Querido Diário

Os senhores do poder querem me entreter mantendo-me sempre entre o passado e o futuro, ou seja, vivendo apenas o presente. O ensino é uma bosta e a proposta é criar um tal de ENEM, e eu nem aí. Cadeiras desconfortáveis para minhas pernas, que mais tarde precisam chutar uma bola. Cadeiras confortáveis o bastante para velar meu sono durante as aulas. Hora do recreio com dez minutos para mim é coisa de criança, pois já sou adulto e hora do recreio para mim é o dia todo, é tudo. Meu debate é sobre Corrupção... Corrupção da arbitragem que não marcou aquele pênalti no fim de semana. Eu deixo a fome para depois, pois sou forte, agora vou assistir o Globo Esporte. Vou ser Universitário e conseguir minhas respostas, tudo bem que não estudei, entrei nas cotas, mas isso não importa. Os fins justificam os meios e Maquiavel treme no caixão. Seria esse o início de um Apocalipse Zumbi? Zumbis da moda, motherfucker; Zumbis da televisão, visão teleguiada; Zumbis do Sistema, sem sistema nervoso. Já que zumbis comem cérebros, vamos vender os nossos. O Jornal me mostra a realidade, mas a Novela massageia minha personalidade. Ano de política, ano de cinema; a sétima arte dá sete faces aos candidatos. Voto Facultativo é o pesadelo do Executivo. Voto Obrigatório é Ditatório!? Não posso falar! Sou intelectual, minha faculdade é privada,mas minhas fotos com cigarro na boca são públicas.Minha foto no facebook é maneira, tenho amigos que nunca vou ver a vida inteira. Minhas roupas escuras são legais, minhas bandas são racionais, posto frases de efeito nas redes sociais. Um clique, uma Revolução; um chilique, uma depressão. Combato a violência, o tráfico de drogas, a corrupção, o racismo e todo o mal, mas em horário de pico furo fila no Terminal. Sou um cidadão brasileiro, não sei de devo saber o que é dever, mas entendo todos os meus direitos: direito a pão e circo. Meu país vai ter Copa do Mundo, mundo do ricos. Não estou na lista e convocados da seleção, pois sou turista de minha própria nação. Não importa minha classe na escola, pois minha classe social sempre será a mesma; minha mente é um lápis sem ponta; meu passado está sem borracha; meu futuro é um caderno rasurado; minha barriga é uma mochila vazia. Sou filósofo, invento a indagação: "Ser o não ser, eis a questão, Cearamor ou Leão?" 'Alegria' e 'Felicidade', nunca saberei a diferença. TV aberta fecha a mente; TV por assinatura, suspiros da cultura... "Agora, vamos para os comerciais."