Artigo de opinião: Bullying
Hostilização juveniil: uma brincadeira séria
O ingresso na vida escolar, ainda nos primeiros anos de vida, é aguardado com grande expectativa e ansiedade pela família e pela criança. Infelizmente, essa idealização é, por vezes, severamente quebrada pela hostilidade que se instala no ambiente estudantil, manifestada por atos de violência física e verbal, zombaria, entre outras atitudes humilhantes que caracterizam o recém-formalizado dilema da juventude contemporânea: o bullying. A longo prazo, ele apresente conseqüências nefastas para suas vítimas. O que fazer a respeito?
O conceito geográfico de territorialidade define nossa luta constante por espaço e aprovação do grupo, além da busca pelo status quo, imposta por uma hierarquia social cruel e rígida que se intensifica nitidamente na adolescência. Os menos populares costumam ser aqueles fisicamente pouco atraentes ou alvos de admiração reprimida, como os mais estudiosos, por exemplo. Estes são atacados e rechaçados de forma terrível. O problema é que isso ocorre numa fase de formação de caráter, de definição de personalidade, e quaisquer acontecimentos traumáticos podem ter influencia direta nesse processo, determinando o modo como vão interagir com o mundo. O bullying pode, assim, desencadear distúrbios futuros e, em casos extremos, o desenvolvimento de patologias como depressão e Síndrome do Pânico. Há, ainda, casos isolados de pessoas que canalizaram frustrações de toda uma vida e dedicaram-se à vingança no ambiente de trabalho, o que deu origem ao mobbing, o bullying amadurecido.
Esses agressores têm, geralmente, condições histórico-familiares conturbadas: falha na comunicação com os pais, desajustes emocionais e de auto-estima, que culminam numa vulnerabilidade aos instintos e sentimentos mais primitivos. Entretanto, a situação só atinge níveis tão alarmantes porque a erradicação do bullying não é objeto de desvelo das escolas, e costuma ser encarados pelos pais como “peripécias infantis”, dificultando a identificação dos casos.
Faz-se imprescindível, portanto, adotar medidas que objetivem desvencilhar a sociedade dessa prática tão desgastante e prejudicial, promovendo campanhas de conscientização popular, inclusive no mundo virtual. A promoção de palestras intrutivas para os pais também é uma alternativa viável e eficiente. Com a aplicação efetiva dessas propostas, é possível construir uma atmosfera educacional saudável, pautada no respeito, na tolerância, em que a diversidade seja compreendida e a arcaica hierarquia social menos valorizada, garantindo, assim, o surgimento de uma geração igualmente democrática.