Ciclistas na contramão!

Ciclista, faça um grande favor a você mesmo e para os outros: não pedale na contramão! Acompanhe o sentido obrigatório do fluxo do trânsito, tanto na cidade quanto nas auto-estradas. Ande preferencialmente pela direita, próximo ao meio fio, à faixa branca ou no acostamento.
 
Sabemos que o modelo carrocêntrico infelizmente é a concepção que determina a legislação especifica e a construção das vias públicas, mas você deve estar perfeitamente integrado às regras do trânsito até mesmo para garantir o seu espaço na mobilidade urbana. Para isso, é bom dar uma lida no Código Brasileiro de Trânsito (ou em sites que falem do assunto, como o “http://vadebike.org/2004/08/o-que-o-codigo-de/”) e ver o que ele determina e garante parta você e para a sua “magrela”.
 
Onde não existem ciclovias ou ciclofaixas, andar na mão certa, de preferência pela direita (é mais seguro!), é uma dessas determinações. Eu sei que você anda na contramão por sentir psicologicamente mais segurança, pois assim vê os carros vindo em sua direção. Mas isso é falso, pois estudos sobre acidentes envolvendo ciclistas provam que andar na contra mão é mais perigoso, que isso (preste atenção) diminui o seu tempo de reação (você está indo em direção ao carro!), o motorista não te vê nos cruzamentos (eu já quase fui atropelado por esse motivo, por imprudência minha!) e, no caso de acidente, o dano ao seu corpo será maior em virtude do choque entre a sua bicicleta e o outro veículo se dar em sentido contrário.
 
Existem equipamentos obrigatórios para o ciclista, como a campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, e espelho retrovisor do lado esquerdo. E eu te dou um excelente conselho: além de andar na mão certa, preferencialmente pela direita, observe e cumpra essas exigências, principalmente a dos refletores, os famosos “olhos de gato”. Seguidamente vejo aqui na ERS 401, no perímetro urbano e fora dele, pessoas pedalando à noite na contra mão e sem nenhum tipo de sinalização noturna, em bicicletas com a pintura totalmente fosca e carcomida. Praticamente invisíveis! Compre os "olhos de gato", no mínimo, e uma sinaleira traseira e um farolete dianteiro. Você estará investindo na preservação da sua vida! Você tem de estar perfeitamente visível para os outros veículos.
 
O capacete não é um item obrigatório, mas usá-lo será muito bom. Em primeiro lugar, o motorista vai reparar melhor em você (sim, uma das utilidades desses capacetes chamativos e estranhos é essa mesmo!) e, ciclistas experientes o afirmam, respeitá-lo mais no trânsito. Porisso a maioria dos ciclistas o utilizam nas rodovias e nas grandes cidades.
 
Por fim, não seja um nem um papaéu tresloucado e tampouco um bárbaro em cima do seu “camelo”. Respeite os carros e os pedestres, respectivamente. Quanto aos primeiros, é bom saber que, se no trânsito o veículo maior por lei tem de dar prioridade e garantir a segurança do menor, também existe o sábio ditado popular que ensina que respeito é bom e conserva os dentes (no seu caso, a integridade do esqueleto e a vida). Estatísticas de óbitos em acidentes de 1996 a 2010 (Waiselfisz, 2012) demonstram que ciclistas e (principalmente) motociclistas tem sido as vítimas crescentes da loucura do trânsito e que os carros mantém a sua média; pedestres baixaram significativamente seus índices de mortalidade. Quanto aos pedestres, você tem o dever de dar prioridade e garantir a segurança deles não pedalando sobre as calçadas e respeitando a faixa de segurança, que lhes são exclusivas.
 
Ciclista, faça um grande favor a você mesmo e para os outros: não pedale na contramão!


Texto publicado no Jornal Portal de Notícias em 11.12.2012, na seção de Opinião.
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