O DRAMA DE LUTAR POR DIREITOS HUMANOS DE FATO NO BRASIL...
Dediquei quase a minha vida toda a lutar por direitos sociais, trabalhistas, moradia e melhoria nas condições da vida dos cidadãos, assumindo posições públicas, colocando a cara pra bater, as vezes errando, outras acertando, tentando encontrar caminhos e fazer o convencimento de autoridades públicas e pessoas. Sempre considerei essas atitudes uma simples obrigação de cidadania, jamais admiti e aceitei ser perseguido e retaliado e punido pelo Estado por essas atitudes e decisões que tomei em minha vida, pois lutar por dignidade e respeito é a meu ver uma obrigação de todo ser humano, independente de nacionalidade.
Ajudei a organizar e mobilizar trabalhadores para Movimentos paredistas, atos públicos e greves.
Nessa luta fui dirigente de Associação de Moradores, particdi da luta estudantil no secundário e na Universidade Federal, ajudei a fundar vários sindicatos e Associações de Moradores, Inquilinos, Aposentados, Sindicato de Trabalhadores Rurais e no período da Ditadura e mesmo no pós ditadura, liderei um movimento dos Operários da Marinha em Ladário por Segurança no Trabalho, criação de CIPAS nas oficinas de manutenção de Navios e outros locais de trabalho, inclusive no Hospital Naval, na Defesa do Direito a Periculosidade e a contagem diferenciada para trabalhadores em área de risco para terem direito a aposentadoria e impedir a exposição excessiva em numero de anos a agentes agressivos a saúde.( mecânicos, mergulhadores, eletricistas de alta tensão, pessoal da manutenção de embarcações etc..)
Mesmo como militar a partir do ano 1976, não deixei de lutar contra as injustiças e isso me custou a carreira, punições, pressões e até prisão e isolamento em 1978. Mas tarde atuei na Secretaria do Trabalho de MS ajudando a orientar os trabalhadores e novos dirigentes sobre a necessidade de sua organização para lutar por seus direitos.
Através de concurso público entrei na RFFSA - ferrovia, como Agente de Estação e, em pouco tempo, já estava atuando no Sindicato e organizando a luta dos trabalhadores, mais uma vez passei a ser sistematicamente perseguido, tive cortes de dias, suspensão de promoções, transferências punitivas e demissão, além da cassação de mandato sindical já no governo Collor.
Com problemas de saúde e enfrentando dificuldades, passei a organizar as informações e requeri Anistia Politica no Ministério da Justiça e na CEI, pois fui sancionado, demitido, perseguido e punido na Ditadura e após a ditadura.
Tenho sistematicamente encaminhado todas as informações, dados, cartas assinadas por testemunhas, fotografias e até documentos administrativos da Marinha e da RFFSA, ainda estatal que comprova todo o processo de perseguição, e mesmo assim indeferiram o meu processo e já estou em grau de recurso administrativo com mais provas e até mesmo a denúnica grave do meu ex colega de farda que acabou com graves problemas mentais e foi reformado, no final da ditadura, para que tudo ficasse abafado.
Esclareci esse fato diretamente em carta registrada ao ex-Presidente Lula na época e recentemente a Presidenta da República Dilma Rousseff, exatamente porque fui submetido a tratamento idêntico a este colega recolhido poucos meses antes de minha pessoa, tive sorte em não ficar alienado, louco. Essas injeções eram chamadas de "tortinha" e tinham o objetivo de punir as vítimas com a loucura ou morte. ( Esse tratamento era dado aos chamados rebarbados, revoltados, comunistas, subversivos e depois eram chamados de louco de marinha ).
Apesar de todas as provas, luto a mais de sete anos através do processo administrativo 2005.01.49507 e entendo, hoje, claramente porque muitos brasileiros acabam desistindo de lutar por justiça e pelos seus direitos mais legítimos, o processo é lento, doloroso e você tem que aguentar respostas absurdas, gozações e até má vontade de muitos burocratas e mesmo de baba ovos reacionários que aparecem até na mídia tentando ridicularizar as pessoas que foram barbarizadas na ditadura, humilhadas, presas, torturadas e sacaneadas de todas as formas e sem nenhum respeito a sua dignidade humana.
Apesar de tudo, pretendo lutar até as ultimas consequências por meus direitos, pois acredito que a pessoa que não luta pelos seus direitos, acaba perdendo o direito de tê-los.
É FÁCIL ENCONTRAR POLÍTICOS EM PALANQUES, MÍDIA E COMÍCIOS FALANDO SOBRE OS DIREITOS HUMANOS DO ÍNDIOS, DOS NEGROS, DO POVO,DOS TRABALHADORES, DAS MULHERES, DOS GAYS...DIFÍCIL É VER ESTES POLÍTICOS LUTANDO DE FATO E DANDO RESPOSTAS A PROBLEMAS REAIS QUE LHES SÃO APRESENTADOS E COBRADOS ADMINISTRATIVAMENTE.....
Ainda espero que a Comissão honre essas palavras de Paulo Abrão, Presidente da Comissão de Anistia....
“A reparação só cabe a quem foi perseguido político e teve sua vida prejudicada pela ditadura”, explicou. “A norma jurídica é clara no sentido de só amparar as vítimas da repressão que sofreram lesão do ponto de vista moral ou material.”