“Caminhando por aí...”
“Caminhando por aí, pelas alamedas de ciprestes, mente nua, pés descalços, topei numa pedra dura...” (*). No Fórum Mundial da Bicicleta ocorrido na semana que passou em Porto Alegre, na Casa de Cultura Mário Quintana, a preocupação em ter uma atitude sustentável na vida cotidiana das urbes e a bicicleta como transporte alternativo para a mobilidade urbana nas cidades do século XXI foram as tônicas.
E o local escolhido para o Fórum foi emblemático, pois a bicicleta inserida no dia a dia urbano é poesia: abre espaço para que o cidadão viva melhor a cidade, interagindo com a mesma e com as outras pessoas, liberando espaços, gerando saúde e diminuindo a poluição. Superando o paradigma carrocêntrico individualista que, daqui a algum tempo, será lembrado na história como característica principal do século XX.
“Caminhando por aí”, era assim que os humanos ocupavam as vias públicas nos temos idos. As pessoas caminhavam, relacionando-se no espaço urbano durante a sua locomoção pelas cidades. Primeiro, os pés. Depois vieram as patas, os veículos de tração animal, com o cavalo ocupando o papel central tanto como meio de transporte individual quanto coletivo. E as ruas eram, então, ocupadas pelas pessoas e pelos equinos.
Isso até o final do século XIX. Então uma revolução acontece: entram em cena os veículos automotores, principalmente o carro individual. E as pessoas e os cavalos foram paulatinamente retirados das ruas, alargadas visando o progresso e a modernidade como utopia: tornar as cidades mais limpas, ao terminar com os efeitos da urina e cocô dos cavalos diariamente depositados nas ruas; tornar o deslocamento mais rápido e objetivo. A utopia funcionou por um tempo, mas revela hoje sua inviabilidade prática, com cidades dramaticamente lentas, congestionadas, poluídas, mesmo com todas as obras viárias inspiradas pelo paradigma carrocêntrico. O carro virou um problema insolúvel de mobilidade urbana.
Qual a solução encontrada pelas grandes cidades da Europa? Primeiro, superar o carrocentrismo, retirando do carro individual o monopólio das ruas e devolvendo-as para as pessoas, como em Londres e Copenhagem, por exemplo. “Caminhando por aí”! Em segundo lugar, priorizando o transporte público eficiente com o ônibus e o metrô. E, em terceiro lugar, buscando alternativas aos veículos automotores, sendo a bicicleta a principal opção.
Todo esse ciclo histórico urbano “pé-pata-carro-pé-bicicleta” a gente vê num documentário excelente chamado “Ruas Disputadas”, que reflete sobre a realidade de Nova York nesta retrospectiva e contextualização, propondo as mesmas alternativas. Ele foi assistido e debatido numa atividade do segundo dia do Fórum, na sexta-feira. Foram várias atividades, mas esta já trouxe toda essa reflexão.
No mesmo sentido foi a oficina do jornalista catarinense Altamir Andrade, proprietário de jornais na região de Joinvile que, depois de chegar a ter cinco veículos automotores, deu uma guinada em sua vida e, a partir dos 45 anos, retomou a bicicleta e o transporte público, abandonando completamente os outros. Interessantíssimo o relato dele, tanto que até deixo o endereço do seu blog como dica: www.jornalistaadrade.blogspot.com.br.
“Caminhando por aí”. As cidades de nossa região já poderiam começar a pensar nisso. Adequarem-se aos novos tempos, devolver as ruas da cidade às pessoas. Noutro dia falarei desse assunto, especificamente.
(*) – Canção “Caminhando por aí”, do cantor e compositor charqueadense Alberto André. Vou postar seu áudio hoje às 10 horas no meu perfil no Facebook e no do Portal de Notícias. Para quem estiver lendo no Recanto das Letras ou no meu site, é só ir nos áudios que ela está lá.
