouco mais o que hoje, tornou-se, normal. Não estou defendendo nem apoiando ninguém, muito menos julgando quem tem preconceitos ou não acha certo – afinal cada um vê e pensa de forma diferente. E que bom, imagina se fossemos todos iguais? Que chatice! –, estou apenas pedindo e tentando explicar da forma como, também aprendi a compreender, que o diferente merece nosso respeito e que nada é tão errado quanto o ato de julgar sem saber, muito menos entender. Vamos levar ao pé da letra o significado da palavra “preconceito/pré-conceito” e aprender, primeiramente, que é necessário conhecer sobre certo ato ou acontecimento para que então, criemos nossos conceitos e possamos falar de boca cheia se aquilo é certo ou errado, julgando e inventando coisas que ainda nem existem.

Artigo originalmente publicano na Folha Extra/ Wenceslau Braz-PR no dia 03/04/2013. Edição disponível em: http://issuu.com/folhaextra/docs/ed_921