E NEM vem que não tem

E NEM vem que não tem.

A imprensa anunciou no início de novembro de 2012 que pelo menos 95 universidades aceitam o exame do ENEM como critério para aprovação de estudantes em busca de uma carreira superior.

Imagino que tal motivo esteja baseado em dois alicerces:

a) Economia para a instituição que deixa de montar um vestibular.

b) Dar credibilidade política ao programa ENEM.

Até meados da década de 90, os vestibulares eram preparados com muito rigor devido à baixa quantidade de vagas para enormes glebas de estudantes (tipo 1/100).

Contudo, pela podre estrutura educacional da maioria das prefeituras nacionais (para esconder sua fragilidade até aprovavam alunos com média ZERO no ensino fundamental - hoje ainda exigem que saibam assinar o nome, data de nascimento e somar duas parcelas menores que 10), a quantidade de candidatos despreparados aumentou muito a ponto de sobrarem vagas em muitas carreiras.

O despreparo visível de nossos atuais estudantes (basta ver as respostas pavorosas dos últimos ENEMs) revela a acentuada queda de qualidade (proposital) das metodologias de ensino para evitar que possamos abrir as mentes das próximas gerações no sentido de perceberem o quanto nosso povo foi iludido por sucessivos governantes inescrupulosos.

Tal queda, na minha visão, deve-se à culpa dos seguintes segmentos:

Governantes = 45% - por desejarem manter as comunidades sob o manto da ignorância desacreditam os audazes Professores com salários pífios e instalações inadequadas. Futuros reprovados que se tornarão escravos dos níqueis.

Professores = 30% - perderam o entusiasmo e se acomodaram nos últimos 30 anos diante deste processo aterrorizante. Pelas mentes brilhantes que possuem, nos surpreendem por não saberem criar uma cruzada cívica para defender a carreira mais importante do país.

Responsáveis pelos herdeiros = 24,5% - por não protestarem contra o futuro programado para seus filhos e deixarem para 3º plano a maior riqueza que se pode oferecer às crianças. Em primeiro plano ficam: seus carros, os sambas e as novelas. Em 2º plano as academias e as praias. Complementado pelo “cultural” Big Besta Brasil.

Anjos = 0,5% - talvez pelo afastamento do povo numa fé pura, pretendem nos castigar e estão largando as crianças inocentes nas mãos de seus amigos “mouses”, que os transportam para dentro de uma realidade apoiada em bolhas de sonhos que os deixam frustrados quando “acordam” e percebem que precisam respeitar os Professores, precisam arrumar o quarto e tomar banho. Baseados no “estaputo do menor”, cometem deslizes a título de diversão sem perceberem que estão sendo arrastados para o buraco negro da ignorância que vai lhes oferecer ingresso apenas num mundo desprovido de todas as fantasias exibidas nas telas de LCD .

Nossa sociedade é um colosso. Sobrevive no fundo do poço.

Haroldo P. Barboza – Vila Isabel / RJ

Autor dos livros: Brinque e cresça feliz / Sinuca de bico na cuca