Dia Internacional do Idoso
O Dia Internacional do Idoso foi instituído em 1991 pela ONU e tem como objetivo sensibilizar a sociedade para as questões do envelhecimento e a necessidade de proteger e cuidar da população mais idosa. Em Portugal, este dia é comemorado anualmente a 1 de Outubro – sendo esta uma forma de reconhecer os idosos e o envelhecimento demográfico da humanidade. Trata-se de uma data de reflexão sobre as necessidades de políticas de inclusão e de promoção da dignidade desta faixa etária.
O papel da terceira idade tem mudado ao longo dos tempos: na antiguidade era-lhe atribuído um papel fulcral na sociedade afim de dar continuidade no tempo aos valores e padrões de comportamento; estes eram repetidos à força de serem lembrados e passados às gerações mais novas. A experiência acumulada ao longo dos anos era valorizada e respeitada; os idosos assumiam funções de conselheiros ou sábios, inspirando respeito, preservando a memória, relembrando lendas, crenças e mitos.
Foi na passagem do século XVIII para o século XIX que o envelhecimento passou a ser sinónimo de degeneração e decadência. Estava em curso a Revolução Industrial, centrada em valores produtivos e na exploração da força motora; valorizava-se a inovação e o conhecimento novo, rejeitando-se as lendas e os ritos. Os mais idosos passaram assim a ocupar um lugar irrelevante.
Atualmente, pode constatar-se um aumento do envelhecimento populacional. No entanto, o idoso continua a ser vítima de estereótipos, principalmente pelos mais jovens, acabando, muitas vezes por ser desvalorizado, isolado, desamparado e negligenciado.
Nos dias de hoje são poucas as famílias que possuem a disponibilidade para o acompanhamento do envelhecimento dos seus familiares, por diversos fatores que emergiram na nossa sociedade, o que contribuiu para a criação de condições de acolhimento, bem-estar social, económico, cultural e espiritual, ou seja, o número de idosos institucionalizados cresceu. No entanto, não só estes sofrem de solidão, pois os que se encontram em casa também podem ter os mesmos sentimentos.
Com o avançar da idade e da doença, vão ficando mais sós, esquecidos e abandonados pela família, pelas mais variadas razões: uns porque não têm a família próxima, vivendo isolados na sua solidão; outros porque estão doentes e são os vizinhos (também idosos) que pontualmente lhes estende a mão, auxiliando-os em alguma tarefa ou dando aconchego e carinho. Assim são os nossos idosos: a grande maioria, sozinhos e com reformas minúsculas. Isolados, são as primeiras vítimas da pobreza, pois recebem pensões mínimas, possuem encargos elevados com a medicação, são confrontados com o encerramento dos serviços de saúde mais próximos e consequentemente com o custo dos transportes públicos (e muitas vezes, a falta deles!) Por tudo isto, o abandono dos idosos é um acto criminoso no sentido político, social e humano.
O Homem é um ser essencialmente social, por isso acredita-se que a vida em grupo apresente mais vantagens para o ser humano. Quando aqui me refiro á solidão na terceira idade, poderão perguntar “porquê na ‘velhice’?” Será que a solidão nesta fase é diferente da solidão em outras fases da vida? Ao longo dos anos estamos expostos a situações positivas e negativas, das quais podemos experimentar solidão em alguns momentos.
Apesar do termo solidão ser definido como um estado emocional (isolamento, tristeza, apatia, insatisfação na vida), este, além de físico, pode ser caracterizado por experiências de isolamento social (estar privado do contacto com os outros).
O envelhecimento é reconhecido como um problema para a maioria das pessoas pois ninguém está preparado para as modificações e perdas nesta fase: ocorre uma transformação física, própria de um organismo que envelhece e uma transformação social, em função das perdas e limitações que advêm com o avançar da idade, o que, muitas vezes, leva o ser humano ao isolamento social e à solidão.
A solidão é uma doença social que faz maior número de vítimas entre as pessoas da terceira idade. Os adolescentes e os jovens começam a descobrir os caminhos da vida e com menor frequência se entregam à solidão. Trazem esperança no coração, arquitetam projetos, têm uma meta a atingir. As pessoas da terceira idade, pelo contrário, já percorreram muitos caminhos, tiveram deceções, sofreram adversidades, acordaram de todos os sonhos, vivem num passado remoto recheado de saudade. Tudo isto tem mais intensidade quando as pessoas se entregam de corpo e alma aos problemas do envelhecimento, pois se estes tiverem um espírito jovem e encararem esta fase como um estado natural, este tomará certamente outro rumo.
Pode concluir-se que é importante que o idoso tenha uma velhice bem-sucedida, com acompanhamento psicológico, apoio social e ocupação de tempos livres. Estas estratégias podem diminuir o isolamento social. Apesar de ser uma fase menos ativa do ciclo da vida, os idosos não têm de ficar inertes e sujeitar-se a um envelhecimento inconsciente e involuntário.
É importante apoiar a terceira idade, devendo existir uma interação contínua com a família, estimulando o idoso com reforços positivos para assim ultrapassar as barreiras que a terceira idade lhe apresenta. Só assim se poderá atenuar este sentimento que tanto afeta os idosos da nossa sociedade.
Quando o idoso se apercebe que a solidão é uma companhia, o rosto entristece, a alma apaga-se e uma forte pressão invade o pensamento. O dia-a-dia torna-se deprimente e o futuro sem esperança para continuar.
Mas, cada pessoa pode fazer a diferença e assumir o papel que lhe compete nesta matéria. Todos juntos (sociedade, instituições e o próprio Estado) conseguimos atenuar o sofrimento da pessoa idosa isolada e abandonada. Trata-se de devolver a dignidade, promover a felicidade e minorar o sofrimento.
01 Outubro 2012