Texto publicado na seção de Opinião do jornal Portal de Notícias: http://www.portaldenoticias.com.br
“Caminhando por aí, pelas alamedas de ciprestes, mente nua, pés descalços, topei numa pedra dura...” (*). No Fórum Mundial da Bicicleta ocorrido na semana que passou em Porto Alegre, na Casa de Cultura Mário Quintana, a preocupação em ter uma atitude sustentável na vida cotidiana das urbes e a bicicleta como transporte alternativo para a mobilidade urbana nas cidades do século XXI foram as tônicas.
E o local escolhido para o Fórum foi emblemático, pois a bicicleta inserida no dia a dia urbano é poesia: abre espaço para que o cidadão viva melhor a cidade, interagindo com a mesma e com as outras pessoas, liberando espaços, gerando saúde e diminuindo a poluição. Superando o paradigma carrocêntrico individualista que, daqui a algum tempo, será lembrado na história como característica principal do século XX.
“Caminhando por aí”, era assim que os humanos ocupavam as vias públicas nos temos idos. As pessoas caminhavam, relacionando-se no espaço urbano durante a sua locomoção pelas cidades. Primeiro, os pés. Depois vieram as patas, os veículos de tração animal, com o cavalo ocupando o papel central tanto como meio de transporte individual quanto coletivo. E as ruas eram, então, ocupadas pelas pessoas e pelos equinos.
Isso até o final do século XIX. Então uma revolução acontece: entram em cena os veículos automotores, principalmente o carro individual. E as pessoas e os cavalos foram paulatinamente retirados das ruas, alargadas visando o progresso e a modernidade como utopia: tornar as cidades mais limpas, ao terminar com os efeitos da urina e cocô dos cavalos diariamente depositados nas ruas; tornar o deslocamento mais rápido e objetivo. A utopia funcionou por um tempo, mas revela hoje sua inviabilidade prática, com cidades dramaticamente lentas, congestionadas, poluídas, mesmo com todas as obras viárias inspiradas pelo paradigma carrocêntrico. O carro virou um problema insolúvel de mobilidade urbana.
Qual a solução encontrada pelas grandes cidades da Europa? Primeiro, superar o carrocentrismo, retirando do carro individual o monopólio das ruas e devolvendo-as para as pessoas, como em Londres e Copenhagem, por exemplo. “Caminhando por aí”! Em segundo lugar, priorizando o transporte público eficiente com o ônibus e o metrô. E, em terceiro lugar, buscando alternativas aos veículos automotores, sendo a bicicleta a principal opção.
Todo esse ciclo histórico urbano “pé-pata-carro-pé-bicicleta” a gente vê num documentário excelente chamado “Ruas Disputadas”, que reflete sobre a realidade de Nova York nesta retrospectiva e contextualização, propondo as mesmas alternativas. Ele foi assistido e debatido numa atividade do segundo dia do Fórum, na sexta-feira. Foram várias atividades, mas esta já trouxe toda essa reflexão.
No mesmo sentido foi a oficina do jornalista catarinense Altamir Andrade, proprietário de jornais na região de Joinvile que, depois de chegar a ter cinco veículos automotores, deu uma guinada em sua vida e, a partir dos 45 anos, retomou a bicicleta e o transporte público, abandonando completamente os outros. Interessantíssimo o relato dele, tanto que até deixo o endereço do seu blog como dica: www.jornalistaadrade.blogspot.com.br.
“Caminhando por aí”. As cidades de nossa região já poderiam começar a pensar nisso. Adequarem-se aos novos tempos, devolver as ruas da cidade às pessoas. Noutro dia falarei desse assunto, especificamente.
(*) – Canção “Caminhando por aí”, do cantor e compositor charqueadense Alberto André. Vou postar seu áudio hoje às 10 horas no meu perfil no Facebook e no do Portal de Notícias. Para quem estiver lendo no Recanto das Letras ou no meu site, é só ir nos áudios que ela está lá.
Texto publicado na seção de Opinião do jornal Portal de Notícias: http://www.portaldenoticias.com.br