Ciclos fechados
Ciclos fechados.
Se o nosso planeta é esférico e ao longo de 365 dias repete ciclos de chuvas e temperaturas nos mesmos lugares (salvo intervenção inadequada do ser humano), é de se esperar que situações cotidianas praticadas pelos povos ao longo de séculos também obedeçam a algum ciclo cuja equação nós não conhecemos.
Pelo pouco que conhecemos da Europa e da Ásia, sabemos que quase todos os países possuem uma enorme compreensão do que seja “qualidade de vida” e “direitos do cidadão”. Este conhecimento certamente foi aprimorado pelos grandes períodos de sofrimento e recessão causados pelas guerras que assolaram seus territórios.
Pelo pouco espaço que possuem para produzir, pelo alto custo que pagam pelos produtos básicos, sabem dar valor ao que adquirem e preservam ao máximo seus bens para não terem de afetar seus orçamentos repetindo compras desnecessárias. E por extensão desta saudável prática, desenvolvem o gosto por preservar a Cultura, a Educação, a Saúde, a Segurança e outras áreas que interferem no cotidiano local.
Já no hemisfério Sul, constituído pelos latinos, por terem sido agraciados com espaços generosos e não tendo sofrido com devastações colossais, a acomodação se instalou com mais força. Que com o passar do tempo aprimorou a indolência da qual os governantes locais se aproveitam para perpetuar seus feudos dominantes.
O Brasil, “gigante pela própria Natureza”, exibe estes sintomas negativos com mais esplendor. Basicamente nosso ciclo (desenhe um círculo e anote as etapas abaixo no sentido horário) se resume grotescamente às ações que vamos resumir abaixo. Terror agravado pelo fato do país já ser “independente” (?).
- nasce uma geração em condições inadequadas (falta de programas de prevenção da saúde, falta de escolas, falta de oportunidade).
- tal geração cresce sob o signo do abandono familiar que se supera para conseguir sobreviver em tal cenário.
- cria-se uma legião de “patriotas” que não sabem manter sua comunidade limpa, não conhecem atitudes higiênicas básicas.
- Sujeitam-se a se tornarem escravos dos níqueis.
- julgam-se espertos falsificando tudo o que for possível.
- acasalam e procriam em larga escala, reduzindo os poucos proventos disponíveis e aumentando a degradação.
- sentem-se recompensados com as “bolsas-migalhas” oferecidas para permanecerem deitados nas redes sem protestarem.
- ocupam o tempo livre (?) adorando os integrantes do BBB. Externam tal adoração através das redes sociais eletrônicas e gastando no celular o pouco que sobra (?) do parco salário que termina no 20º dia do mês. Pegar num livro? Só se for para sentar na pilha em frente à TV.
- juntam economias (abrindo mão do bem estar) para adquirir fantasia e comprar ingressos de shows diversos.
- ao longo das sucessivas campanhas eleitorais, acreditam com fé nos pilantras de boa estampa e linguajar envolvente, mesmo que suas fichas corridas exibam repetidas ações lesivas aos cofres públicos.
- votam nos mesmos ao longo da validade de seus inúteis títulos eleitorais.
- colocam a culpa das tragédias (enchentes, incêndios, batidas no trânsito, envenenamento de alimentos, mortes em hospitais, remédios falsos, etc) no “destino”.
- ao invés de se juntarem para reclamar das autoridades na frente das residências destes, bloqueiam vias públicas prejudicando outros sofredores como eles.
- nasce uma geração em condições MAIS inadequadas.
Ciclo fechado.
Nossa sociedade é um colosso. Sobrevive no fundo do poço.
Haroldo P. Barboza – Vila Isabel / RJ
Autor dos livros: Brinque e cresça feliz / Sinuca de bico na cuca