TENHO ESPERADO ESTE MOMENTO
“Não se deve chorar sobre o leite derramado”, um ditado de que muito aprecio e há muito ouço e venero, desde os áureos tempos de uma infância vivida na consonância do ambiente humilde e familiar e na salutar convivência dos que me acompanharam.
Talvez, movido por esta esperança sem tamanho, que me torna mais criativo, menos intransigente e, sobretudo, compreensivo diante das inúmeras circunstâncias que a própria vida oferece. Até porque, seja o que de bom ou ruim aconteça, tudo haverá de ter algum propósito, não sendo algo considerado, e por mim, um simples acaso.
Vou perseguindo o sonho de ser cada vez mais autêntico em meus pensamentos e convicções, com a dedicada e envolvente insinuação de que “nada melhor que um dia após o outro”, sem a pretensão de ser estritamente correto, ou de ser inexplicavelmente incomum e inconstante.
Sem nenhum receio, sem percalços e embaraços, arrependimentos e/ou intrigantes questionamentos acerca disso ou daquilo, do que me basta para viver em sociedade, despojando da vaidade e do inconformismo, que às vezes sorrateiros ainda teimam em bater na minha porta como uma visita indesejada, um estranho e impreciso desengano.
A situação a que me refiro é apenas o prenúncio de uma tolerância incontida e, em hipótese alguma, uma desilusão por algo perdido. E nem, tampouco, uma inventiva conclusão de que tudo está acabado. Ora, o mundo é dinâmico, tudo muda e nós estamos conscientemente mudando, transformando, aceitando e aprendendo a conviver até com o que nos faz mal.
Ao olhar um relógio de parede, me dou conta de que o passado ficou para trás e, num ímpeto, por mais interessante que seja... Eu me sinto renovado. Não porque tente sepultar o carrasco da minha existência, e de certa forma, tentando apagar um tempo que me fora tão expressivo, repleto de bons e maus momentos.
Contudo, o presente me pertence! Neste eu tenho que permanecer envolvido e confiante nos bons e santificados presságios com olhos no futuro.
O que silencia a minha voz e atiça a minha ira, resume-se àquilo que se conhece enquanto injustiça. Esta quão referendada pelos ímpios, sentida pelos fracos e menosprezada por aqueles alheios à dignidade e amor próprio.
E não soa como idealismo, puritanismo ou coisas do gênero. Somente um estado de espírito, viajante e passageiro como os ponteiros do relógio.
Não obstante, o mundo se manifesta muito mais complexo, contudo, a humanidade tem se esmerado no enfrentamento de questões pontuais, em que o direito seja reconhecido como uma garantia da união e da solidariedade e vitimado pela benéfica construção do senso comum, do factível, do pensar e do fazer coletivo.
E o que muda no meu conceito sobre o que posso e o que devo?... Nada!... Absolutamente, nada! A felicidade não é um dom fortuito, mas um presente sublime e divino. A propósito, a confiança é o meu algoz e tem se portado uma grande traidora.
O que me faz entender que tudo o que vive um dia morre. Sagrado ou profano, vivemos do que a vida nos oferece e do que temos a oferecer. Simples, assim!
Continuo com o pensamento nas nuvens e com os pés na terra e consciente de que a resistência não tem sido de tal forma entendida, assim como a ideia absurda de se colocar como a “palmatória do mundo”.
Um dia a gente cansa de bater e/ou apanhar. A gente cansa de ser incompreendido. A gente para de se meter aonde não é chamado. A gente cansa do que nos cansa ou a gente se encanta, de vez.
O que não posso é parar de lutar. Porque se isto vier a acontecer, de que me adianta viver?
Pirapora/MG, 30/01/13