Réveillon e Lixo

 

Morar em Copacabana e passar o Réveillon por aqui é um misto de alegria, prazer, tristeza e decepção. As autoridades municipais preparam uma festa colossal, gastam uma grana violenta para atrair turistas dos quatro cantos do mundo. E quem sofre é o morador de Copacabana. Preconceito ? Não, claro que não ! Desconforto, para não falar algo desagradável.

 

No dia 31 de dezembro de cada ano, temos as nossas ruas interditadas, o nosso direito de ir e vir afrontado, um transito caótico, engarrafamento gigantesco, as ruas entupidas de gente, etc.

 

Gente mal educada, a maioria bêbada, que urina e defeca nas ruas, vomita nas calçadas, faz sexo em qualquer lugar e deixa um rastro de mais de 400 toneladas (400.000 quilos) de lixo de todas as espécies espalhados pelas areias e pelas ruas (dados da Comlurb).

 

Gente que chega de todos os lugares para assistir um evento maravilhoso que repercute no mundo inteiro. Verdadeiramente, uma festa magnifica. Mas a maioria dos que vêm assistir não está à altura do espetáculo.

 

A falta de educação impera e o mal cheiro e a sujeira provocados por esse bando destrói toda a beleza do espetáculo em questão de minutos. Impressionante : em questão de minutos, um horror. Sem entrar em detalhes das brigas, roubos e outros bichos que acontecem.

 

Se a maioria das pessoas que vêm à Copacabana, na passagem de ano, transforma o nosso bairro nesse “aterro sanitário”, fico imaginando como deve ser a casa dessas pessoas.

 

Para quem mora no bairro, infelizmente, o show pirotécnico não vale o desconforto, os riscos e a falta de respeito que somos submetidos e humilhados todos os anos em nome de uma festa que é maculada por gente totalmente despreparada para viver em sociedade.

 

Todos os anos, no dia 1º de janeiro, a sensação que temos é de que uma tsunami varreu o nosso bairro. No primeiro dia do ano as fotos dos jornais mostram o festival do “contraditório” : fotos da beleza dos fogos de artifícios e fotos da sujeira e da imundície das pessoas que circulam por aqui e agradecem, dessa forma, o carinho dos anfitriões : os moradores de Copacabana que os recebem de braços abertos.

 

A pergunta que deixo no ar é :

 

se nós, moradores de Copacabana, fizéssemos isso na porta da sua casa, como será que você reagiria ?

 

 

Leandro Cunha

janeiro 2.013.

Leandro Cunha
Enviado por Leandro Cunha em 04/01/2013
Reeditado em 04/01/2013
Código do texto: T4066388
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