Condenados pela fama

Fico a imaginar, se neste mundo de famosos, existe espaço para o sonho, o amor, ou o simples vestir uma roupa que não combina, porque se gosta e pronto.

Os mínimos erros transformam-se em grandes pecados; o que diremos então, dos grandes pecados... estes, já estão condenados ao inferno dos tabloides e primeiras páginas indiscretas; e só conseguem um pouco da absolvição, quando uma notícia bombástica,(incêndio da boate Kiss; só para mencionar um exemplo) ocupa os olhares do público ávido pelo circo romano.

Nos últimos tempos, tivemos um goleiro (Bruno) e um atleta olímpico (Pistorius) nas mídias, suspeitos de assassinato. Atletas, são sujeitos que seguem os rigores de uma rotina para deuses perfeitos do esporte, como cometem assassinato? Talvez por que não os vejamos como mortais.

Um papa(Bento), que renuncia ao pontificado e um Hugo Chavez, doente, que se recusa a deixar o poder; ambos criticados e ovacionados, simplesmente porque são celebridades.

Quantos assassinatos todos os dias; anônimos.. quantas renúncias de vida, de emprego, de vontades temos e teremos que passar.

Não somos todos humanos? Não viemos todos de um mesmo lugar, e possivelmente, ricos ou pobres, simples ou esnobes, iremos para o mesmo lugar?

Recuso-me a encarar a indústria da fama como algo normal ou natural.

O ser humano busca deuses invisíveis e cria deuses de ossos para adorar, cultuar, se espelhar, como se todos fossem intocáveis. Um papa que renuncia... bacana.. descobriu-se humano e incapaz de governar; um Bruno que é assassino... sim, porque não. É humano, erra, tem ataques de fúria e pode também armar e planejar um crime.

O problema aqui, não está numa renúncia ou falta dela, ou num ser humano que tira a vida do outro, mas na maneira que vemos tudo isso.

A sociedade fecha olhos e fica surda, diante da violência do dia a dia... tudo é comum; banalização da vida, do cotidiano; porém, destaca em lupa, tudo de certo ou errado que uma simples criatura possa fazer, apenas pelo fato de que as elegemos intocáveis em nossa memória coletiva.

Já está na hora de acordarmos para a realidade e começarmos a não nos chocarmos com o normal, o dia a dia, de pessoas, que como nós, defecam, sonham, vivem e morrem.

Somos todos seres humanos, capazes de errar e acertar; não somos deuses; portanto, não façamos de nossos semelhantes, deuses também, em detrimento de um dia acharmos que são imortais e construirmos para eles altares de ilusão, onde não possam errar... e... se o fizerem, as fogueiras e guilhotinas estarão prontas para ação imediata.

Não estou aqui defendendo nenhuma celebridade ou não, que cometa algo injustificável como um crime; mas antes mesmo de se saber os fatos, apenas por estarem na mídia...já estão todos condenados.

A fama tem seus louros, mas o preço que se paga por ela, por vezes, é muito alto. Vale a pena?

Ana Teresa
Enviado por Ana Teresa em 24/02/2013
Código do texto: T4157183
Classificação de conteúdo: seguro