Raiz Quadrada do Amor
O Amor às vezes, se torna um problema sério, e, em alguns casos, sem solução.
Na matemática do Amor, nem sempre o resultado do cálculo, é um valor redondo, perfeito e exato. Isso, no coração de quem está fazendo a divisão ou somatória, in loco.
Por diversas vezes já tomei conhecimento de reclamações e reivindicações do tipo:
- você não me ama como eu te amo!
- eu faço sacrifícios por você, mas você não reconhece...
- você não demonstra que me ama!
- tem que me amar do mesmo modo que eu ou nada feito!
- etc...
O Amor idealizado é sempre lindo e perfeito, mas a realidade, nem sempre corresponde àquela perfeição.
Tenho por mim, que esse sentimento que exige tamanha equidade, talvez não mereça ser rotulado de Amor.
O Amor em si, parece estar mais relacionado à capacidade de sentir, do que do recebimento propriamente dito. Ama-se. E com sorte e ventos favoráveis, obter-se-á tanto ou mais da pessoa amada.
O Amor parece uma coisa óbvia - amo e mereço ser amado. Mas será que é assim?
Uma criança quando nasce, merece receber todo amor... Só que não. Tem gente jogando, literalmente, neném no lixo! Como obrigar alguém a amar?
É raro alguém reclamar por estar recebendo muito amor, muito além do que é capaz de retribuir... Quando se está no lucro, a questão da equidade parece não ter tanta importância.
Há quem pode e compra o "Amor", escolhendo-o criteriosamente, mas, infelizmente, quer receber em afeto o que nunca passou de um contrato financeiro.
Por mais Amor que se dê, não há garantias e muito menos obrigações do ser amado. Por isso é Amor. Aceitar que seja assim, é amar.
Cometem-se crimes pelo desespero em não ser amado pelo alvo do afeto.
Provavelmente, havia em todos nós a capacidade do Amor desmesurado ao nascermos. Mas de lá para cá, quanta água já não passou por baixo da ponte? O histórico do ser humano é algo pessoal e intransferível. Cada qual tem sua história, medos, traumas, confiança, auto-estima, pureza e por aí vai.
Amar talvez seja a capacidade, também, de aceitar que seu "amor correspondido", não signifique necessariamente, a mesma medida.
O Amor idealizado é sempre lindo e puro. O Amor que se sente é sempre grande, do próprio ponto de vista. Mas no amor que leva duas pessoas a juntarem os panos, há geralmente muitos outros interesses envolvidos e não apenas o desejo de apreciar a sublime face do Amor.
Entender, aceitar e buscar corresponder com generosidade às expectativas do outro, certamente é Amar, mas quantos entre nós, realmente conseguem?