A Doença do Capitalismo

Todo negocio que não se fundamenta na verdade, na integridade de caráter por parte de seus donos, no bom-senso, tende ao fracasso.

Um exemplo de negocio que fracassará dentro de algumas poucas décadas, pois não segue as diretrizes acima, é a Coca-cola. Um negocio gigantesco, é verdade, a final, trata-se de uma multinacional, a qual se caracteriza como uma grande corporação, que como tal, dita moda, dita cultura, e se enraíza nos diversos segmentos sociais e humanos, de todas ou quase todas as localidades do globo. Porém, um negocio que se fundamenta na mentira, na falta de integridade de caráter e na falta de bom-senso, ou seja, tende ao fracasso.

O negocio da Coca-cola é basicamente a produção de refrigerantes, em especial, a coca-cola. Qualquer pessoa que tenha bom-senso, e a medicina está ai para provar, sabe que refrigerantes, e em especial, a coca-cola, é extremamente prejudicial a saúde, tanto quanto bebidas alcoólicas. Refrigerantes possuem alto teor de açúcar, o que pode a longo prazo gerar diabetes, obesidade, problemas cardíacos, e por ai vai, fora o fato de possuir uma dose de acidez que é extremamente prejudicial ao nosso aparelho digestivo, vindo a provocar gastrite, etc. São apenas alguns dos problemas, além é claro do fato de ser viciante, o que é um toque do fabricante, o responsável pelo seu sucesso, aliado a propagandas e mais propagandas, enganosas, as quais relacionam o seu consumo com o oposto do que o produto provoca, mas que endossa o sonho humano, ou seja, qualidade de vida, prosperidade, abundância, harmonia, entre outros.

Mas o fato é, por maior que seja o negocio, por mais longe que o mesmo tenha chegado, o simples fato de o mesmo não estar em conformidade com a diretriz aqui apresentada – verdade, integridade e bom-senso -, tende ao fracasso. Pois nada pode mudar a verdade, no caso da Coca-cola, o fato de seu produto ser prejudicial a saúde, e logo as doenças vão aparecer, ou melhor, já estão aparecendo, e as pessoas vão percebendo que foram enganadas, e vão percebendo a realidade por trás de toda a ilusão criada. Nada pode mudar isso, por maiores que sejam as forças que tentam inibir o decorrer desse processo, poderão no máximo retardá-lo, mas jamais estancá-lo, e detalhe, quanto mais tempo se insiste em retardar o processo de “conscientização humana”, maior será a reação das pessoas em relação aqueles que tentaram conter o processo.

Enfim. O fato é que a Coca-cola é apenas um exemplo, pois existem tantos outros negócios que se enquadram no mesmo caso, que vendem produtos ruins, nocivos, apesar de atribuir ao mesmo uma falsa imagem. Isso aconteceu com o cigarro, o qual teve sua ascensão no cinema, com os atores de Hollywood, e muitas outras propagandas, as quais sempre atrelavam o cigarro a fama, sucesso, dinheiro, independência, popularidade, etc., e claro, muitos foram vítimas dessas mentiras, muitos as tomaram como verdades, muitos jovens, adolescentes, ingênuos, desesperados, que almejavam a conquista de todas essas promessas, que acreditaram serem essas coisas que os atores de Hollywood transmitiam, coisas verdadeiras, essenciais, todos foram vítimas. Milhões e milhões de viciados, milhões e milhões de doentes, milhões de mortos, milhões de conflitos, toda uma sociedade, o mundo inteiro, vítima de uma peste. Mas aos poucos as pessoas vão se conscientizando, resta sempre alguns viciados, alguns que insistem em manterem aqueles que se tornaram maus hábitos, que conservam o orgulho, a teimosia, mas que inexoravelmente, morrerão, pois tudo gera uma conseqüência, e uma coisa ruim não poderá gerar uma conseqüência que não seja ruim.

O mundo capitalista, no auge de seu desenvolvimento, nessa atribuição de poder desmedido aqueles que possuem dinheiro, capital, a força motriz do sistema, acabou por desenvolver formas engenhosas, formas cada vez mais sofisticadas e megalomaníacas de influencia.

