O Brasil das irregularidades.

O perigo se encontra escondido nas irregularidades que permeiam a maioria dos locais onde a população frequenta, seja para morar, para se divertir, para dirigir, ou para praticar um esporte.

Nosso país reúne um histórico de acontecimentos que assinalam a dor por conta da falta de fiscalização e de zelo, em face das desídias que são camufladas ou acomodadas por subterfúgios que são insustentáveis no momento em que a tragédia acontece.

Será que é preciso acontecer tantas mortes para que uma boate sofra a fiscalização ou para que seja multada por não conter mecanismos que possam salvar vidas?

Hoje, aqui em minha cidade (Campo Grande-MS), os jornais estampam que nossas casas noturnas estão irregulares quanto à segurança de seus frequentadores em caso de incêndio. Por mais paradoxal que possa ser, o próprio Corpo de Bombeiros admite que essas boates não contém sistema mínimo de proteção em caso de um incêndio. De duas uma: Ou a fiscalização está precária e ineficiente, ou então, essas questões não foram levadas a sério como deviam por parte de quem fiscaliza. É só mandar fechar os estabelecimentos que não gozem de mínima segurança para os usuários.

Não sou daqueles que está incluído na lista de incrédulos que não acreditam que as coisas ruins não acontecem consigo próprio, em face da crença de que as tragédias só atingem aos outros. Penso que qualquer um de nós está exposto ao infortúnio, quando não temos a mínima noção do perigo e quando colocamos em risco nossa segurança pessoal.

Relembro um episódio de um conhecido que morreu em um acidente de moto, por que assumia o risco de conduzir sua motocicleta a mais de 300 quilômetros por hora. É curial que aquele que se expõe mais, tem a maior probabilidade de sofrer um sinistro. Assim, quem possui uma boate cuja constituição arquitetônica engloba diversos materiais altamente inflamáveis, não pode abdicar de projetar esse estabelecimento com prevenções para incêndios.

Podemos até reconhecer que o incidente lá em Santa Maria-RS, foi uma tragédia. Se a questão for vista em face da dor de quem perdeu um ou mais ente querido, não há dúvida de que incêndio se tornou uma tragédia. Mas, daí amenizar ou isentar os responsáveis por aquele estabelecimento seria uma idiotice. Evidente que os proprietários não desejavam esse drama, entretanto, ao deixarem o estabelecimento funcionar sem as mínimas condições de segurança deram ensejo a crime culposo (imprudência, imperícia e negligência), ou seja, mesmo não desejando o resultado das mortes, em face da negligência assumiram o risco de produzi-lo.

Entretanto, a questão deve ser vista com maior abrangência. A relembrarmos o episódio do Rio de Janeiro, quando num final de ano morreram inúmeras pessoas em razão de um desmoronamento do morro muito se disse sobre as previsões e as necessidades de que as edificações não poderiam ter sido construídas naqueles locais de risco. Alguns anos se passaram e o que se vê de concreto é que o clamor público exigiu providências que ainda não foram tomadas e, se foram, estão sendo amortecidas pelo impacto do desvio de verbas.

Com esse episódio de Santa Maria-RS, que teve de ser mostrado através das lágrimas alheias, é de se esperar um mínimo de compreensão por órgãos fiscalizadores e pelos próprios empresários que desejam investir nesse ramo.

Os proprietários da boate KISS tiveram interrompido seu negócio, porque não foram capazes de dimensionar ou de prever uma catástrofe.

Resultado: ficaram sem o negócio e ainda terão de sofrer inúmeras ações indenizatórias por parte dos parentes das vítimas, fora as implicações na área penal.

Pergunto: Não seria mais pertinente e mais adequado que preparassem seu estabelecimento com mecanismos de defesa contra incêndios?

Teriam preservado a vida de inocentes e mantido seu negócio, porque a notícia de hoje seria apenas de que um princípio de incêndio interrompeu atividades na boate Kiss.

Machadinho
Enviado por Machadinho em 28/01/2013
Reeditado em 28/01/2013
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