Peso na consciência

Se o homem fosse feito exclusivamente de matéria seriam admissíveis o seu desgaste, o seu cansaço e a sua limitação. Existem seres humanos que impõem a si próprios limites para as coisas que deveriam ou gostariam de fazer. Se fizer da doença uma desculpa a doença não se cura. Achar que virar cinzas, apodrecer e extinguir-se completamente após a morte do corpo físico é o destino do homem constitui o primeiro passo para a limitação em todas as coisas da vida. O nosso pensamento se reflete em tudo, mas não é um reflexo que ocorre apenas no dia a dia quando, por exemplo, choramos ao ficarmos tristes ou esboçamos um sorriso ao pensarmos em algo agradável. É muito mais do que isto. Moldamos o destino pela forma como conduzimos a mente. Acreditar, por exemplo, que alcançar uma idade mais avançada é sinônimo de cansaço, doenças e todo tipo de desvantagens pode contribuir para que seja assim mesmo.

Charles Aznavour está com oitenta e sete anos de idade e viajando pela Europa e Estados Unidos em mais uma turnê de seus excelentes shows. Há pouco cancelou uma apresentação em Nova York e surgiu logo a especulação de doença onde o verdadeiro motivo era apenas contratual. Ele respondeu dizendo ‘tive sim um probleminha de voz, mas que já está superado. Porém, nada que me impeça de me apresentar assim que a questão do contrato for solucionada’ e acrescentou ‘há pessoas que ficam velhas e outras que apenas acrescentam anos a sua existência. Eu estou acrescentando anos a minha vida; a velhice ainda não chegou para mim’. Exemplos como esse nos dão ânimo para enfrentar a vida com muito mais esperança e a coragem que ela exige. Jerry Lewis viu-se obrigado a cancelar um compromisso em que apresentaria Tom Cruise a uma plateia. Ele teve um princípio de colapso com pressão baixa e recuperou-se em seguida. Depois afirmou: ‘Estive tão ocupado em meu trabalho de preparação da refilmagem de Professor Aloprado que me esqueci de comer e beber’. Ele está com oitenta e seis anos. George Burns, famoso comediante americano, falecido ao fim do século passado dizia para todos que viveria até os cem anos de idade e realmente cumpriu o que afirmava. Aos noventa anos foi perguntado ‘como o senhor se sente aos noventa anos de idade’? Ao que ele respondeu ‘Quando eu me sentir com noventa anos eu respondo a sua pergunta’.

Somos e nos tornamos exatamente aquilo em que acreditamos. O homem não é um joguete das circunstâncias exteriores. Ele é senhor de si e pode ser e fazer aquilo que bem desejar. O que demanda cautela e ponderação é o que isto irá acrescentar de valor a sua vida e que benefício trará ao todo universal. Trabalhar por uma causa justa e abrangente, colocar alegria, boa vontade e um objetivo que vai além do trivial ganha pão de todos os dias, fugir dos conceitos vigentes na sociedade, não ser medíocre em suas atitudes ou conversas e procurar não ser aferrado a disseminações de ideias sugestivas que acolhem, por trás da suposta intenção de ajudar, interesses materialistas.

Isto é o que mais vemos hoje em dia e está contribuindo para fazer do homem mais uma marionete do que um ser humano. Tudo isto vem a ser consequência da falta de amor próprio e de não reconhecer-se como um poderoso filho de Deus capaz de comandar a própria vida. É crucialmente necessário abolir ideias fixas que já estão vigentes no meio humano e substituí-las por convicções verdadeiras e positivas como ‘O homem não é e nem deve ser dominado pelo seu meio ambiente; o homem não se cansa por meio do trabalho e nem porque dormiu menos; não é fundamental a interferência de um médico ou de um remédio para a superação de um problema de saúde; não são as características, conteúdo nutricional ou de gordura que vão fazer deste ou daquele alimento ideal ou não para uma dieta; não tenho necessariamente que ter um plano de saúde e nem que ficar doente porque estou envelhecendo. E muitos outros conceitos que têm produzido, ao longo do tempo, um ser humano fraco e doentio.

Quando nos conscientizamos da verdadeira origem da nossa própria vida e vivemos em conformidade com essa conscientização saímos de um mundo estreito e fechado para a larga avenida da liberdade e da felicidade. Acreditar no Deus verdadeiro não é aceitar às cegas o que vier em forma de opiniões ou de discursos e nem se deixar impressionar pela aparência do mundo voltado para o materialismo. Se viver e conviver com as imperfeiçoes da matéria é imprescindível para a evolução do espírito, obter o verdadeiro discernimento das coisas é tarefa do dia a dia. Se deixarmos o turbilhão da vida nos engolir, teremos que aceitar todo tipo de limitação que isto trará. O homem é filho de Deus, mas não um Deus tirano que pune e castiga. Somos os responsáveis pelos nossos atos e pensamentos e é isso que determina o que seremos e onde estaremos no dia de amanhã.

O futuro é construído a cada momento e a cada pulsar do cérebro. Entoar a oração verdadeira hoje é garantir um futuro de paz e de felicidade; isto depende de cada um. Deus é o guia e o homem é o construtor. Ele escolhe o que quer para si. Como ninguém deseja a má sorte não há outro caminho a não ser mudar a forma de pensar e acreditar. A mente é tudo; é ela que dita o que seremos amanhã. A escolha é individual e o prêmio também. Escolher o caminho do espírito ou ajoelhar-se diante do trono da matéria? O melhor é o equilíbrio com amor e sabedoria e esta vem de Deus. Achar que Ele não existe porque é invisível é o mesmo que achar que o amor, a amizade, o ar e a eletricidade também não existem porque são invisíveis. Enfim, a felicidade depende das escolhas certas. Sem peso na consciência.

Professor Edgard Santos
Enviado por Professor Edgard Santos em 20/11/2012
Reeditado em 28/11/2012
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