No inicio tínhamos o escambo como forma de aquisição de produtos não produzidos por nós, depois com o advento da idéia de dinheiro, moeda – a atribuição de valor a um dado objeto ou material -, passamos a ter o comércio. Havia o feirante, ou o simples vendedor, que por ter algum produto em excesso, um produto que ele mesmo produzia, tentava vendê-lo, primeiramente em sua própria propriedade, depois, em espaços públicos, de maior visibilidade – as feiras. A forma de vender era muito rudimentar, e foi variando, foi-se pensando na forma de anunciar o produto, na forma de expor o produto. Com o tempo trabalhou-se a forma de apresentar o produto, formas de modificar o produto, formas de produzi-lo, depois formas de anunciá-lo, propagandas, parcerias, associações, aquisições, expansões, relações, construção, destruição, guerras, batalhas, mortes.

A história da humanidade pode ser resumida a história de ascensão de um simples vendedor. O fato é que uma grande corporação atua em toda a cadeia que envolve o seu produto, atua em formas sofisticadas de produção e em formas sofisticadas de propaganda.

A produção evoluiu da simples manufatura, produção manual, rudimentar, em pequena escala, para a produção em larga escala, a produção realizada por máquinas, produção contaminada por agrotóxicos – no caso dos produtos agrícolas -, pois a ordem é produzir mais com o menor custo, e esse é o alvo, sendo toda a integridade de caráter deixada de lado, não importando se o tomate está contaminado por produtos químicos usados no combate a pragas, ou adubos químicos que aceleram o seu desenvolvimento, crescimento, e o deixa imune as adversidades da natureza no momento do seu cultivo, pois o que interessa é que o tomate seja robusto, tenha uma cor viva, um aspecto agradável aos olhos. Os químicos se encarregam de fazer as devidas manipulações na estrutura do vegetal, de modo a atribuir ao mesmo sabor agradável e tudo o que se deseja que o mesmo tenha, e assim, os olhos são enganados, o paladar é enganado, o tato é enganado, mas o estômago não, a saúde não, e as doenças vão aparecendo, se desenvolvendo, se agravando, os cânceres da vida.

As propagandas, além dos aspectos ilusórios anexados a estrutura do produto, a sua aparência, também compreendem a opinião dos ídolos da sociedade, a opinião comprada, dita num comercial de televisão: “eu gosto”, “eu uso”, “eu recomendo”, etc. Trata-se do vendedor ideal, aquele ou aquela pessoa a quem admiro, que me faz esquecer por um momento o produto, a não prestar ao mesmo a devida atenção.

São diversos os veículos de comunicação que anunciam os produtos, a mídia é a feira da contemporaneidade, em tudo há anúncios, há propagandas, os escrúpulos foram deixados de lado, pois o que importa é vender o produto, custe o que custar.

Mas as grandes corporações foram além, não se limitam a rádios, TV, cinema, revistas, jornais, internet, etc. As grandes corporações são audaciosas, elas constroem as suas necessidades. Ela diz: “Você precisa beber coca-cola”, “você não vive sem um smartphone”, “você quer um notebook”. São imperativas, pois atuam em todos os segmentos da cadeia, não se restringem apenas ao produto, mas procuram mudar os clientes, os consumidores, despertar no mesmo o desejo, a vontade, a cobiça, o interesse, a necessidade.

Dessa maneira, o sistema fica automatizado, e a preocupação maior é apenas a produção, pois tenho uma sociedade que é viciada em coca-cola, que pensa que coca-cola é “a bebida”, que “é o máximo beber coca-cola”, pois todas as suas necessidades, vontades, desejos, foram convergidos em uma única ação: “beba coca-cola”.

E temos uma sociedade limitada, pouco pensante, pobre demais, de espírito enrijecido, pois é mais conveniente que assim seja, são os consumidores ideais, aqueles que você nem precisa oferecer seu produto, eles vão até ele, e se você tiver de oferecer seu produto, os clientes o comprarão no mesmo instante, sem qualquer esforço de persuasão, pois o cliente não pensa, não avalia, apenas compra, pois são consumidores, apenas consumidores, que consomem, consomem, e consomem, vorazmente, compulsivamente.

Essa é a nossa sociedade doente.

Itaci ISC
Enviado por Itaci ISC em 11/11/2012
Código do texto: T3979995
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