Meio Honesto ou Desonesto?
Ainda era menino e já ouvia dizer que “ladrão que rouba um tostão também rouba um milhão”. Não existe essa história de “meio honesto”. Ou é ou não é. Não há um percentual ou proporcionalidade em termos de honestidade. Ou é cem ou zero por cento. E essa comparação, o sertanejo, na sua linguagem rude, mas direta, dizia que era como ser corno. Tanto faz a mulher trair apenas com um ou com dez, era corno do mesmo jeito.
E quanto ao ladrão, não pode ser avaliado pelo tamanho do roubo, mas pelo ato de roubar.
Os acirrados debates dos ministros do STF, agora com relação à manutenção ou redução das penas dos condenados do mensalão, sempre com divergência de interpretação, deixa-nos perplexos com a complexidade do caso. Com tamanha sapiência jurídica, com uma retórica de deixar os leigos tontos de ouvir tanta jurisdiquês, só recorrendo mesmo ao entendimento do matuto: “ou é ou não é”. Esse meio termo fica difícil de entender.
Não custa lembrar o caso de uma mulher que ficou presa vários meses por ter roubado uma lata de sardinha sob a alegação de que era para saciar a fome do filho. Foi enquadrada como ladra e pronto. Não teve perdão.
Melhor mesmo do que a discussão sobre o tamanho da pena, seria estabelecer a devolução do produto desviado.